O delegado Roberto Hummig, do 4º Distrito Policial, concluiu nesta terça-feira (14) o inquérito da morte de Sandra Mara Curti, 43 anos, assassinada a facadas pelo ex-marido, o açougueiro Alan Borges. O entendimento foi de que o acusado, que confessou o crime, deve ser processado por feminicídio triplamente qualificado. O caso foi enviado ao Ministério Público, que pode ou não oferecer denúncia.

Hummig não foi localizado para dar entrevista, mas a reportagem teve acesso ao relatório de indiciamento. A Polícia Civil compreendeu que a vítima foi morta por motivo fútil e meio cruel. Na primeira oportunidade que teve para se explicar, horas após ser preso em flagrante, Borges disse que "havia perdido a cabeça". A pedido da defesa, ele foi interrogado novamente nesta terça. Sandra foi assassinada na frente dos dois filhos na casa onde morava, na zona leste da cidade.

Imagem ilustrativa da imagem Polícia indicia açougueiro que matou ex-mulher a facadas em Londrina
| Foto: Arquivo FOLHA

Os advogados Alexandre Aquino e Anna Patrícia de Arruda Deliberador justificaram que o açougueiro "agora estava em condições psicológicas favoráveis". Escoltado por um investigador da 10ª Subdivisão Policial, ele foi interrogado por aproximadamente uma hora. No termo de declaração que a FOLHA obteve, Borges negou ter arquitetado a morte da ex-companheira.

A hipótese foi levantada ainda no plantão da Polícia Civil porque a faca usada para matar Sandra, que tem 13 centímetros, estava em um dos bolsos do investigado. Diante do delegado, Alan Borges relatou que "sempre carrega o referido instrumento para amolar em casa, já que faz muitos serviços fora do trabalho".

Mesmo reconhecendo que seu cliente deve ir a júri popular, a defesa tenta desconstruir a acusação de feminicídio para um homicídio privilegiado, cuja pena é menor. Segundo o Código Penal, este tipo de delito é cometido quando há uma injusta provocação. Para Alexandre Aquino, Sandra teria xingado o ex-marido, o que, conforme a tese defensiva, foi determinante para que ele se descontrolasse e desferisse as facadas.

Ainda nesta terça, o delegado ouviu vizinhos que confirmaram as brigas entre o casal. Borges está preso preventivamente, ou seja, por tempo indeterminado. Os advogados vão pedir uma perícia no celular dele. O objetivo é buscar conversas que explicariam a possível instigação.