Quadrilha de desvio de cargas agia no Norte do Paraná
Três caminhoneiros suspeitos de integrar o grupo foram detidos em Bela Vista do Paraíso
PUBLICAÇÃO
segunda-feira, 07 de fevereiro de 2022
Três caminhoneiros suspeitos de integrar o grupo foram detidos em Bela Vista do Paraíso
Vítor Ogawa - Grupo Folha

Três prisões realizadas pela Operação Fake, que investiga o desvio de cargas por caminhoneiros, foram realizadas nesta segunda-feira (7) na Região Metropolitana de Londrina. A ação foi deflagrada pela seccional de Barretos da Polícia Civil de São Paulo. Os suspeitos foram detidos em Bela Vista do Paraíso. Outras duas prisões ocorreram em Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba, e em São Luís (MA).
A operação foi realizada em quatro estados contra caminhoneiros suspeitos de integrar uma quadrilha. Ao todo foram expedidos 56 mandados judiciais, dos quais 37 são de busca e apreensão e 19 de prisão temporária. De todos os mandados, 32 buscas e 17 alvos com prisão temporária foram no Paraná. Foram cumpridas medidas em cidades de São Paulo, do Paraná, do Maranhão e do Ceará.

No Paraná, estado apontado como provável base do grupo criminoso, a operação foi realizada em 14 cidades: Londrina, Apucarana, Arapongas, Balsa Nova, Bela Vista do Paraíso, Campo Largo, Cruzeiro do Oeste, Curitiba, Fazenda Rio Grande, Ibiporã, Mandirituba, Matinhos, Rolândia e São José dos Pinhais. Nos outros estados a operação foi deflagrada em Santa Bárbara D’Oeste (SP), Fortaleza (CE), São Luís (MA).
Denominada Operação Fake, o nome atribuído à operação da Polícia Civil remete à palavra inglesa correspondente a “falso”, em alusão às falsas comunicações de crimes e falsificações de boletins de ocorrência perpetradas pelos investigados.
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BO FALSO
Segundo o delegado Rafael Faria Domingos, titular da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Barretos e principal responsável pela operação, o processo de investigação teve início após uma empresa apresentar um boletim de ocorrência falso, que supostamente teria sido registrado na delegacia de Barretos.
O motorista apresentou o B.O. falso à empresa proprietária da carga, mas na realidade foi o próprio caminhoneiro quem desviou a carga de óleo a ele confiada. “Como identificamos que o documento era falso, começamos a cruzar dados, especialmente do motorista que figurava no BO e chegamos a esse número de 74 ocorrências falsas ou que noticiavam falsos roubos, entre os anos de 2019 e 2020, atribuídas à quadrilha.”
PREJUÍZO
O prejuízo causado nesses 74 desvios é estimado em R$ 4 milhões. “Os valores que eles recebiam eram relativamente baixos e por esse motivo não houve evolução patrimonial muito alta dos motoristas”, destacou. O grupo não fazia o desvio de produtos eletrônicos.
O delegado ressaltou que a base das operações da quadrilha era provavelmente no Paraná, porque eles atuavam da mesma maneira. “Todos os envolvidos têm relação com o estado do Paraná. A operação ocorreu em quatro estados, porque nós tivemos ao longo da investigação alguns envolvidos que se mudaram para esses outros estados, mas na verdade, esses golpes ocorreram no estado de São Paulo e todos os envolvidos estavam de alguma forma ligados ao estado do Paraná, por já terem residido aqui em algum período”, apontou.
Ele ressaltou que a investigação não identificou que o grupo possua depósitos ou armazéns para estocar as mercadorias. “Eles não armazenavam os produtos, mas entregavam diretamente aos receptadores, que eram supermercados ou mercearias. As investigações prosseguem para identificar quem eram esses receptadores. A primeira fase da operação foi em relação aos motoristas, mas as investigações continuam para apurar quem eram essas pessoas que adquiriam a carga roubada”, declarou.
Domingos ressaltou que não há transportadora envolvida no esquema criminoso. “Eles atuavam de forma autônoma. Eles tinham ligação entre eles, especialmente pelo fato de que muitas vezes compartilhavam os mesmos caminhões e as mesmas carretas.”
CINCO PRISÕES
Dos 19 mandados de prisão temporária, apenas cinco foram cumpridos. “Em razão da profissão deles, conseguimos cumprir cinco mandados de prisões temporárias, porque a maior parte dos motoristas estava em viagem. Em relação aos objetos que apreendemos, foram colhidos documentos de cargas e os aparelhos celulares que foram encontrados”, expôs.
Como a investigação fez um recorte dos anos de 2019 e 2020, o delegado acredita que os prejuízos podem ter sido muito maiores. “A investigação prossegue. Já temos notícia de outros caminhoneiros atuando da mesma forma”, afirmou.
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