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EDITORIAL 5m de leitura

Como a nova moeda mudou o País

ATUALIZAÇÃO
05 de julho de 2019

Folha de Londrina
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Quem tem mais de 40 anos lembra dos esforços que as famílias brasileiras faziam para driblar os efeitos da hiperinflação, o “dragão” que acabava rapidamente com os salários nos anos 1980 e 1990. Não é possível esquecer as maquininhas de remarcação trabalhando em ritmo frenético e a preocupação em estocar alimentos não perecíveis e material de limpeza. Os mais velhos também devem se lembrar que no dia 1º de julho de 1994 entrava em vigor uma nova moeda, o Real, que foi recebida com desconfiança, mas que acabou bem sucedida, acabando com a hiperinflação que em 1993 estava na casa dos dois mil por cento ao ano.

No Especial Transmídia deste fim de semana (6 e 7), a FOLHA relembra os 25 anos do Plano Real, criado no governo Itamar Franco, sob a tutela do então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso. Era um plano audacioso, que provocou mudanças como uma renegociação da dívida externa, preços e salários livres, além da aceleração do processo de privatização.

Mas havia um outro fator importante que ajudou no sucesso da moeda. A equipe econômica utilizou uma forte campanha de comunicação, extremamente didática, anunciando de antemão o que aconteceria. O brasileiro não foi pego de surpresa, como em outros planos. Conquistar a credibilidade e a confiança da população era um requisito básico.

Em entrevista exclusiva à FOLHA, um dos mentores do Plano Real, Pérsio Arida, contou os bastidores da criação da nova moeda. Lembrou que a essência do plano fazia parte de um trabalho acadêmico dele e de outro economista, André Lara Rezende. Para Arida, o plano não teve precedentes no mundo, tendo sido o único elaborado com base em uma moeda virtual de referência, a URV.

O jornal também reproduz a foto do avião trazendo as primeiras moedas de real a Londrina. Com um forte esquema de segurança, a aeronave descarregou 40 toneladas de moedas de 1, 5, 10 e 50 centavos.

O real mudou a realidade econômica no Brasil, criou um novo paradigma e deixou para a história a hiperinflação. A partir desse plano, o brasileiro voltou a ter confiança na moeda e mudou radicalmente os seus hábitos de consumo, seja no supermercado ou nas agências bancárias. Nestes 25 anos, é preciso destacar também os avanços sociais.

O vilão, no início da década de 1990 era a inflação. Hoje, outras dificuldades tiram o sono do brasileiro, como a alta taxa de desemprego e a estagnação da economia. Assim como o real quebrou paradigmas, o desafio agora é que o País consiga criar novamente um novo ciclo de crescimento.

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