Imagem ilustrativa da imagem DEDO DE PROSA - Hora do Ângelus
| Foto: Marco Jacobsen

Um fato que aguçou minhas lembranças de menina é que uma amiga me enviou um áudio da música "Ave Maria", cantada em italiano pelo rei Roberto Carlos. Me emociono demais quando ouço essa música. Seja tocada ao piano ou mesmo por corais e orquestras.

Conheço algumas versões, mas a minha preferida é a cantada pela Kimi Skota. Mas especial mesmo considero a versão brasileira cantada por Ângela Maria/Pery Ribeiro que, com suas vozes macias e suaves, me emocionam demais porque minha mãe gostava e nós, seus filhos, apreciávamos também.

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Essa música foi composta com fundamento na história da Virgem Maria e seu voluntário SIM ao pedido de Deus Pai. Na minha crença, a história bíblica de Maria e sua disposição em ser a mãe de Jesus torna essa música muitíssimo especial.

E é munida de tais recordações que me vêm à lembrança as tantas Horas do Ângelus que escutávamos e das quais participávamos, solenemente, quando transmitida por uma rádio de Londrina. O aviso de que a Hora do Angelus se avizinhava coincidia com o badalar do sino da igreja matriz de nossa cidade que, com pompa, fazia soar as seis demoradas e festivas badaladas.

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A esse sinal se juntava o de mamãe a nos chamar para nos reunirmos para orarmos juntos. O mais importante e bonito é que todos os filhos que estavam em casa o faziam de boa vontade e com boa fé. Os passos eram: fazíamos o sinal da cruz seguido da parte que o locutor falava (e que nós falávamos junto): “O Anjo do Senhor anunciou a Maria. E Ela concebeu do Espírito Santo.” (Rezávamos a Ave Maria, daí repetíamos as palavras de aceitação da Virgem)

“Eis a escrava do Senhor. Faça-se em mim segundo a Vossa Palavra.” (Rezávamos outra Ave Maria e continuávamos). “E o Verbo se fez carne E habitou no meio de nós.” (Terminávamos essa parte com uma Ave Maria e o pedido a seguir) Rogai por nós Santa Mãe de Deus. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

Ao final de tudo, agradecíamos pelo dia e pedíamos perdão pelos nossos pecados, tudo seguido pelo Glória e a execução do sinal da cruz. Eram momentos de união familiar e de muita fé em Deus, Jesus e Maria, quando nós todos orávamos contritos. Momentos que até hoje trago na memória por se tratarem de doces lembranças.

Marina Irene Beatriz Polonio é leitora da Folha de Londrina