Claudinei Aparecido Pardinho, 40, é conhecido na cidade como Prado Junior, nome que ele passou a utilizar na carreira como radialista. Quem ouvia do outro lado era Anderson Costa de Souza, 34, técnico em eletrônica que conheceu pessoalmente o locutor quando realizou um trabalho em Rancho Alegre d'Oeste, a 20 km de Goioerê, cidade de origem. Os dois foram juntos para o bar após o expediente, atividade que repetiram muitas vezes no decorrer de uma amizade de quatro anos até a descoberta de que eram irmãos.

Anderson de Souza e Claudinei Pardinho: "Agora a relação ficou muito mais próxima"
Anderson de Souza e Claudinei Pardinho: "Agora a relação ficou muito mais próxima" | Foto: Facebook/Divulgação

“Minha mãe biológica era muito nova quando eu nasci, ela tinha 13 anos, não tinha mãe e o pai era muito bravo. Os vizinhos conversaram com ela para ela me doar para alguém cuidar”, conta Pardinho, sem mágoa. A mãe adotiva nunca escondeu que o filho tinha outra família. “Minha mãe branca, do olho verde, e eu negro, eu perguntava para ela”, recorda. Atualmente, os pais que educaram o locutor não estão mais vivos.

O mais novo não conhecia a história completa, mas ele e as duas irmãs sabiam que tinham um irmão perdido. Na outra ponta, o mais velho tentava encontrar a família em uma busca silenciosa. A situação não era muito comentada entre os amigos do bar. “Uma vez o dono do bar perguntou se a gente não era irmão, porque ele nos achava meio parecidos. Eu falei: 'Deus me livre ser irmão de uma tranqueira dessa'”, conta entre gargalhadas. Souza também tem riso fácil. “Como eu não sabia da história certinha, acabei levando na brincadeira”, afirma.

Nesse bar antigo da cidade, os dois tomaram muitas cervejas juntos e riram juntos em várias situações. “Um dia uma mulher me parou na rua, falou que eu parecia o Mussum, eu não sabia que esse era o apelido dele (Souza), então eu falei: 'vai saber, minha mãe que me pegou para criar falou que eu tinha uns parentes aqui'”, comenta o radialista. Essa mulher o levou até a casa da irmã, Sandra de Souza, que também viu semelhança entre os homens da família. Sua reação foi ligar para o irmão ir até o local. “Eu fui até lá, encontrei com ele, mas falei que não era, que estavam enganados. Inclusive, eu voltei para o meu trabalho, normal”, recorda Souza.

Foi com a chegada da mãe, Aparecida Costa, que a dúvida foi sanada. “Minha mãe chegou, olhou a cara dele e reconheceu. Ela quase teve um piripaque”, brinca Souza. A certeza veio com a cicatriz na perna que Pardinho ganhou ainda bebê e o nome da mulher responsável pela adoção que os dois guardavam.

Houve felicidade no reencontro, mas nem tanto... “Eu fiquei um pouco enciumado, na verdade. Era só eu de homem na família”, ri Souza. “Mas eu gostei, depois vieram os filhos dele, fizemos uma festa e foi uma alegria só. Eu nunca imaginei, para mim foi uma surpresa enorme, uma surpresa muito boa”, acrescenta.

“Nós ficamos bem amigões mesmo, porque são duas meninas e só ele de rapaz. Nós ainda achamos que não nos parecemos muito, mas a maneira de agir, de conversar, de se movimentar, é igual, não tem jeito. Ele é gente boa e eu também”, argumenta Pardinho, que exemplifica com algumas atitudes parecidas entre os dois.

“Antes era uma amizade de se encontrar no bar, a gente não frequentava um a casa do outro. Agora a relação ficou muito mais próxima, eu tenho mais contato com ele do que com as minhas irmãs. Vejo ele três ou quatro vezes na semana, falo: 'vamos sair junto? Eu estou precisando de você'. Hoje ele é o meu melhor amigo”, finaliza Souza.

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