O muro da fachada do Colégio Estadual Vicente Rijo ficou mais colorido neste final de semana. Vinte e cinco grafiteiros reunidos pelo projeto Arte na Escola Londrina trabalharam ao longo de todo o sábado (4) e domingo (5) para deixar a sua arte expressa na instituição. Munidos de spray, tinta e pincel, aos poucos os artistas foram substituindo o cinza por novas cores e formas. Além de trazer uma linguagem que dialoga diretamente com o público jovem, o grafite também é uma forma de combater o vandalismo das pichações e preservar o patrimônio escolar.
“É uma característica do colégio ter esse muro alegre”, disse a diretora-geral do colégio, Maria Beatriz Bernardy Martinez. Antes de os artistas entrarem em ação, há uma conversa entre grafiteiros e a direção da instituição para definir as mensagens que seriam transmitidas por meio da grafitagem. Nas discussões, foram levantados temas voltados à educação, entre eles, a questão indígena e dos negros e a ciência. “A demonstração da arte é do artista. A escola não interfere na criação, só trocamos uma ideia”, explicou Martinez. O material foi comprado com recursos da escola enviados pelo Estado e verba proveniente da APMF (Associação de Pais, Mestres e Funcionários).
O projeto Arte na Escola Londrina foi idealizado pelo Coletivo Cap Style a partir de iniciativas semelhantes para levar a arte para dentro das escolas, principalmente no estado de São Paulo. “Inicialmente, a ideia do projeto é fazer arte dentro da sala de aula, mas o Colégio Vicente Rijo é muito grande e essa foi a forma que a escola encontrou para contemplar todos os estudantes. E o coletivo fez uma curadoria de artistas para fazer a arte no muro da escola. Foram selecionados artistas de Londrina e de fora também”, explicou a membro do coletivo, Kenia Kuriki.
Por meio do grafite, Kuriki acredita que é possível atingir todos os públicos, desde crianças até adultos, gerando uma transformação na vida de quem é tocado pela arte. “Vivemos dias muito difíceis, principalmente depois da pandemia. Teve muita evasão, os alunos ficaram um período muito longo longe das salas de aula e o grafite vem como uma forma de acolhimento. É uma forma de convidá-los a estar naquele lugar.”
O trabalho dos artistas começou no sábado pela manhã e foi acompanhado pelos estudantes, que puderam ver como é feito todo o processo. A grafitagem não parou quando o sol se pôs. Quem passou pelas avenidas Higienópolis e Juscelino Kubitschek na noite de sábado pode ver os grafiteiros ainda em ação. No domingo, eles deram continuidade ao trabalho, previsto para ser concluído no final do dia.
Nesta segunda-feira (6), quando chegarem ao colégio, os alunos verão o trabalho pronto. "Os nossos alunos estavam bem tristes com o muro pintado (o cinza havia coberto o trabalho anterior de grafitagem) porque eles vivenciam demais a arte. Tive que fazer uma fala explicando que precisava pintar para proteger. Eles estavam há mais de dez dias esperando pelo trabalho dos artistas. Tenho a impressão de que amanhã (segunda-feira) vai ser um dia muito feliz. Vai ser difícil colocá-los dentro da escola”, disse a diretora que acredita que o grafite ainda irá colaborar para evitar as pichações.
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