As investigações dos assassinatos da servidora municipal Daniela Pergo, 44 anos, e do empresário Carlos Evander Azarias, tido pelo Ministério Público como chefe de um esquema de fraudes no lançamento do IPTU da Prefeitura de Londrina, continuam em sigilo máximo na Delegacia de Homicídios. A FOLHA procurou o delegado João Reis, responsável pelos casos, mas recebeu a resposta que nenhuma informação seria repassada. A assessoria de imprensa da Polícia Civil também foi procurada, mas apenas disse que "as ocorrências estão sendo apuradas" e reforçou que não passaria nenhum detalhe.

Servidora foi morta quando saia para o trabalho
Servidora foi morta quando saia para o trabalho | Foto: Gina Mardones

A morte da funcionária pública - que trabalhava no DTI (Departamento de Tecnologia e Informação) da Prefeitura de Londrina - completou um mês no último sábado (6), o primeiro dos dois casos que podem ter relação com a Operação Password, deflagrada no ano passado pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) que revelou um esquema criminoso na cobrança de IPTU em Londrina. Conforme as investigações, os débitos do imposto eram apagados do sistema da Secretaria Municipal de Fazenda.

Daniela foi executada com quatro tiros quando saía de casa para o trabalho, na rua Francisco Feijó Sanches, no Jardim Petrópolis, zona sul. Segundo familiares ouvidos pela reportagem, ela faria aniversário de 45 anos exatamente uma semana depois de ser assassinada. Atuava há 25 anos na administração municipal, onde entrou antes mesmo de casar. A vítima deixou esposo e uma filha adolescente.

No local do crime, a polícia constatou que os disparos atingiram a cabeça dela. No dia seguinte, a 10ª Subdivisão Policial divulgou imagens de câmeras de segurança do bairro onde o crime aconteceu. Elas mostram um homem aguardando no portão de outra residência pontualmente às 6h45. Meia hora depois, ele corre e foge após efetuar os disparos. Até agora, a identificação do suspeito não foi divulgada, assim também como outras possíveis filmagens da fuga.

"Está bem difícil viver sem ela. Eram raros os domingos que não almoçávamos juntos. Nos encontrávamos durante a semana, sempre estávamos juntos. Ela era uma pessoa muito correta, honesta e muito reservada. Era também amorosa, ligava quando alguém passava por algum problema. Não tinha muitas amizades fora, seus vínculos realmente era dentro da família", comentou uma parente que não quis ser identificada.

Carlos Azarias foi executado dentro de residência
Carlos Azarias foi executado dentro de residência | Foto: Ricardo Chicarelli

Já Carlos Azarias, 49 anos, foi executado no último dia 26 de junho. Ele estava em casa, na rua Sampaio Vidal, Vila Casoni, área central de Londrina, quando o assassino o chamou no portão, invadiu a residência e atirou em uma rápida ação que durou cerca de 30 segundos, segundo a perícia . A vítima estava no banheiro do imóvel. A Polícia Militar não confirmou quantos disparos foram efetuados. O atirador estava de capacete e também não teve a identificação divulgada até o momento.

Azarias, réu na Operação Password, foi denunciado com mais 29 pessoas, incluindo sua filha, que era estagiária da prefeitura. O grupo foi acusado de organização criminosa, inserção de dados falsos em sistema de informações e estelionato. Com a morte dele, outros processos criminais são automaticamente extintos, como disse o advogado Carlos Lopes Lamerato, que defendia Azarias na Password.

A operação identificou que as fraudes aconteceram entre 2015 e 2017 no Departamento de Cadastro Imobiliário da prefeitura. O prejuízo para os cofres públicos ultrapassou R$ 1 milhão. Mais de 100 depoimentos foram coletados. O promotor Leandro Antunes, responsável pela operação, disse à FOLHA que o Gaeco "apenas auxilia, se necessário, a Polícia Civil nas investigações".

Nem ele ou o delegado João Reis estabeleceram alguma relação entre os assassinatos de Daniela Pergo e Carlos Azarias com as fraudes do IPTU.