Duas agências do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) de Londrina amanheceram neste sábado (27) lotadas de pessoas aguardando por uma perícia médica. O mutirão de atendimentos programado para este sábado e domingo (28), das 7h às 17h, vai atender pelo menos 1.500 pessoas que precisam de um auxílio temporário ou por deficiência. Recebendo beneficiários de pelo menos 80 cidades, Londrina estava com uma fila de espera para perícia que chegou a quatro meses.

Alberto Alegre, superintendente regional sul do INSS, explica que a região de Londrina estava com um tempo médio de espera de quase 120 dias, o que ele ressalta que é muito tempo para que uma pessoa fique aguardando uma perícia médica para a análise de sua capacidade laborativa. “Ela poderá estar incapaz [de trabalhar] temporariamente ou acabar definitivamente, o que gera uma aposentadoria por invalidez”, aponta.

Como o afastamento temporário pode ser por pouco tempo, ele reforça que a demora para passar pela perícia atrasa o retorno dele ao trabalho, por isso a importância da celeridade no processo. Além disso, segundo ele, a demora também faz com que o cidadão não consiga receber o valor do benefício, afetando a dinâmica familiar. Por conta disso, foi organizado o mutirão de perícias médicas em Londrina com a vinda de 17 profissionais de outras cidades do Paraná e de outros estados, como Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Santa Catarina para atender a demanda da região.

Pelo menos 80 municípios do entorno dependem das agências do INSS de Londrina, o que aumenta muito a demanda pelos atendimentos na cidade. O mutirão está sendo realizado neste sábado e domingo, das 7h às 17h, e a previsão é de realizar mais de 1.500 atendimentos. No total, Londrina tem 20 peritos na ativa, que, em dias normais, realizam cerca de 130 atendimentos.

Alegre reforça que as perícias estão sendo para quem precisa do auxílio por incapacidade temporária, assim como para o benefício assistência à pessoa portadora de deficiência. Após passar pela equipe médica, ele já é encaminhado para fazer a atualização cadastral, o que permite que o resultado da perícia seja disponibilizado já no dia seguinte. “[Com o mutirão], nós estamos abaixando [o tempo de espera pela perícia] para 60 dias ou até menos”, aponta, complementando que a ação é uma resposta às demandas da sociedade.

Segundo Alegre, a expectativa é de realizar outro mutirão em 30 dias para tentar reduzir ainda mais a fila de espera para cerca de 15 dias. “Esse seria [o cenário] ideal”, afirma.

Atestmed

Lançado há pouco tempo pelo INSS, o Atestmed é uma nova ferramenta para agilizar o acesso do cidadão ao benefício sem a necessidade de uma perícia médica presencial. Segundo Alegre, a pessoa que precisa do auxílio por incapacidade temporária pode entrar em contato com o número 135, do INSS, para solicitar um requerimento para análise documental.

Dessa forma, após a solicitação, ela pode anexar o atestado médico no aplicativo Meu INSS ou levar até uma agência. No atestado, é necessário constar o nome completo do segurado, a data, a descrição da doença, o CID (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde), o carimbo, o CRM (Conselho Regional de Medicina e a assinatura do médico, além da sugestão de um período de tempo que o beneficiado deve ficar afastado de seus funções.

A perícia por análise documento será feita por um médico da região sul, que vai avaliar e dar o parecer sobre a solicitação. Essa novidade, segundo ele, também permite agilizar o processo, já que um perito de outra região, com demanda menor que a de Londrina, pode atender esse segurado.

Rapidez no agendamento

Após pisar em um buraco e fraturar o pé em frente de casa no dia 12 de março, a diarista Solange Hoffmann, 65, passou uma consulta com o ortopedista, que a encaminhou para o INSS. “A primeira coisa que eu pensei [na hora que soube que tinha fraturado o osso] foi no meu trabalho”, admite. No início do mês, ela retornou ao médico, que recomendou que ela fique mais dois meses sem apoiar o pé no chão.

A diarista, que mora em Sertanópolis, conta que o genro fez o agendamento para ela pela internet e em pouco mais de 30 dias já conseguiu uma vaga para passar pela perícia para garantir o acesso ao auxílio por incapacidade temporária. “Foi muito rápido [o agendamento]”, afirma, completando que até ligou para confirmar se a consulta seria, de fato, em um sábado: “aí eles falaram que eu poderia vir tranquila”.

A doméstica Lucineia Laurinda da Silva Santos, 54, também foi até a unidade do INSS do Shangri-lá para passar pela perícia médica por conta de uma tendinite e bursite. Ela conta que começou a sentir dores intensas nos ombros e procurou um médico, que relatou que um tendão estava quase rompido. “Agora eu estou assim, não consigo trabalhar [porque] não tenho força no braço e [o serviço] doméstico exige bastante, principalmente dos braços, então não tem como [suportar]”, explica, complementando que já está sem trabalhar há cerca de duas semanas.

Ela elogiou a rapidez para fazer o agendamento da perícia, mas criticou a demora no atendimento, já que seu horário estava marcado para às 8h20 e até às 9h30 ela ainda não tinha sido chamada. “Se não for aprovado [o benefício], eu não como vou fazer porque as contas vêm e aí como vou fazer para pagar?”, questiona, reforçando que já está tendo que custear com um gasto extra, que é a fisioterapia para amenizar as dores do problema.

Durante uma entrega de motocicleta, Francisco Moreira dos Santos, 39, bateu na lateral de um carro que invadiu a preferencial no final de março. Com o impacto, ele quebrou o fêmur e precisou passar por um cirurgia para colocar uma haste intramedular. “[Os primeiros dias] foram bem dolorosos”, afirma. Ele conta que tentou fazer todo o processo da perícia médica por telefone, mas por conta de um laudo que estava faltando ele precisou fazer o agendamento presencial.