Imagem ilustrativa da imagem Mesmo com paralisação, estudantes da rede estadual comparecem às aulas
| Foto: Gina Mardones - Grupo Folha

Ainda que a APP Sindicato tenha deflagrado greve na rede estadual de ensino nesta terça-feira (25), alunos da maior escola de Londrina, o Colégio Estadual Vicente Rijo, no centro, foram normalmente para as aulas. Segundo os estudantes, a sinalização dos professores era de que não iriam aderir à paralisação.

“Tem professor que disse que iria parar na semana que vem”, explica Beatriz Martínez, diretora auxiliar do Vicente Rijo. Para ela, a adesão à greve ainda é uma incógnita. “De uns 15 professores da parte da tarde, dois tinham falado que iriam parar. Mas eram falas, temos que aguardar para ver quem virá [dar aula]”.


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Mesmo que o governo estadual tenha apresentado parecer de proposta para minar a greve na noite de segunda-feira (24), os professores e servidores da Educação anunciaram que continuariam mobilizados. Ratinho Júnior (PSD) pediu a suspensão da greve e um prazo maior, até a próxima semana, para as negociações. “Ele apresentou uma proposta de apresentar uma proposta, então isso não é proposta. Na hora que ele de fato apresentar algo concreto, vamos analisar e negociar. Quem sabe, se for o caso, avaliar a suspensão da greve. Mas por enquanto isso ainda não aconteceu”, rebate o presidente da APP Sindicato de Londrina, Márcio André Ribeiro.

Os grevistas pedem o reajuste salarial do acumulado dos últimos 12 meses: 4,98%. “Entendemos que o total [que deveria ter sido reajustado] já ultrapassa 17%, mas negociação é viável. Só é inegociável a inflação correspondente ao último ano”, explica.


No Hugo Simas, centro, mais da metade dos professores tinha sinalizado que iria parar. Os alunos foram para as aulas normalmente. Alguns professores foram trabalhar e os primeiros anos do colégio tiveram aula. Professores que tinham se comprometido a levar os alunos para a Feira de Profissões na UEL (Universidade Estadual de Londrina) não paralisaram nesta terça. Contudo, alguns pretendem aderir à greve a partir de quarta (26).

O IEEL (Instituto de Educação Estadual de Londrina), também na região central, teve aulas normalmente. O colégio Aplicação, vinculado à universidade, também teve funcionamento normal. Apenas dois professores se ausentaram nesta terça-feira (25).

O QUE DIZ O SINDICATO

A APP Sindicato em Londrina ainda não tem um levantamento oficial da adesão dos grevistas, mas, segundo o presidente da entidade, a expectativa do sindicato não era de uma adesão massiva de professores e funcionários de escolas no primeiro dia de greve. “Não era muito diferente disso, visto à situação dos grevistas frente ao governo e as posturas de Ratinho Júnior (PSD)”, disse Ribeiro.“Vamos trabalhar aos poucos os receios, as dúvidas e os medos, o que é normal de acontecer nos primeiros dias, e temos certeza que até o final de semana vamos ampliar bastante a adesão ao movimento grevista.”

De acordo com Ribeiro, a APP foi pressionada na última semana com ameaças aos professores de desconto salarial e prejuízo a partir do ano que vem no contrato de aulas extraordinárias, bem como ameaça de quebra de contrato para quem é temporário. “Esse tipo de ameaça que é inconstitucional. Já estamos tomando as providências jurídicas sobre isso, denunciando o governo ao Ministério Público, porque não importa quem seja o patrão, em uma mobilização de greve, está na Constituição de que é direito nosso fazer greve.”

Já a Seed (Secretaria de Estado da Educação e do Esporte) orienta aos servidores da Educação que as aulas ocorram normalmente em todas as instituições de ensino na rede estadual da educação básica, de maneira a evitar prejuízos no cumprimento do Calendário Letivo e a necessidade de reposição de aulas.

Por meio de nota, a secretaria pontuou que eventuais ausências de professores e funcionários sejam normalmente registradas no RMF (Relatório Mensal de Frequência) resultando no desconto em folha das horas não trabalhadas. "Se necessário, a reposição das aulas será realizada em período de recesso e de férias".

Os professores e funcionários que aderiram à greve se reuniram na manhã desta terça na sede da APP em Londrina para passar informes e organizar as atividades para os próximos dias. Outros sindicatos do funcionalismo público devem se reunir à noite para avaliar uma atividade conjunta.

A nível estadual, a APP estima que 80% das escolas estão com movimentos de greve e mobilizações, mas ainda faz um levantamento dos professores e servidores que paralisaram. Em Curitiba, os grevistas fazem agora um ato em frente ao Palácio Iguaçu.


UEL

O Sindiprol/Aduel (Sindicato dos Professores do Ensino Superior Público Estadual de Londrina e região), que engloba professores da UEL (Universidade Estadual de Londrina), da Unespar (Universidade Estadual do Paraná) de Apucarana e da Uenp (Universidade Estadual do Norte do Paraná) em seus campi de Cornélio Procópio, Bandeirantes e Jacarezinho, realiza assembleia nesta quarta-feira (26) para deliberar o início da greve. A reunião será às 9h30 no Anfiteatro Cyro Grossi (Pinicão), no CCB (Centro de Ciências Biológicas). Já os servidores técnico-administrativos da Assuel (Sindicato dos Servidores Públicos Técnico-administrativos da Universidade Estadual de Londrina) fazem uma assembleia nesta quinta-feira (27) pelo indicativo de greve no dia 1º de julho.

Caso os professores da UEL entrem em greve nesta quarta, o reitor Sérgio Carvalho explica que criará “uma relação com o comando de greve, que muito provavelmente os docentes vão estabelecer” para apurar como funcionará o campus no período de conflito entre governo, docentes e técnicos. “Nas negociações salariais, as reitorias não participaram”. Carvalho reconheceu que a falta de reajuste por um longo período gera tensão entre trabalhadores e governo.

ORÇAMENTO DE VERBAS DE CUSTEIO

Na contramão, a queda de braço entre universidades e governo estadual relacionada ao contingenciamento de verbas de custeio parece ter chegado a um fim. Segundo Carvalho, as negociações sobre a Drem (Desvinculação de Receitas dos Estados, Distrito Federal e Municípios) avançaram. “A Apiesp (Associação Paranaense das Instituições de Ensino Superior Público) foi à Assembleia Legislativa, conversamos com deputados e eles compreenderam a necessidade de não aplicarmos a Drem para os hospitais universitários e para o ensino nas universidades”, explica.

A desvinculação retém 30% da previsão dos recursos próprios das instituições de ensino superior. Ou seja, sobre tudo que é arrecadado nas universidades, só é possível gastar 70%. “Tivemos a compreensão da Fazenda que deve haver descontingenciamento para tocarmos o segundo semestre, só não sabemos a dimensão desse descontingenciamento ainda.”

(Colaborou Micaela Orikasa)