Uma nova geração de produtores rurais, estudantes da área de ciências agrárias e profissionais do setor estão acelerando cada vez mais a transição tecnológica no campo.

São soluções apontadas em automação de processos, controle de qualidade, redução de perdas, entre tantas outras.

Eventos como hackaton estão acelerando cada vez mais a transição tecnológica no campo
Eventos como hackaton estão acelerando cada vez mais a transição tecnológica no campo | Foto: iStock

Na ExpoLondrina 2022, que terminou no último domingo (10), a quinta edição do Hackaton Smart Agro se encarregou de trazer projetos de inovação voltados para o agronegócio. O alto nível dos trabalhos apresentados agradou os organizadores.

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Neste ano, a competição teve um recorde de inscrições. Foram 135 participantes, divididos em equipes de cinco pessoas. Durante três dias, eles desenvolveram soluções criativas e tecnológicas para o agronegócio, com o apoio de mentorias, apresentações, brainstorming e discussões com convidados da comissão organizadora.

O evento foi organizado pela SRP (Sociedade Rural do Paraná) e Sebrae Paraná, com apoio do Senai Londrina-PR, governança Agro Valley, e demais parceiros. Para o Sebrae, as soluções apresentadas foram surpreendentes e o ecossistema vai apoiá-las para que evoluam. “Dos 135 candidatos que se inscreveram inicialmente, ou 28 equipes, ficaram 16. São 16 novas empresas e tenho que certeza que 80% delas serão bem-sucedidas, graças a nossa estratégia de desenvolvimento. A gente traz os melhores mentores e as melhores parcerias para fazer com que o negócio tenha realmente solidez e saiam daqui excelentes negócios”, conclui Fabricio Bianchi, gerente da Regional Norte Sebrae.

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Também do Sebrae Paraná, Lucas Ferreira, conta que o Hackathon 2022 foi um sucesso. "Batemos todos os recordes e o evento foi um sucesso em todos os aspectos. Tivemos entregas de qualidade, problemas reais do campo sendo resolvidos, várias tecnologias sendo trabalhadas aqui na feira. O resultado realmente premiou os projetos que conseguem ter uma maior entrega em termos de tecnologia e inovação no agronegócio”.

Projetos premiados

Os três premiados apresentaram projetos de inovação em diferentes áreas do agronegócio.]

O primeiro lugar foi para a equipe Koke, formada por alunos de agronomia da UEL, com uma ideia envolvendo a floricultura. A solução foi baseada na técnica japonesa da Kokedama – que fornece uma alternativa para suspender, sem nenhum tipo de jardineira, espécies de plantas que precisam de terra.

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“Nosso público está nos grandes centros, onde a pessoa não tem contato com a agricultura. Vamos entregar a kokedama dentro de uma caixa, aí a pessoas vão aprender a usá-la através de um aplicativo com instruções – inclusive com lembrete de quando regar, quando e como fazer a adubação e curiosidades sobre a planta”, explica a estudante Eduarda Farias.

Eduarda foi diagnosticada com esclerose múltipla em 2018. Ela explica que perdeu a sensibilidade das mãos e começou a fazer kokedama para estimular a sensibilidade e a coordenação motora. Foi então que o contato maior com as plantas fez com que ela percebesse que a kokedama tinha um potencial muito maior do que só enfeitar o ambiente. “Eu cheguei no Hackathon e vi que todo mundo ia ter algo relacionado a solo, tratores; pensei: vamos trazer algo novo relacionado à floricultura. Muita gente acha que a floricultura não é um setor do agronegócio, mas ele é e movimenta um valor muito alto. Isso, junto com o meu diagnostico, foi muito forte. Dei a ideia, o pessoal topou e transformamos numa coisa muito maior”.

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O segundo lugar ficou com o time Agrometrics, formada por uma engenheira ambiental e dois desenvolvedores de Curitiba. “Nós apresentamos uma solução específica para a parte de manutenção preventiva do maquinário. Os nossos clientes são as concessionárias de máquinas agrícolas. A nossa proposta é otimizar o pós-venda dessas empresas para que elas consigam fidelizar o cliente e também reduzir o risco do produtor de ter prejuízo durante a colheita devido à quebra de maquinário, ou à espera de peças”, explica Nayana Machado.

O terceiro lugar foi para um grupo de estudantes do CEEP de Assaí. O estudante Yudi Yamaguti, de apenas 16 anos, fala de sua solução para o setor de alevinos. “Ofecemos como solução a automatização para a contagem mais precisa de alevinos – que hoje é feita de forma manual e com zero precisão”.

Os três projetos receberam, respectivamente, R$ 5 mil (1º lugar), R$ 3 mil (2º lugar) e R$ 1 mil (3º lugar). Eles serão acelerados pela Go Agritech, a aceleradora da SRP, ou incubados em programas de cooperativas ou instituições de pesquisa e fomento.

Evolução do ecossistema

George Hiraiwa, diretor de inovação da SRP, se diz muito satisfeito com o resultado. “Eu achei muito bacana que a equipe vencedora não tem uma tecnologia como o hardware ou software impregnado – vai usar posteriormente quando for fazer o processo escalar. O conceito dela vem muito nesta questão da “fazenda urbana”, que ganhou força durante a pandemia, que é o processo de plantar hortifrúti em ambientes fechados com luminosidade, utilizando tecnologias”.

Ele também avalia que o Hackathon mostra a evolução do ecossistema de Londrina. “É interessante ver que as mentorias foram dadas por pessoas que participaram do Hackathon há 3 ou 4 anos. Isso é muito rico porque eles mostram o caminho para os mais novos – o que eles acertaram e o que erraram”.

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