O aumento de casos de coronavírus nas últimas semanas em Londrina motivou a administração pública a anunciar o fechamento de bares e lanchonetes por mais 14 dias. A decisão é de quarta-feira (9). Assim, a partir desta sexta, (11), as portas dos estabelecimentos devem estar fechadas em respeito à determinação. A reportagem da Folha percorreu estabelecimentos na última noite de funcionamento e ouviu comerciantes, clientes e atendentes do segmento diretamente afetado.

Fechamento de bares por 14 dias foi determinado pela Prefeitura de Londrina
Fechamento de bares por 14 dias foi determinado pela Prefeitura de Londrina | Foto: Roberto Custódio

A presidente da Abrasel Norte do Paraná, Fernanda Fujarra, ressaltou que a entidade respeita as novas medidas, mas se mostra muito preocupada com a situação econômica dos empresários e funcionários. Pede ainda que o município seja mais efetivo na fiscalização. "O nosso pedido será para que seja revisto esse posicionamento da prefeitura e que seja liberado pelo menos o serviço de delivery nos bares. Entendemos também que é possível uma flexibilização, dentro de todas as normas de segurança, para que os restaurantes dos shoppings possam funcionar até as 22 horas e os de rua até a meia-noite".

Esse também é o ponto de vista do barman Margane Krügger. "Essa notícia vem como uma bomba porque, além de trabalharmos firme e em cima de todas as determinações, não houve planejamento. Vamos perder o estoque.. Estamos sendo prejudicados pelos verdadeiros pecadores", desabafou.

A vendedora Fabiana Barbosa é favorável à paralisação das atividades desse ramo momentaneamente. "Falta muita conscientização por parte de algumas pessoas que acabam colocando tudo a perder. O bar cuida, mas depois que fecha, fica todo mundo aglomerado por horas na rua e sem contar com os jovens como nós que têm idosos ou pessoas mais vulneráveis em casa, e colocam todos em risco", refletiu. "Eu concordo que tem a parte econômica que será afetada, mas isso está sendo feito para salvar vidas", ratificou.

Já a cliente Larissa Bueno considera equivocado o novo fechamento. "Eu trabalho no comércio, sei o quanto somos afetados cada vez que isso acontece. Por outro lado, de que vale fechar um bar e os ônibus continuarem lotados, os mercados sem a fiscalização devida?", destacou. A também vendedora Eduarda Isabele: "O meu lazer é parte da minha saúde e equilíbrio mental. Se eu posso trabalhar, ter contato com clientes o dia todo, por qual motivo não posso sair um pouco à noite?", questionou.

Funcionário de uma choperia, Deivid Ferreira se sente inseguro. "Vou ter meu contrato suspenso outra vez, é complicado e na real, a galera, nossos clientes, ninguém gostou. Pode ver como estão as mesas, tem álcool gel por toda parte e a retirada de chope das torneiras é feita somente de máscara e com toda a higienização", assegurou.

A chef de um restaurante especializado em lanches, Isadora Rehder, considera a medida dura e errônea. "Essa culpabilização em cima dos bares é que está errada. Sabemos que há clientes que não seguem as posturas conforme orientados, mas por conta de uma minoria do público, todos serão prejudicados", disse. Com alvará de restaurante, Rehder explica que passou 90 dias com as portas fechadas por opção. Eu não serei obrigada a fechar, mas me solidarizo porque tive que fazer várias adequações, estamos em processo contratação, há dois funcionários em experiência e fechar repentinamente é delicado."

A Abrabar (Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas) promete contestar judicialmente o fechamento de bares de Londrina. Segundo o presidente da entidade, Fabio Aguayo, a medida é discriminatória contra o setor. A proposta da entidade é que sejam mantidos em funcionamento os estabelecimentos com Cnaes (Cadastro Nacional de Atividade Econômica) que vão além dos bares. Segundo Aguayo, muitos destes estabelecimentos também atuam servindo alimentos, como porções e refeições, e funcionam como pequenas empresas profissionais, que têm folha de pagamento e fluxo de caixa a ser respeitado.

NÚMEROS

A Secretaria de Estado da Saúde confirmou, nesta quinta-feira (10), 1.978 novos casos e 49 óbitos pelo novo coronavírus. O Paraná soma agora 146.770 casos e 3.671 mortos em decorrência da doença. Em Londrina, foram cinco novas mortes e 113 novos casos, de acordo com a administração municipal. O total subiu para 7.493 casos e 205 óbitos.