Na rua da Amizade com a rua Simpatia vive Antônio Alves dos Santos, 69, que segundo os conhecidos do bairro Ruy Virmond Carnascialli (norte), faz jus ao ponto onde mora. Simpático e cheio de amigos, o encanador aposentado acredita que as ruas trouxeram boas energias para sustentar o elo de 20 anos com Maria Antônia Rocha, 86. As duas famílias estão sempre juntas: nas conversas de domingo aos pedidos de socorro, uma conta com a outra na relação que justifica o nome da rua.

Encanamento com problema, torneira estragada, telhado quebrado, não tem tempo ruim para Santos na hora de oferecer favores para a amiga, que hoje vive sozinha. “Qualquer coisa que eu preciso, eu chamo ele”, conta ela. Certo dia, por não querer incomodar, ela mesma decidiu instalar a cortina na sala e acabou comprometendo a coluna ao cair da escada. Quem contou essa história foi o encanador com nítida reprovação. “Acha! Só porque não queria atrapalhar! Eu já falei, só chamar que eu venho!”, reforça a bronca.

Uma forma simples e genuína de expressar carinho, seja com o ombro amigo, nos puxões de orelha ou entendendo o outro pelos pequenos sinais. “Eu sei quando ela está em casa só pelo jeito que ela fecha a janela”, conta Maria Inês Santos, 64, esposa de Antônio, que também fica responsável por passar no mercado quando a amiga precisa. As duas estão sempre juntas, a ponto de sentir falta, quando a outra sai para visitar a família. “Quando ela foi para a casa da filha dela passar um tempinho, a gente se falava quase todo dia por telefone”, ri Maria Inês.

Amizade que atravessa fronteiras e gerações. Quando Antônio foi para o interior de São Paulo comemorar o aniversário com os parentes, convidou o genro da vizinha que vivia a 100 km da cidade e os dois festejaram juntos em um domingo entre amigos e familiares. Também é assim no Natal e Ano Novo, quando as famílias se unem para celebrar o período. “No Ano Novo ela não estava tão boa, passou com a gente e estava tão gostoso... É mais que uma família, mais do que parente”, afirma Antônio.

Para Maria Antônia, o amigo verdadeiro não avalia circunstância, ele sempre vai estar ali para o que der e vier. “A gente tem que ter amizade para ter com quem contar, alguns dizem que são amigos, mas quando você precisa, eles não estão”, aponta. “É uma amizade de consideração, de se abrir com aquela pessoa. Eu acho importante. A gente aqui é um pelo outro”, finaliza Antônio. E quando se trata de vizinhos que vivem na rua da Amizade, seria até irônico não poder contar. “Aqui é Amizade com Simpatia, não podia ser diferente”, brinca Antônio.

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