Mais uma morte no centro de Londrina chama a atenção para a questão da segurança de locais públicos. Hannan José Silva, 21, foi encontrado morto na praça Rocha Pombo por volta das 13h desta terça-feira (22). O delegado-chefe da 10ª SDP (Subdivisão Policial), Osmir Neves, vê semelhanças do caso com a morte de Fábio Abila, 49, no Bosque Central, na segunda-feira passada (21). "Há similaridade como a questão do enforcamento e a opção sexual, mas ainda não se pode afirmar que os crimes estejam associados", declarou. Mais tarde, um suspeito foi preso e, segundo a Polícia, teria confessado a morte de Silva. O preso será apresentado nesta quarta (23) na 10ª SDP.

Polícia Civil ainda não soube precisar o horário da morte do jovem, mas relatou que ele foi enforcado
Polícia Civil ainda não soube precisar o horário da morte do jovem, mas relatou que ele foi enforcado | Foto: Ricardo Chicarelli

Silva fazia cursinho e trabalhava à noite no cinema de um shopping na zona leste. Deixava o trabalho às 23 horas e costumava voltar para casa a pé. Nesta segunda (21), ao sair esse horário, não chegou em casa. A família dele chegou a colocá-lo como desaparecido e divulgar fotos nas redes sociais à procura do jovem. Mas, no início da tarde, em meio a um grande grupo de pessoas que observavam os policiais isolarem a fonte da praça Rocha Pombo, o irmão de Silva identificou o corpo.

A Polícia Civil ainda não soube precisar o horário da morte do jovem, mas relatou que ele foi enforcado. Na madrugada em que o rapaz já tinha sido dado como desaparecido, policiais militares encontraram o celular dele com um andarilho na rua Rio Grande do Norte. A Polícia ainda tenta identificar esse indivíduo. Os pertences da vítima como chaves e óculos não foram roubados.

Hannan Silva pretendia ingressar na UEL (Universidade Estadual de Londrina) em jornalismo. Uma amiga do jovem disse à reportagem que o curso "era o sonho dele" e que pelas contas dos acertos com o gabarito do vestibular deste domingo (20), ele poderia ter passado para a 2ª fase. Segundo a amiga, Silva morava com a avó, nas proximidades do lago Igapó 4 e o estudante argumentava que seria mais rápido fazer o percurso a pé, do que pegar um ônibus.

A Polícia Civil não descarta nenhuma linha de investigação. Osmir Neves contou que há a hipótese de latrocínio (roubo seguido de morte) e de homicídio, linhas similares ao crime que vitimou Fábio Abila. A hipótese de homofobia, no caso de Abila, não estava descartada, mas não seria a principal linha de investigação, conforme o delegado de homicídios, João Reis, afirmou na semana passada. Crimes de ódio, segundo Reis, são caracterizados pela agressão. Para Neves há uma forma similar de execução das vítimas, como "cordão no pescoço, a opção sexual e os ambientes que os corpos foram localizados, frequentados por usuários de drogas e andarilhos".

CRIMES EM LOCAIS PÚBLICOS

Com os dois crimes em espaços públicos do centro da cidade, moradores e proprietários de escritórios no centro formaram um grupo para reivindicar mais segurança. "Estamos pensando em fazer uma passeata no sábado (26) e pedir medida judicial", como conta Marly Fagundes, 62.

Andar pelo centro à noite é algo que Silvana Aparecida Volpato, 54, proprietária de uma lanchonete na galeria Vila Rica, não faz pela falta de segurança e iluminação. Para o pároco da catedral, Rafael Solano, a morte de mais um homem no centro evidencia a violência e a falta de fraternidade das pessoas. "Falta muita tolerância. São muitos fatores que trazem esse conflito nesse ambiente e se não for organizado ninguém mais aguenta morar aqui. Temos que humanizar o centro de londrina, tornar menos agressivo, dialogar com a ordem pública, corporações e associações para saber o que está acontecendo".

A fraternidade das pessoas também é cobrada pelo coronel Pedro Ramos, secretário de Defesa Social do município. Para ele, é necessário que quem verificar qualquer tipo de situação ligue no 153 para relatar o que está acontecendo. "De qualquer forma a gente sempre dá um atendimento, registra a informação e verifica", disse.

Por meio de uma câmera que a Guarda Municipal mantém na praça Rocha Pombo foi possível ver um "desentendimento" no local por volta de meia-noite. As imagens foram repassadas à Polícia Civil, conforme explica Ramos.

A câmera não é fixa, ela alterna a visualização dos pontos de abrangência. "Temos esse tipo de câmera que registra e auxilia a Guarda. No momento da ligação podemos direcionar essa câmera manualmente", afirmou. "É preciso lembrar que temos inúmeras câmeras na cidade e fazemos o monitoramento de modo geral, mas só mediante acionamento que o guarda pode direcionar a câmera".