Lembro de quando criança, certa vez, alguém falou que no fim do mundo havia pessoas que movimentavam gigantescas engrenagens que faziam o mundo rodar. E eu ficava imaginando uma quantidade enorme de pessoas trabalhando incessantemente para manter o mundo rodando. Imaginava onde era o fim do mundo, pois para mim o mundo era redondo e sendo assim não tinha fim. E lá ficaram por muitos anos trabalhando sem eu me preocupar com mais explicações até que fui à escola e aprendi o que todo mundo já sabia: nosso planeta girava em volta do sol pela sua atração e tinha um satélite chamado lua que orbitava em torno da Terra.

Imagem ilustrativa da imagem DEDO DE PROSA| As engrenagens do mundo
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Perfeito. Resolvida a questão. Aí veio a internet e com ela algumas pessoas dizendo que a terra não é mais redonda e achatada nos polos ,dizem agora que é plana! Então, como se diz, de volta à prancheta. Pensei: "não acredito! Esse pessoal não entende nada mesmo! Não sabem eles que a terra é movida por pessoas trabalhando em gigantescas engrenagens para movimentá-la?!"

O engraçado disso tudo é que embora algumas pessoas tentem desconstruir o mundo como ele é percebido por nós, jamais deixamos de ter aquela sensação de grandeza e verdade que é a essência de tudo com o que nos deparamos todos os dias.

O sol nasce e ali a imensidão já se faz presente, os ventos nas árvores, a lavoura crescendo, a chuva caindo na terra, o suor de um dia de trabalho, a lua aparecendo à noite em meio às nuvens do céu. Toda a beleza desse cenário grandioso parece estar muito acima de qualquer dúvida de que uma ordem primordial iniciou algo que não entendemos. Viver na planície de um conhecimento que nos envolve em uma redoma de vidro fecha o ser humano em sua busca ao saber, transgride a capacidade intrínseca de sua busca de sobrevivência através de soluções para seus problemas mais emergentes . Deus criou o homem e sua inteligência.

Quando vamos à uma exposição agropecuária e nos deparamos com aqueles tratores enormes, agora cheios de tecnologia, assim como vemos as novidades que se apresentam naqueles estandes que tanto nos encantam, para que as colheitas sejam melhores, sem perdas de grãos no campo e nos caminhos, nós só vemos o produto final, não vemos as pesquisas e os estudos realizados por inúmeros profissionais que estudaram muito para que se chegasse àquele resultado.

Daqui a poucos anos, dizem os especialistas, seremos oito bilhões de pessoas. Segundo o economista britânico Thomas Malthus (1766-1834) em sua teoria populacional malthusiana, dizia que a produção de alimentos não acompanharia o crescimento populacional. Errou. Embora hoje estejamos exigindo muito mais dos recursos naturais, o homem sempre inventa algo novo para sobreviver. Tecnologias são inventadas todos os dias e soluções criadas cada vez mais para o nosso bem-estar. Se estamos à casa dos oito bilhões de pessoas no mundo é porque estamos vivendo mais tempo, há mais remédios para combater as doenças e alimentos sendo produzidos em quantidades enormes pelo homem do campo que todo dia, de sol a sol, faz a sua parte.

Hoje as engrenagens do mundo são mais complicadas.

Dailton Martins, leitor da FOLHA