Os temas utilizados para a redação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) contemplam eixos das Ciências Humanas: sejam eles políticos, culturais, sociais e até mesmo da tecnologia, oportunidade na qual componentes curriculares se misturam para explicar fenômenos sociais do nosso cotidiano. Por ocasião, as teorias trazidas pela área humana do conhecimento não podem ser deixadas de lado na hora de escrever, já que se bem usadas, servem como poderosos argumentos para a redação. Porém, tem que escolher com sabedoria para não ter efeito reverso.

O coordenador de Ensino Médio do Colégio Marista de Londrina, professor Nilson Douglas Castilho, pontua que para as Ciências Humanas ficarem em favor do aluno, é preciso que os conceitos e autores apresentados façam sentido com o tema da redação. Ele destaca que é necessário cautela na hora de formular os argumentos no texto, porque alguns autores já viraram moda. "Não se pode achar que Platão, Aristóteles e Karl Marx se encaixam em todo argumento de redação", explicou Castilho. Segundo ele, um erro dos alunos é de criar pequenas "regras" para o texto sem base nas Ciências Humanas, e então acreditar que qualquer conceito de determinado personagem pode dar fundamento à redação. Outro erro comum, apontado pelo professor, é do uso de autores famosos que foram usados nas questões dos cadernos de prova, retirando trechos das situações-problema. "Isso não vale. É preciso trazer coisas novas", acrescentou.

Até mesmo pensadores da atual geração também não escapam de serem citados nos textos. "O (Leandro) Karnal e o (Mário Sergio) Cortella estão sendo muito usados em argumentos da área da Educação. Até tempos atrás estava o (Zygmunt) Bauman e sua 'modernidade líquida'. Os professores já sabem que nomes muito fortes vão aparecer, mas ninguém ousa citar Foucault ou Nietzsche por exemplo, por saber da profundidade que eles tratam os assuntos. Existem muitos pensadores que podem ser uma melhor referência sobre determinado assunto", completou o Castilho, dando como exemplos o sociólogo Max Weber e filósofo e também sociólogo Émile Durkheim.

Nilson Douglas Castilho também deixou claro que a preocupação dos professores é que os termos e pensamentos dessas personalidades sejam vulgarizados. "A utilização em massa dos textos, para validar qualquer tipo de argumento, cria um desgaste". Para ele, a citação deve estar com ideias novas, pois caso o aluno transite apenas pelos textos de apoio, o ENEM classifica como falta de repertório e argumentação, sendo descontado na nota final.

Como as Ciências Humanas abrem um grande leque de ideias para a redação, o professor finalizando orientando que, em muitas vezes, menos é mais. "Existe a falsa impressão que um termo legal com frases longas vai deixar meu texto melhor do que o outro, ou que citei determinada pessoa. Se o 'mais do mesmo' couber, e o aluno der força a esse argumento, está valendo. Acima de tudo, é necessário fundamento em tudo o que for apresentado no texto."

OUÇA O PODCAST:

Folha de Londrina · FOLHA ENEM #11 - Ciências Humanas como repertório para a redação

ACESSE OS CADERNOS SIMULADOS E TESTE SEUS CONHECIMENTOS AQUI.

+ Caderno de Questões 11/ Matemática (18/10/2021)

+ Enem: matemática não deve ser um pesadelo, se você tem 'hábito de estudo'

+Educação financeira pode ser alternativa para resgate da matemática básica