A PF (Polícia Federal) deflagrou na sexta-feira (21) a Operação Interceptor, cujo objetivo foi desarticular uma organização criminosa formada por falsos policiais conhecidos como “piratas do asfalto” que é suspeita de cometer assaltos em rodovias contra traficantes e contrabandistas. Segundo o delegado Rafael Favreto Machado, da PF de Guaíra, a importância da ação não é só "relacionada às possíveis vítimas, que são traficantes e contrabandistas".

“A questão é a gravidade das atividades desempenhadas por essas pessoas que utilizam uniformes da Polícia Federal e outras forças segurança e acabam confundindo a sociedade, já que os bandidos agem com extrema agressividade e acabam contribuindo para aumentar ainda mais a violência aqui na região de fronteira”, destacou.

Bandidos usavam uniformes e viaturas falsas e fazem bloqueios nas rodovias a partir da obtenção de informações de outros criminosos.
Bandidos usavam uniformes e viaturas falsas e fazem bloqueios nas rodovias a partir da obtenção de informações de outros criminosos. | Foto: Divulgação/Polícia Federal

“Para a realização desses assaltos faziam uso de armas de grosso calibre, armas longas, submetralhadoras e kit rajadas- para deixar pistolas com capacidade de realizar disparos sequenciais rapidamente. Nos primeiros segundos as vítimas já identificavam que não eram policiais, mas pessoas travestidas de policiais.” A quadrilha agia de forma agressiva, com muita violência, para conseguir o intento deles de subtrair as mercadorias.

QUATRO CIDADES

Segundo a PF, cerca de 60 policiais participam da operação em quatro cidades das regiões Oeste e Noroeste. Iniciada há seis meses pela delegacia da PF em Guaíra, a investigação aponta que, além de roubos, o grupo praticava outros crimes na região de fronteira entre Paraná e Paraguai, como tráfico internacional de drogas, armas, contrabando e descaminho de eletrônicos e medicamentos.

“A investigação começou a partir dos piratas da região da fronteira. Eles usam uniformes e viaturas falsas e fazem bloqueios nas rodovias a partir da obtenção de informações de outros criminosos. Eles sabiam quais veículos carregavam drogas, armas e eletrônicos. Ao fazer a interceptação desses veículos, cometeram roubos com extrema violência e agressividade”, destacou o delegado .

SÃO PAULO, LONDRINA E MARINGÁ

Favreto aponta que os receptadores das mercadorias ficavam principalmente em Cianorte e, a partir dali, se fazia a revenda pela internet ou por outros meios para São Paulo, Londrina e Maringá. “A especialidade deles era o roubo de eletrônicos, que é a mercadoria mais fácil de fazer a revenda e davam preferência aos telefones celulares, por conta da facilidade de comercializar”, apontou.

“Identificamos mais de uma dezena de pessoas envolvidas nisso, mas angariamos elementos para solicitar à Justiça Federal de Guaíra a prisão preventiva de sete pessoas em Cianorte, Umuarama e Terra Roxa, além de Guaíra envolvidas nas atividades de roubo e também de um receptador e de um braço operacional na cidade de Umuarama que fazia o transporte das mercadorias roubadas, ou seja, nove indivíduos. Na ação de hoje (sexta, 21), dois já se encontravam presos decorrentes de alguns flagrantes que ocorreram na investigação e nesta sexta-feira efetivamente foram presos quatro e um está foragido”, destacou o delegado.

MANDADOS

A polícia ainda emitiu 11 mandados de busca e apreensão. A Justiça autorizou o sequestro de pelo menos cinco imóveis adquiridos pelos investigados, dois deles de alto padrão e três de nível médio, mas inconsistente com as atividades realizadas pelos seus proprietários. Quinze veículos foram apreendidos, 19 contas bancárias próprias e 53 contas bancárias de laranjas foram bloqueadas com o objetivo de descapitalizar o grupo. Fora os bloqueios das contas bancárias das pessoas, a Polícia Federal apreendeu R$ 40 mil em espécie, armas curtas e longas adaptadas para aumentar o poder lesivo. Algumas com kit rajada e com adaptador para submetralhadora. Também foram apreendidos coletes balísticos e uniformes semelhantes aos que são utilizados pela polícia, além de outros acessórios.

A investigação revelou, ainda, que grupo fazia remessas semanais de valores através de depósitos bancários para uma facção criminosa sediada em São Paulo e com ramificações na região de fronteira com o Paraguai. “O pessoal que fazia a aquisição desses produtos tinha movimentação financeira considerável, faziam remessas antecipadas de dinheiro para esses piratas para garantir exclusividade na compra dos produtos e fomentar a cometer mais e mais roubos. Para o receptador era interessante, porque o preço era muito mais baixo”, apontou.

Cada pagamento antecipado girava entre R$10 mil e R$30 mil. “Mas uma das cargas que interceptaram entre dezembro e janeiro do ano passado eles pagaram R$ 200 mil. Consta que venderam essa mesma carga em São Paulo e arrecadaram R$700 mil.” Ainda segundo o delegado, o principal receptador e operador financeiro do grupo apresentou movimentação que ultrapassou R$ 9 milhões apenas nos últimos seis meses, de entrada e saída das contas, mas não só com as ações dos piratas, mas de outras atividades ilícitas que estavam envolvidos.

Essa atuação, pelo que se conseguiu levantar, vem de vários anos. “Uma característica dessa organização é que havia uma simbiose de contribuir com facções criminosas. Não que ela fosse membro dessas facções ou que trabalhasse em prol delas, mas alguns dos membros faziam contribuições a essas organizações”, destacou.

PERÍCIA

Os telefones apreendidos também serão periciados e podem levar a desdobramentos da operação. "As investigações irão continuar. É possível levantar mais envolvidos pelos celulares. Todo material será analisado e, se houver mais envolvidos, serão chamados pela Polícia Federal a responder pelos seus atos", concluiu o delegado.

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Cerca de R$ 40 mil em espécie foram apreendidos pelos policiais.
Cerca de R$ 40 mil em espécie foram apreendidos pelos policiais. | Foto: Divulgação/Polícia Federal
Cerca de R$ 40 mil em espécie foram apreendidos pelos policiais.
Cerca de R$ 40 mil em espécie foram apreendidos pelos policiais. | Foto: Divulgação/Polícia Federal
Também foram apreendidos coletes balísticos e uniformes semelhantes aos que são utilizados pela polícia, além de outros acessórios.
Também foram apreendidos coletes balísticos e uniformes semelhantes aos que são utilizados pela polícia, além de outros acessórios. | Foto: Divulgação/Polícia Federal