Uma série de inovações para o agronegócio foi apresentada durante a ExpoLondrina, evento retomado presencialmente com encerramento no dia 10 de abril. Entre os destaques figuram uma plataforma de monitoramento e rastreabilidade animal e um centro de melhoramento genético.

A CattleVis é uma plataforma composta por quatro tecnologias que se complementam: dispositivo IoT (internet das coisas), conectividade, software e blockchain.

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A plataforma inclui um brinco GPS, uma infraestrutura de conectividade instalada na propriedade para captar as informações dos brincos e dois softwares, um para o pecuarista receber e visualizar as informações e outro de rastreabilidade, que registra essas informações em um blockchain, um banco de dados seguro e imutável.

Guilherme Canavese, sócio e cofundador da SpaceVis (startup responsável pela criação da plataforma), explica que o monitoramento e a rastreabilidade com GPS permitem ao pecuarista uma melhor gestão da sua propriedade, controle de estoque e patrimônio em tempo real, além de maior segurança e agilidade contra furtos.

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“Na perspectiva do mercado, esta rastreabilidade comprova a origem do animal, pois registra a latitude e longitude em blockchain, algo pioneiro no mundo. Alguns mercados, como a China e a Europa, estão pagando até 10% a mais aos frigoríficos por essa rastreabilidade. E, por fim, a possibilidade de oferecer às instituições financeiras o bovino monitorado e rastreado como garantia de crédito. É uma modalidade já permitida e que irá crescer nos próximos anos.”

DESENVOLVIMENTO

A SpaceVis desenvolveu a solução em pouco mais de dois anos. O cofundador da startup explica que foi um longo período de pesquisa e desenvolvimento, após uma análise das dores do segmento na perspectiva do pecuarista, da indústria e do varejo, até chegar à solução recém-lançada.

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“Hoje a startup já recebeu importantes aportes que superam os R$ 2 milhões, algo incomum, mas que reforçam a necessidade desta solução”, pontuou.

MELHORAMENTO GENÉTICO

Outro destaque da ExpoLondrina foi o CMG (Centro de Melhoramento Genético) da UniFil, atuante desde 2016 como central de reprodução, com suporte do Hospital Veterinário da universidade. É também campo de estágios, projetos de extensão e de iniciação científica para alunos e professores da faculdade de medicina veterinária.

O centro é uma unidade de pesquisa e aplicação prática da biotecnologia de reprodução animal, desenvolvendo técnicas de coleta e congelamento de sêmen, transferência de embriões, inseminação artificial e sexagem.

“O CMG já produziu centenas de equídeos (equinos, asininos e muares) de linhagens apuradas, que se tornaram campeões e campeãs nacionais em provas de morfologia e marcha nas exposições em todo o Brasil”, destaca Pedro Victor Oliveira, veterinário responsável técnico do CMG.

Ele acrescenta que o CMG possibilita a proprietários de equídeos usufruírem de benefícios das biotecnologias reprodutivas, fortalecendo a região de Londrina no mercado de criação de animais de alto valor zootécnico.

“O centro oferece aos estudantes a oportunidade de participarem do desenvolvimento e da aplicação das mais recentes tecnologias reprodutivas, despertando interesse e formando profissionais preparados para uma área de grande demanda na medicina veterinária.”

Sobre a presença do CMG na Expo, o veterinário aponta que a feira é referência na agropecuária do Brasil, atraindo criadores de todo o país.

RARO

O CMG da UniFil realizou, no ano passado, um procedimento raro na biotecnologia de reprodução animal, com o nascimento de um jumento gestado em uma égua.

“Foi o primeiro caso registrado no Sul do Brasil de gestação xenogênica, técnica em que são utilizadas duas espécies diferentes para produção de filho ou filha. No CMG, foi implantado um embrião de asinino [jumento] desenvolvido em receptora equina.”

O veterinário acrescenta que a literatura na área de reprodução relata chances mínimas, em torno de 10% de probabilidade de sucesso em uma gestação como essa. “Em 90% das tentativas, não chegam ao fim. A égua aborta antes de completar o quarto mês”, conclui.

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