O vazio sanitário da soja no Paraná teve início nesta quinta-feira (10) e segue até 10 de setembro. Neste período, fica proibido cultivar, manter ou permitir a existência de plantas vivas de soja no campo.

O objetivo da prática é reduzir a sobrevivência do fungo causador da ferrugem asiática durante a entressafra e, consequentemente, atrasar a ocorrência da doença na próxima safra.

A medida considera a importância econômica da cultura da soja no Paraná e os prejuízos causados pela ferrugem asiática. Por isso, medidas sanitárias são adotadas pelo sistema oficial de Defesa Sanitária Vegetal de forma efetiva e constante.

Plantação de soja; quem não praticar o vazio sanitário até 10 de setembro está sujeito a multas
Plantação de soja; quem não praticar o vazio sanitário até 10 de setembro está sujeito a multas | Foto: Arquivo pessoal

“A prática do vazio sanitário beneficia o produtor, que terá o aparecimento dos primeiros focos da doença cada vez mais tarde, e dessa forma necessitará de menos aplicações de fungicidas para o controle da ferrugem”, explica o gerente de Sanidade Vegetal da Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná), Renato Rezende Young Blood.

O vazio sanitário da soja foi adotado oficialmente no Paraná a partir de 2007. A portaria Adapar nº 342/2019, de 05/11/2019, estabelece o período do vazio sanitário e outras providências, entre elas a proibição do plantio de soja sobre soja na mesma área e mesmo ano agrícola e determina que a colheita e a interrupção do ciclo da cultura ocorram até o dia 15 de maio de cada ano.

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PREVENÇÃO

O operador de máquinas agrícolas Florisvaldo de Oliveira trabalha há 30 anos em propriedades que cultivam soja no Paraná. Desde então, ele vem praticando o vazio sanitário para evitar o aparecimento de pragas.

“Erradicamos o resto da lavoura e sempre praticamos esse vazio. Nunca tivemos problemas com ferrugem. Além do vazio sanitário, a gente sempre faz o monitoramento de pragas e doenças, um trabalho preventivo”, conta.

A área da qual Florisvaldo ajuda a cuidar é imensa: ao todo, são 486 hectares de terra distribuídos em quatro propriedades, localizadas nos municípios de Ângulo, Iguaraçu, Maringá e Mandaguaçu.

Após o vazio sanitário que segue até setembro, a próxima safra terá início de plantio em outubro, até o dia 20. “Para a próxima safra, a nossa expectativa de colheita é acima de 1.500 toneladas”, projetou.

FUNGO

A ferrugem asiática é causada pelo fungo Phakospora pachyrhizi. Devido à severidade do ataque, disseminação, custos de controle e o potencial de redução de produtividade da lavoura, que pode chegar a 90%, é considerada a principal doença da soja.

As ações de fiscalização pela Adapar continuam mesmo durante a pandemia da Covid-19, pois as pragas permanecem ativas e a agricultura segue o calendário normal de plantio, manejos fitossanitários e colheita.

Os produtores rurais que não cumprirem as recomendações estão sujeitos à aplicação de multas e, em casos mais graves, interdição da propriedade.

FERRUGEM ASIÁTICA

Paraná é o 2º Estado com maior incidência

De acordo com dados do Consórcio Antiferrugem, a ferrugem asiática possui um custo médio de US$ 2,8 bilhões por safra no Brasil, incluindo métodos de controle e prejuízos com perdas. Segundo especialistas, o vazio sanitário representa um freio na propagação da praga.

O Paraná é o segundo Estado que mais sofre com a doença no país. No ciclo 2020/21, segundo o consórcio, foram registradas 100 ocorrências da ferrugem asiática em plantas, atrás apenas do Rio Grande do Sul, com 138 casos.

Segundo a Embrapa Soja, 13 Estados e o Distrito Federal adotam essa medida no Brasil, estabelecida por meio de normativas locais. Além do Brasil, o Paraguai também estabeleceu o período de vazio sanitário, lá chamado de pausa fitossanitária.

O fungo que causa a ferrugem-asiática é biotrófico, o que significa que precisa de um hospedeiro vivo para se desenvolver e multiplicar, ou seja, a planta viva. Ao eliminar as plantas de soja na entressafra, portanto, quebra-se o ciclo do fungo.

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