Imagem ilustrativa da imagem Réu na Password, empresário acusado de fraude no IPTU é assassinado em Londrina
| Foto: Ricardo Chicarelli

O empresário Carlos Evander Azarias, 49, acusado de participar de uma organização criminosa estabelecida entre 2015 e 2017 no Departamento de Cadastro Imobiliário da Prefeitura de Londrina, foi executado a tiros na noite de quarta-feira (26), na região central de Londrina.

A PM (Polícia Militar) afirma que o crime foi por volta das 20h30, na casa do empresário, na Rua Sampaio Vidal, Vila Casoni. Uma pessoa, de capacete, chegou ao local e o chamou no portão, em seguida, desferiu vários disparos com uma pistola. Segundo a Criminalística, foram recolhidos sete estojos de calibre 9mm na casa. A princípio, todos os disparos atingiram a vítima na cabeça, mas devido à quantidade de sangue, não foi possível precisar o número exato de tiros.

Azarias estava com tornozeleira eletrônica – medida relacionada à pena decorrente da ação que resultou da Operação Password - e estaria instalando um chuveiro quando foi chamado pelo atirador, que teria levado cerca de 30 segundos para cometer o crime.

O corpo será velado e sepultado no Parque das Allamandas (região oeste) na tarde desta quinta. A Polícia Civil investiga o caso. O delegado de homicídios, João Batista dos Reis, pronunciou-se apenas por uma nota, confirmado que as características do crime indicam que se trata de uma execução. Azarias possuía diversas passagens policiais por crimes como roubo, posse de armas, associação criminosa, receptação e estelionato", diz a nota.

Logo após o crime, os policiais tentaram apreender aparelhos celulares usados por Azarias, mas "nada foi localizado e o autor do crime nada subtraiu da residência". A nota ainda informa que nenhum celular foi localizado na casa, nem mesmo com os familiares da vítima.

A polícia ressalta que não há nada até o presente momento que indique que o crime tenha relação com a Operação Password, conduzida pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), que investiga fraudes no IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano) em Londrina.

RÉU NA PASSWORD

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. | Foto: Reprodução/Facebook

Carlos Azarias era pai da ex-estagiária da Secretaria Municipal de Fazenda, Camila Azarias. Pai e filha estão entre os 28 réus em ação penal por supostamente participar de uma organização criminosa estabelecida entre 2015 e 2017 no Departamento de Cadastro Imobiliário. Azarias foi preso em 7 de dezembro de 2018, e era considerado o principal integrante do esquema da Operação Password, deflagrada pelo Gaeco.

Em janeiro deste ano, o Ministério Público denunciou um fiscal da Sema (Secretaria Municipal do Meio Ambiente) e outros três empresários por suspeitas de participação em outro esquema de corrupção. A Operação Vastum foi um desdobramento da Password.

Durante a apuração de um celular apreendido na investigação de servidores que apagavam lançamentos de débitos para contribuintes do IPTU, uma conversa de um empresário com o fiscal da Sema mostrava pedidos de propina para evitar fiscalizações da secretaria em sua empresa. Além desse empresário, Azarias e sua esposa, Vera Lúcia de Lima, também foram denunciados por corrupção ativa. Nesse processo, as próximas audiências serão em outubro.

Réu pela Password, Carlos Azarias foi solto no último dia 7. "Embora se reconheça que o fato denunciado pelo Ministério Público nos autos principais apresenta gravidade concreta quanto ao modus operandi empregado, e que Azarias seja apontado como sendo o principal responsável pela organização criminosa denunciada, analisando os autos tenho que inexiste cautelaridade para a manutenção da medida constritiva mais gravosa [...] no presente momento processual, verifica-se que, neste momento inexiste o requisito do perigo que representaria o fato do paciente responder o processo em liberdade", definiu o juiz Délcio Miranda da Rocha, da 2ª Vara Criminal de Londrina, para a soltura do empresário.

O advogado de Azarias, Carlos Lamerato, não quis tecer considerações sobre o que alegou ser "um assunto pessoal", mas descartou queixas de ameaças por parte do cliente. Segundo o advogado, Azarias estava restabelecendo a vida após a prisão.

Na Password, o MP alega que os funcionários realizavam cancelamentos de débitos de IPTU e modificações nas características de imóveis urbanos, com o fim de diminuir ou suprimir tributos. O prejuízo aos cofres municipais é superior a R$ 1 milhão.

Vinte dias antes do assassinato de Azarias, uma servidora da Prefeitura de Londrina foi morta dentro do carro quando saía para trabalhar. Daniela Aparecida Novelli Pergo, 44, atuava na Diretoria de Tecnologia de Informação do município e foi atingida por quatro disparos de arma de fogo na cabeça. Os tiros vieram de um revólver, calibre 38. A Polícia Civil ainda investiga esse caso. Ainda não há evidências de que este homicídio esteja ligado à Operação Password, embora as investigações do Gaeco tenham se pautado no setor de Informática da Prefeitura.

(Colaborou Larissa Sato)

(Atualizada às 14h40)