Imagem ilustrativa da imagem Desinformação torna o cidadão comum uma ameaça
| Foto: Gustavo Carneiro

O fato de um cidadão "comum" - pai, marido, trabalhador - perder o constrangimento ou a noção do certo e errado e partir para uma ameaça à vida de algumas das maiores autoridades da área de saúde do país merece uma reflexão mais aprofundada.

Simplesmente não é possível passar batido de uma análise social e política a atitude do homem que no dia 28 de outubro mandou e-mail ameaçando de morte os cinco diretores da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e autoridades do estado do Paraná caso a vacina contra a Covid-19 para crianças de 5 a 11 anos fosse aprovada.

Na mensagem encaminhada aos secretários estaduais da Saúde, Beto Preto, e da Educação e do Esporte, Renato Feder; e aos diretores da Anvisa, Antonio Barra Torres (diretor-presidente), Meiruze Sousa Freitas (segunda diretoria), Cristiane Rose Jourdan Gomes (terceira diretoria), Rômison Rodrigues Mota (quarta diretoria) e Alex Machado Campos (quinta diretoria), o homem caracteriza a vacina como “experimental” e classificou o imunizante como "ameaça à saúde e à integridade física" do filho.

Londrina começa a vacinar adolescentes de 14 a 17 anos

Nenhuma dessas afirmações é verdadeira, pois os imunizantes aprovados não são experimentais, já que foram submetidos a testes e têm a aprovação dos órgãos sanitários internacionais após passarem por estudos que obedecem a critérios rigorosos.

Butantan entra com novo pedido para aprovar uso da Coronavac a partir dos três anos

A mensagem dizia ainda: “Deixando bem claro para os responsáveis, de cima para baixo: quem ameaçar, quem atentar contra a segurança física do meu filho: (sic) será morto. Isto não é uma ameaça. Isto é um estabelecimento. Estou lhes notando por escrito porque não quero reclamações depois”, escreve, no e-mail.

A alusão feita neste trecho foi à suposta obrigatoriedade de vacinação contra a Covid-19 para a efetivação da matrícula escolar no Paraná, o que, pelo menos por enquanto, não ficou estabelecido pela Secretaria de Saúde do Estado

O episódio deve ser entendido como mais uma consequência da desinformação, um dos principais males da atualidade no Brasil e no mundo. A Polícia Civil do Estado do Paraná já identificou o autor das ameaças, que foi intimado e compareceu à delegacia na última quinta-feira (4) para prestar depoimento.

Sem fornecer à imprensa detalhes da investigação e nem a identidade do cidadão, a polícia relatou que ele se diz arrependido de ter feito as ameaças. O homem não foi preso e a investigação continua.

Nestes quase dois anos de pandemia do novo coronavírus, a desinformação vem atingindo níveis perigosíssimos, principalmente quando coloca em risco as campanhas de vacinação contra a Covid-19 e faz crescer uma desconfiança a respeito da ciência e das instituições sanitárias e de saúde, como é o caso da OMS (Organização Mundial da Saúde) e da Anvisa.

O compartilhamento de conteúdos na internet é capaz de comunicar com responsabilidade a sociedade sobre diversos assuntos, assim como espalhar notícias falsas. É preciso que o cidadão perceba quando a sua "bolha social" está informando ou desinformando.

Obrigado por ler a FOLHA!

Receba nossas notícias direto no seu celular! Envie também suas fotos para a seção 'A cidade fala'. Adicione o WhatsApp da FOLHA por meio do número (43) 99869-0068 ou pelo link wa.me/message/6WMTNSJARGMLL1.

mockup