Imagem ilustrativa da imagem TJ anula condenação de assassino confesso de jovem em praça de Londrina
| Foto: Rodolfo Salloum/Arquivo Folha

O Tribunal de Justiça do Paraná anulou a decisão que condenou Fernando Inácio Andrade, assassino confesso de Hannan José da Silva, pelo crime de latrocínio. Os desembargadores da 5ª Câmara Criminal entenderam que o crime poderia configurar um homicídio qualificado seguido de furto. Com a decisão, os autos devem voltar à Justiça de Londrina e o réu, passar por novo julgamento.

A apelação foi impetrada pela defesa, que pretendia a anulação da condenação ou a revisão da dosimetria da pena (cálculo feito para impor uma pena a um acusado condenado). Porém, ao analisar as provas e um parecer do Ministério Público, os desembargadores entenderam que não havia provas suficientes de que a intenção primária de Andrade era se apoderar do aparelho celular de Hannan, seguido de execução.

Se condenado novamente, a pena de Andrade pode ser reduzida, já que homicídio qualificado e furto têm penalidades menores que o crime de latrocínio. O rapaz havia sido condenado a mais de 20 anos de prisão e permanece detido no Complexo Médico-Penal, em Pinhais.

RELEMBRE O CASO

Hannan morreu no dia 22 de outubro de 2019, na Praça Rocha Pombo, no Centro de Londrina. Ele trabalhava no cinema de um shopping da zona leste de Londrina e saía do emprego às 23h. Mas, neste dia, não chegou em casa.

Na denúncia acatada pelo Tribunal do Júri, Hannan teria sido atraído por Andrade, que teria a intenção de tomar o celular do rapaz, um iPhone de sexta geração, e acabou matando-o por estrangulamento para ficar com o aparelho.

Andrade foi abordado na madrugada do mesmo dia pela Polícia Militar. na Rua Rio Grande do Norte, com o iPhone. Para a PM, o celular não condizia com a condição financeira dele, um morador de rua. Porém, sem notícia de furto de aparelhos similares, a PM o liberou, mas tirou uma foto do rapaz para possível investigação posterior.

Pelo aparelho, a PM chegou até a mãe de Hannan, que disse que, até as 3h daquele dia, o filho ainda não havia chegado do trabalho. O corpo foi encontrado na praça, na tarde do mesmo dia.

Diante da suspeita, Andrade foi detido e, em depoimento à Polícia Civil, admitiu o homicídio.. Além disso, teria confessado outro crime de cerca de uma semana antes, um assassinato praticado no Bosque Central, cometido com as mesmas características.

Segundo sua versão, Hannan o contratou para cometer atos libidinosos, mas, no decorrer da relação, houve um desentendimento e ele aplicou um “mata-leão” na vítima, seguido de enforcamento com uma corda.

A família e amigos alegam que Hannan se dizia assexual, ou seja, não sentia atração por nenhum tipo de gênero e, após a divulgação da versão do autor do crime, a mãe de Hannan deu várias entrevistas para reiterar o fato.

O MOMENTO DA AGRESSÃO

O “mata-leão” aplicado em Hannan foi gravado pela câmera de monitoramento da GM (Guarda Municipal), mas por breves 12 segundos – o equipamento gira para fazer imagens de toda a praça. Por isso, não foi possível identificar como se deu o encontro dos rapazes.

Com base na ausência de provas de que Andrade tinha a intenção primária de obter o celular para si, mesmo que precisasse matar o proprietário do aparelho, o Tribunal de Justiça acatou parcialmente o pedido da defesa e anulou a sentença, remetendo os autos para a Comarca de Londrina para novo julgamento.

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