O presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), marcou presença na 60ª Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina nesta sexta-feira (8) à noite e discursou da arquibancada da pista central do parque Governador Ney Braga. Em tom de campanha, Bolsonaro falou por apenas quatro minutos, tempo em que destacou ações do Executivo para o agronegócio, como a redução das multas ambientais em propriedades rurais, e voltou a defender o porte de armas. Ele não citou adversários da disputa eleitoral.

Bolsonaro fez um discurso voltado aos produtores rurais. "Primeiro reduzimos drasticamente a multagem no campo, deixamos de ser uma indústria da multa. A multa deixou de ser utilizada como projeto de poder e também tiramos dinheiro de ONGs que abasteciam o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Os assentados passaram a ter o título da sua terra. E nós garantimos que o homem e a mulher de bem pudessem cada vez mais se armar. O povo armado jamais será escravizado."

Bolsonaro ainda afirmou que o Brasil tem enfrentados as crise graças aos resultados do agronegócio. "Atravessamos uma pandemia, uma crise e uma guerra, geada e seca, mas estamos vencendo esses obstáculos. O Brasil no mundo é o que mais vem comportando a sua economia. Assim sendo, o trabalho de vocês está levando a economia e o governo não atrapalha quem quer produzir."

Imagem ilustrativa da imagem Bolsonaro faz discurso em tom de campanha na ExpoLondrina
| Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

Para apoiadores, Bolsonaro, que é pré-candidato à reeleição, frisou a necessidade de continuidade do seu governo. "O tempo de outrora de corrupção e desmando acabou. Tenho orgulho de ter uma equipe técnica ao nosso lado. Agradeço também à Câmara e ao Senado. Ninguém faz nada sozinho, agradeço a todos vocês pela oportunidade e confiança mim no passado. Mas isso não acabou e isso tem que continuar", afirmou, ignorou as denúncias de corrupção que vêm marcando sua gestão, como as que envolvem suposto superfaturamento na compra da vacina indiana Covaxin e a suspeita de intermediação de pastores sem cargo no governo para a liberação de verbas no Ministério da Educação, mediante pagamento de propina. Esse esquema derrubou o ministro Milton Ribeiro.

COMITIVA

O presidente da Sociedade Rural do Paraná, Antonio Sampaio, recebeu a comitiva presidencial, que contava ainda com o ministro do Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Marcos Montes, e o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, além dos deputados federais Filipe Barros (PL), Diego Garcia (Republicanos) e Ricardo Barros (PP), que é o líder do presidente na Câmara dos Deputados. Já a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, que tinha acompanhado o presidente nos eventos em três cidades do Rio Grande do Sul na sexta, antes da vinda a Londrina, não esteve na feira. A esposa do presidente participou de uma ação no Hospital do Câncer de Londrina. Não houve uma cerimônia protocolar antes do discurso do presidente, que chegou ao parque por volta das 20 horas, vindo direto do Aeroporto Governador José Richa. Apoiadores e os deputados que o trouxeram lideraram os discursos, deixando de lado o cerimonial da própria SRP. A imprensa ficou confinada num espaço com pouca visão do local onde o presidente estava. As ruas por onde Bolsonaro passou pelo parque foram cercadas de grades, o que não impediu seu contato com os apoiadores.

BOAS VINDAS

No aeroporto, o presidente foi recepcionado pelo prefeito de Londrina, Marcelo Belinati (PP). "Bem-vindo a Londrina, presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, escreveu Belinati no Instagram. O prefeito também havia recebido no início de março o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e foi criticado por isso, inclusive por vereadores bolsonaristas e pelo deputado Filipe Barros. Já na ExpoLondrina, o parlamentar subiu o tom, relembrando a vinda a Londrina de Lula, que é o principal adversário de Bolsonaro na disputa eleitoral. "O presidente Jair Bolsonaro ainda neste primeiro semestre vai dar o título de propriedade a todas as pessoas daquele assentamento, libertando aquelas famílias da escravidão do MST. O Requião (ex-governado Roberto Requião, PT) disse que só daria o título se fosse assinado por Deus, mas eu digo presidente que não será por Deus, mas será pelo presidente Messias Bolsonaro". O discurso foi em referência ao evento que o ex-presidente participou no assentamento Eli Vive, no distrito rural de Lerroville.

Depois de discursar na pista central, Bolsonaro compareceu ao recinto de shows e rodeios João Milanez, onde assistiu a uma parte do rodeio com a montaria de três touros e depois subiu no cavalo e deu duas voltas na Arena. A imprensa não teve acesso ao local. Neste sábado (9), após passar a noite em um hotel no centro de Londrina, Bolsonaro irá assistir a uma missa marcada para as 10h30 no Santuário São Miguel Arcanjo, em Bandeirantes (Norte Pioneiro). A presença do presidente na motociata de Andirá não foi confirmada pela assessoria do Palácio. Essa foi a primeira visita oficial do presidente a Londrina. Sua última vinda à cidade ocorreu em 2017, quando ainda era deputado federal.