O sol e o forte calor não espantaram o público, que lotou o Parque de Exposições Governador Ney Braga neste domingo (10), último dia da ExpoLondrina 2022. Desde a abertura dos portões, pela manhã, o movimento era grande e se intensificou ainda mais no decorrer da tarde. Após dois anos sem que o evento pudesse ser realizado por causa da pandemia de Covid-19, o número de visitantes da 60ª edição do evento superou a expectativa dos organizadores que estimam resultados acima dos registrados na edição anterior, de 2019.

ExpoLondrina se consolida como o evento mais importante do setor de ovinos e caprinos da Região Sul do Brasil
ExpoLondrina se consolida como o evento mais importante do setor de ovinos e caprinos da Região Sul do Brasil | Foto: Roberto Custódio -

O balanço do volume de negócios e público acumulado nos dez dias de feira só deverá ser divulgado em alguns dias, mas o presidente da SRP (Sociedade Rural do Paraná), Antônio Sampaio, não escondeu a satisfação ao comentar a resposta dos expositores e frequentadores. A entidade organizadora do evento iniciou os preparativos para a 60ª ExpoLondrina cautelosa em razão da pandemia, que ainda não chegou ao fim, mas Sampaio avalia que todas as decisões foram acertadas. “Contávamos com uma demanda reprimida, mas não contávamos que fosse desse tamanho. Nem no meu delírio mais otimista eu conseguiria prever isso.”

Até mesmo o calor não desanimou o público, que enfrentou filas para participar das atrações do parque de diversões
Até mesmo o calor não desanimou o público, que enfrentou filas para participar das atrações do parque de diversões | Foto: Roberto Custódio -

Em 2019, a ExpoLondrina atraiu mais de 464 mil visitantes e Sampaio acredita que o balanço do evento neste ano trará um número maior do que o registrado na edição anterior da feira. “Com certeza, vai superar os números de 2019, o que para nós é uma surpresa. Uma das grandes dúvidas que nós tínhamos era como as pessoas estavam financeiramente porque as pessoas vêm para se divertir, mas toda diversão custa. Mas foi impressionante. No sábado (9), a 1 hora da manhã, todas as barracas de alimentação estavam com fila”, comentou.

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Sampaio destacou ainda que além dos fatores econômicos, questões técnicas também eram uma preocupação para os organizadores, como o controle de febre aftosa, que impediu a vinda de bovinos de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, reduzindo o número de animais em exposição. O número de equinos expostos na feira também diminuiu nesta edição, mas Sampaio disse que a redução da quantidade foi compensada pelo aumento na qualidade.

Luiz Vilardo Ruzza foi pela primeira vez com a família na exposição e gostou da experiência. "Elas (filhas) brincaram no parque, apreciaram os animais, a Fazendinha, o bicho da seda”, contou
Luiz Vilardo Ruzza foi pela primeira vez com a família na exposição e gostou da experiência. "Elas (filhas) brincaram no parque, apreciaram os animais, a Fazendinha, o bicho da seda”, contou | Foto: Roberto Custódio -

O administrador de empresas Luiz Vilardo Ruzza mudou-se para Lodrina há quatro anos e essa foi a primeira vez que a família visitou a ExpoLondrina. Acompanhado da esposa, das duas filhas e de uma amiga das crianças, ele chegou pela manhã ao parque e aproveitou para conhecer todos os espaços. “As crianças não tinham tido essa experiência aqui ainda. Hoje foi o primeiro dia e está sendo bastante positivo, a gente tem gostado bastante. Elas brincaram no parque, apreciaram os animais, a Fazendinha, o bicho da seda”, contou.

Dulcilei Martins se habituou a visitar a ExpoLondrina todos os anos: “Deu saudade, faz bastante falta"
Dulcilei Martins se habituou a visitar a ExpoLondrina todos os anos: “Deu saudade, faz bastante falta" | Foto: Roberto Custódio -

Desde que os filhos eram pequenos, a babá Dulcilei Martins se habituou a visitar a ExpoLondrina todos os anos. Com a pandemia e a suspensão da feira por dois anos consecutivos, ela sentiu falta e estava na expectativa para retornar ao evento neste ano. “Deu saudade, faz bastante falta. Vim para ficar o domingo todo e está muito boa, a feira. O atendimento, as atrações, está tudo muito bom, só os preços que estão um pouco altos, mas a gente entende porque subiu tudo.”

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Feira se consolida no setor de ovinos e caprinos

A feira que sempre trouxe para o parque um grande número de exemplares e variadas raças de bovinos, nos últimos anos viu crescer a quantidade de ovinos e caprinos em exposição. Antes da pandemia, a ExpoLondrina chegou a reunir 1,2 mil cabeças das duas espécies e nesta edição do evento, mesmo com a redução para cerca de 650 exemplares, as ovelhas e as cabras representam a maior parte dos animais expostos.

Mesmo com a guerra entre Rússia e Ucrânia, que elevou o preço do óleo diesel e de outros insumos e fez criadores de fora do Paraná desistirem de participar da feira, a ExpoLondrina se consolida como o evento mais importante do setor de ovinos e caprinos da Região Sul do país. Esta edição chega ao fim com uma comercialização em torno de R$ 1 milhão, de acordo com cálculos do diretor de Ovinocaprinocultura da SRP (Sociedade Rural do Paraná), Luiz Fernando Cunha Filho. Segundo ele, em 2022 a feira registrou recorde de preço, com dois exemplares vendidos a R$ 33 mil cada um durante o Leilão Cordeiro Medalha, que contempla as duas espécies. Um dos animais, um ovino da raça White Dorper, era de um produtor de Apucarana (Norte). A média de preços ficou acima de R$ 12 mil.

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A criação de ovinos já está estabelecida e enraizada no Paraná, que soma em torno de 900 mil cabeças. O Estado possui cooperativas que comercializam essa carne, muito apreciada pelos consumidores. A criação de ovinos, ressaltou Cunha, começa a enveredar pelo mesmo caminho. Em fazendas paranaenses, existem hoje cerca de 60 mil animais da espécie. “Estamos aumentando a criação de caprinos, animal de carne muito saborosa, mas que o pessoal da Região Sul ainda não conhece, mas quando prova, se apaixona.” As mini cabras também têm feito sucesso, principalmente entre as crianças, que podem criar o animal em apartamentos, como pet.

“Estamos em um momento pós-pandemia, tem a guerra da Ucrânia, foram muitas adversidades. Mas a gente viu que o setor continua forte. A venda de animais foi impressionante tanto em leilão quanto animais em baia. A gente não esperava tudo isso. Há uma recuperação do setor frente a pandemia que nos deixou muito contentes”, avaliou Cunha.(S.S.)

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