A Estação Primeira de Mangueira foi a grande campeã do Carnaval 2016 com a homenagem que fez à Maria Bethânia. Focado na religiosidade da intérprete baiana, o enredo da escola de samba carioca dedicado A Menina dos Olhos de Oyá serviu de inspiração para o documentário “Fevereiros”. O longa-metragem dirigido por Marcio Debellian acompanhou todas as etapas da concepção do vitorioso desfile carnavalesco e também registrou cenas da cantora em festas religiosas e familiares de Santo Amaro da Purificação, sua cidade natal. Após ser exibido em dezenas de festivais de cinema pelo mundo, em países como França, Suíça, Espanha e Itália, e em salas de cinema brasileiras antes da pandemia, o longa-metragem acaba de ser lançado em DVD pela gravadora Biscoito Fino.

Maria Bethânia no desfile da Mangueira em 2016: escola foi campeã homenageando a cantora
Maria Bethânia no desfile da Mangueira em 2016: escola foi campeã homenageando a cantora | Foto: Divulgação

O documentário reúne cenas que mostram detalhes da criação do carnaval da Verde e Rosa em homenagem a Bethânia, desde os desenhos das primeiras alegorias, até os desfiles no Sambódromo carioca. "O que me interessou desde o início, independente do resultado que o carnaval viria a ter, foi o recorte que a Mangueira escolheu para o enredo. Entre as inúmeras possibilidades de se homenagear Maria Bethânia, a escola escolheu tratar da sua devoção religiosa, do seu sincretismo pessoal que junta o candomblé, devoção católica e sabedorias herdadas dos índios", lembra o diretor Marcio Debellian, já havia dirigido o documentário “O Vento Lá Fora” (2014), que cria um retrato de Fernando Pessoa a partir da leitura de poemas por Cleonice Berardinelli e Bethânia.

FOLHA 2

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O ambiente familiar e religioso da cantora também é retratado nas filmagens, mostrando uma viagem de Bethânia para o Recôncavo baiano para participar das festas em Santo Amaro da Purificação, universo que inspirou o enredo. Neste trânsito entre o Rio de Janeiro e a Bahia, "Fevereiros" depara-se com questões históricas como o surgimento do samba, a tolerância religiosa e o racismo. "O Recôncavo baiano, região onde Bethânia nasceu, tem a particularidade de ter sido o lugar no Brasil que mais recebeu negros escravizados trazidos da África. A Bahia soube misturar as tradições africanas, indígenas e portuguesas e transformá-las em expressões originais brasileiras", define Debellian.

Depoimentos de outros grandes nomes da música popular brasileira, como Caetano Veloso e Chico Buarque também estão presentes em “Fevereiros”. Há ainda entrevistas com o carnavalesco da Mangueira Leandro Vieira, o historiador Luiz Antonio Simas, a poeta Mabel Velloso, irmã de Bethânia, e do porta-bandeira da Mangueira Squel Jorgea. O documentário é uma produção da Debê Produções, em coprodução com Globo Filmes, GloboNews e Canal Brasil.

Confira aqui o trailer do DVD.

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