Brasília - Em mais uma investida contra a vacinação infantil, o Ministério da Saúde contrariou a orientação de sua câmara técnica de assessoramento ao indicar a vacina contra a Covid-19 apenas para bebês com comorbidades.

Integrantes do grupo - composto por membros do ministério e de conselhos estaduais e municipais de Saúde, além de especialistas - afirmam que a vacina foi recomendada para todos os bebês que têm entre seis meses e quatro anos
Integrantes do grupo - composto por membros do ministério e de conselhos estaduais e municipais de Saúde, além de especialistas - afirmam que a vacina foi recomendada para todos os bebês que têm entre seis meses e quatro anos | Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Integrantes do grupo - composto por membros do ministério e de conselhos estaduais e municipais de Saúde, além de especialistas - afirmam que a vacina foi recomendada para todos os bebês que têm entre seis meses e quatro anos, e não só para aqueles com algum fator de risco.

Na semana passada, o ministério chegou a dizer que decidiu liberar a vacina apenas para as crianças com comorbidades " por recomendação da CTAI (Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização)". A informação foi reforçada pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, na segunda-feira (17).

Assessores da câmara ouvidos pela “Folha de S.Paulo” afirmam que a indicação da vacina para todas as crianças já tinha sido aprovada por unanimidade antes mesmo da decisão da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Mesmo assim, a orientação foi reforçada em reunião no dia 4 de outubro.

Segundo eles, a decisão de priorizar crianças e adultos com comorbidades só foi tomada no início da vacinação pela falta de doses. O grupo acrescenta que reforçou ao ministério a necessidade de que todos os bebês sejam vacinados contra a Covid, e não apenas aqueles com algum fator de risco.

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Para eles, ao anunciar que a vacina foi autorizada somente para crianças com comorbidades - ao contrário do que definiu a Anvisa -, o Ministério da Saúde confunde a população e faz com que pais fiquem com receio de vacinar os filhos, aumentando a resistência contra as vacinas.

A reportagem perguntou ao Ministério da Saúde a data da reunião em que a CTAI teria recomendado a vacina apenas para crianças com comorbidades, mas não houve resposta. A pasta enviou uma nova nota sobre a vacinação infantil, desta vez sem a informação de que a orientação foi da câmara técnica.

"Tendo em vista a decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e ouvida a Câmara Técnica de Assessoramento (CTAI), o Ministério da Saúde, de forma cautelar, autorizou a vacinação contra a Covid-19 em crianças de 6 meses a menores de 4 anos com algum tipo de comorbidade."

A vacina da Pfizer para crianças de seis meses a quatro anos foi liberada pela Anvisa em 16 de setembro, sem restrições, após análise técnica de dados e estudos clínicos conduzidos pelo laboratório.

O processo contou com a consulta e o acompanhamento de especialistas da Associação Brasileira de Saúde Coletiva, da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, da Sociedade Brasileira de Infectologia, da Sociedade Brasileira de Imunologia e da Sociedade Brasileira de Pediatria.

Na segunda (17), o ministério afirmou que a expectativa é que as doses cheguem ao Brasil na semana que vem. O contrato do governo federal com a Pfizer permite ajustes no tipo de vacina a ser recebida. Estima-se que hoje o país tenha um saldo de cerca de 35 milhões de doses.

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