A pesquisadora Alessandra Maria Detoni comanda desde 2012 experimento com uvas rústicas em municípios do Oeste
A pesquisadora Alessandra Maria Detoni comanda desde 2012 experimento com uvas rústicas em municípios do Oeste | Foto: Iapar/Divulgação

O Iapar (Instituto Agronômico do Paraná) tinha um trabalho muito forte com a pesquisa das variedades de uva de mesa. Com o falecimento do pesquisador responsável, Antônio Yoshio Kishino, em 2004, houve um hiato nas pesquisas, que voltaram forte a partir de 2012, em Santa Tereza do Oeste, agora com foco nas uvas rústicas, que possui maior área plantada na região e, claro, melhor adaptação.

A pesquisadora responsável, Alessandra Maria Detoni, relata que o objetivo sempre foi focar nas uvas rústicas, para fomentar um manejo mais rentável para os produtores, diminuindo custos de implantação, avaliação de sistemas e fomentando a produção de sucos e vinhos coloniais. “Agora estamos inclusive trabalhando com a linha de uvas sem sementes, que são mais resistentes ao míldio, por exemplo.”

Os trabalhos, segundo Detoni, estão utilizando muitas das variedades produzidas pela Embrapa Uva e Vinho, de Bento Gonçalves (RS), adaptadas ao Estado. Ela explica que a ideia para a região é que o produtor consiga trabalhar, produzir com volume e tenha rentabilidade. “O Paraná possui clima muito propício para o desenvolvimento dos fungos devido à umidade no período de reprodução. Em Marialva, por exemplo, o manejo é enorme, precisa sempre pulverizar (fungicidas), porque os materiais são mais sensíveis. Levamos em conta também a questão de falta de mão de obra e buscamos sistemas de condução que facilite o manejo para o produtor.”

A pesquisadora relata a importância de explorar características locais e condições climáticas ideais para cada variedade. Ela cita por exemplo que possui experimentos em Santa Tereza em áreas com 750 metros de altitude. Também possui pesquisas a 90 quilômetros, no município de Santa Helena, em altitude de 260 metros e resultados completamente diferentes. “Em Santa Helena, por exemplo, posso trabalhar com materiais mais precoces, uvas sem sementes e explorar duas safras.”

Em relação aos desafios da cadeia – que precisam estar incluídos nesse planejamento estratégico da Seab – Detoni salienta que é preciso organizá-la de ponta a ponta, desde a compra de mudas, análises dos materiais para cada região, extensão rural para auxiliar no planejamento e comercialização. “O Paraná precisa explorar mais a rede hoteleira de Foz do Iguaçu, a segunda maior rede hoteleira do Brasil. Temos frutas e sucos no café, vinho no jantar, e tudo aqui dentro do Estado. Ainda temos o Paraguai e Argentina para comercializar frutas tropicais.”

O coordenador de fruticultura do Iapar, Pedro Martins Auler, relata que nada impede a instituição de focar também na pesquisa com uvas finas “se houver recursos para isso”. “A vitivinicultura já tem importância no Paraná e apresenta grande potencial de crescimento, portanto valeria a pena investir.”

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