Imagem ilustrativa da imagem ESPAÇO ABERTO - A indústria brasileira precisa ter um projeto de desenvolvimento
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Uma transição no setor industrial que precisa ser feita com urgência, sob o risco de perdermos ainda mais espaço na economia brasileira.

Conforme publicado dias atrás na revista IstoÉDinheiro, nos últimos dez anos, segundo o IBGE, o PIB do país cresceu a um ritmo médio de 1% ao ano. No mesmo período, a indústria encolheu 1,6% anualmente, em média. Já a agricultura, na mesma comparação, avançou a uma velocidade de 3,6%. Ou seja, estamos enaltecendo as lavouras – indiscutivelmente importantes –, mas não podemos virar as costas para as linhas de produção, pois são economias complementares. Em 25 anos, a participação da indústria no PIB, que era de 50%, caiu pela metade. A indústria de transformação desabou de 20% para 11%.

Estes números mostram que há algo muito errado acontecendo na condução da economia do País. Ou melhor, na falta de um projeto adequado para a economia.

Até os anos 1980, o Brasil não admitia abrir as fronteiras para a competitividade internacional para vários segmentos da indústria. Entidades e grupos empresariais exigiam o famoso protecionismo. Isso só começou a mudar no governo Collor. Muitos ainda se lembram que o então presidente chamou os carros brasileiros de “carroças”, e iniciou a abertura para o mercado internacional.

No entanto, nem no governo dele, nem nos governos seguintes houve a elaboração de um projeto consistente para o desenvolvimento da indústria nacional. O que temos visto desde então e com muita frequência são subsídios dados para ou setores ou grupos empresariais, deixando de fora os que não têm voz, ou não conseguem articular lobbies.

O resultado desta falta de planejamento é a evidente desindustrialização do país. Não é uma falácia. Os números da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) comprovam o que todos já perceberam.

No ano passado, 5,5 mil fábricas encerraram suas atividades em todo o país. Em 2015, o Brasil tinha 384,7 mil estabelecimentos industriais e, no fim do ano passado, a estimativa era de que o número tinha caído para 348,1 mil. Em seis anos, foram extintas 36,6 mil fábricas, o que equivale a uma média de 17 fábricas fechadas por dia no período.

Frear a desindustrialização não é fácil, mas é urgente. A indústria brasileira precisa estar apta a concorrer internacionalmente. Não há qualquer possibilidade de pensarmos apenas no mercado interno.

E para que isso ocorra todos precisam fazer a sua parte. As entidades empresariais devem trabalhar em conjunto com o governo exigindo não subsídios e favores para pequenos grupos, mas sim um projeto que atenda a necessidade de toda a indústria. Paralelo a isso é preciso que o governo também se comprometa efetivamente a reduzir o custo Brasil. Não podemos continuar convivendo com uma carga tributária que oscila sempre acima de 34%.

Não temos mais tempo a perder, do contrário a tendência é que a indústria continue sendo o patinho feio do Brasil, deixando de gerar a riqueza que tem potencial para produzir.

Fiquemos atentos.

Marcus Vinicius Gimenes, empresário e presidente do Sindimetal Norte-PR

A opinião que consta no artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Folha e é de responsabilidade do autor.

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