São Paulo - O pequeno Dillon Helbig, 8, sabia que não devia ter colocado um caderno próprio na estante de uma biblioteca em Boise, no estado americano de Idaho, onde vive. "Foi uma coisa feia", admitiu ao jornal Washington Post. Mas o resultado da travessura foi "legal demais", como ele mesmo diz.

Nos EUA, já existe uma fila de leitores para comprar o livro artesanal que foi infiltrado numa biblioteca por menino de 8 anos
Nos EUA, já existe uma fila de leitores para comprar o livro artesanal que foi infiltrado numa biblioteca por menino de 8 anos | Foto: iStock

Isso porque há uma lista de 55 pessoas para comprar uma edição impressa do caderno do garoto, que começou a ser editada sob demanda, e uma enorme fila para pegar emprestado o original na biblioteca comunitária de Ada, onde foi depositado.

No caderno em questão, o menino escreveu à mão o livro "As Aventuras do Natal de Dillon Helbig", de 88 páginas, com tudo o que uma criança de 8 anos tem direito: muitas ilustrações, uma história cativante e uma série de erros de grafia -"christmas" ("Natal"), virou "Crismis", e o crédito da autoria, assinado "por Dillon ele próprio", traz "his self" no lugar de "himself" ("ele mesmo").

A obra é uma espécie de autoficção em que o próprio autor coloca uma estrela explosiva na árvore de natal, e o estrondo o leva de volta ao primeiro Dia de Ação de Graças -data importante na cultura americana - no Polo Norte.

Dillon colocou o caderno em uma estante infantil da biblioteca, durante uma visita ao local com a avó, no fim do ano passado, e só depois contou o que tinha feito. A família chegou a ir ao local em busca do caderno dias depois, mas não o encontrou, e a mãe procurou aos bibliotecários para perguntar se alguém tinha visto a obra e pedir que ela não fosse descartada.

O que não aconteceria, já que o livro "era obviamente um objeto especial demais para que a gente considerasse jogar fora", disse o gerente do local, Alex Hartman, ao Washington Post. Ele já havia descoberto o livro e levou para seu filho, de 6 anos, que considerou aquele um dos livros mais divertidos que já havia visto.

"Dillon é um cara confiante e generoso. Ele queria compartilhar a história", disse o gerente à imprensa americana. "Não acho que seja uma coisa para se autopromover. Ele só queria, de verdade, que outras pessoas pudessem aproveitar a história. Ele vem à biblioteca a vida toda, então sabe como os livros são divididos", afirmou.

A biblioteca considerou que o livro poderia estar ali, já que cumpria os critérios de seleção do acervo, com uma história de alta qualidade e divertida, e pediu permissão à família do garoto para colocar um código de barras e incluir formalmente o livro na coleção do local.

Hoje, o livro pode ser encontrado na seção de graphic novels, e Dillon ganhou o Prêmio Whoodini para o Melhor Jovem Romancista, criado pela biblioteca para laurear a criança.

Desde que a história começou a sair na imprensa local, o livro começou a ser impresso sob demanda e a biblioteca pediu à família que considerasse uma versão em ebook.

Seja qual for a plataforma, os fãs já podem comemorar a notícia de que Dillon está escrevendo uma sequência da história, desta vez com a participação de seu cachorro, Rusty. O autor também vai se arriscar em novos temas, com um livro sobre um armário que come jaquetas.

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