A explosão da cultura K

Dez anos depois do fenômeno musical k-pop conquistar o planeta, com músicas populares coreanas invadindo as paradas mundiais de sucesso, é a vez dos k-dramas expandirem o seu público. Séries e filmes produzidos na Coreia do Sul têm atingido audiências cada vez maiores pelo mundo afora. O sucesso da dramaturgia do país asiático é tão grande que a Netflix anunciou há algumas semanas que investiu cerca de 700 milhões de dólares em mais de 80 séries sulcoreanas entre 2015 e 2020.

Os investimentos da Netflix em produções sulcoreanas tiveram início em 2017, com a produção do longa original “Okja”, do diretor coreano Bong Joon Ho (vencedor do Oscar 2020). Em 2019, a gigante do estreaming firmou parcerias duradouras com dois dos maiores estúdios do país, CJ ENM/Studio Dragon e JTBC. Atualmente, a Netflix tem levado seriados e filmes do país asiático a telespectadores de 190 nacionalidades. Entre os seriados coreanos mais acessados estão “Kingdom”, “Pousando no amor” e “Tudo bem não ser normal”.

A popularidade das produções asiáticas tem levado outras plataformas de streaming a também investir no segmento. Um exemplo é a Loading, player de conteúdo audiovisual com foco em cultura pop, que anunciou a estreia de Iris 2, novela com 20 capítulos que poderá ser vista a partir da próxima quinta-feira (03), às 16h45.

O boom da cultura sul-coreana tem sido amplificado na última década pelo sucesso de astros do K-Pop. Já as produções audiovisuais daquele país foram elevadas a outro patamar depois que o filme “Parasita” quebrou barreiras que até então pareciam intransponíveis. Focado nas desigualdades sociais e nas mazelas enfrentadas pela população pobre da Coreia do Sul, o longa-metragem dirigido por Bong Joon Ho conquistou quatro prêmios no Oscar 2020, incluindo o de melhor filmes, além de melhor diretor, roteiro original e melhor filme estrangeiro. O drama já havia ganhado a Palma de Ouro no Festival de Cannes 2019 e o Globo de Ouro de "melhor filme em língua estrangeira 2020", duas das mais prestigiadas premiações cinematográficas do mundo.

Você pode gostar de ler:

+ Projeto Viva Elis promove live com Simone Mazzer

+ Qual o fruto azedo de casca amarela da Amazônia?

+ Documentário “Fevereiros” é lançado em DVD

A pandemia também tem colaborado com a popularização das produções sul-coreanas. Durante o isolamento social adotado para evitar a proliferação de covid-19 no ano passado, os brasileiros aproveitaram o serviço de streaming para ver conteúdos de outros países. Em 2020, as produções da Coreia do Sul bateram recorde de audiência, registrando um aumento de 120% em relação a 2019, conforme dados da Netflix. O grande destaque da temporada foi o filme coreano de zumbis #Alive.

MUITO MAIS QUE DRAMAS

Apesar de serem conhecido por k-drama, há produções coreanas de todos os gêneros sendo exportadas pelo mundo afora, incluindo comédias românticas, filmes ficção científica, de ação e aventura, além de dramas também. Seriados como “My Mister”, que chegou ao catálogo da Netflix, em 2020 após quase dois anos de sua exibição na Coreia do Sul exploram diversos aspectos culturais daquele país. Entre eles, a culinária com pratos típicos, como kimpab e tteokbokki, além da bebida tradicional: o famoso Soju, que é um destilado de arroz. Hábitos como tirar o sapato na entrada de casa, frequentar karaokês e encontros em barracas chamadas de pojangmacha estão entre os hábitos locais retratados por meio dos personagens da série.

INVESTIMENTO GOVERNAMENTAL

O amplo investimento estatal está entre os fatores apontados por especialistas como determinantes para a popularização das produções sul-coreanas. O governo da Coreia do Sul mantém um projeto contínuo de exportação e desenvolvimento da economia criativa por meio de institutos de apoio ao audiovisual. Para driblar a crise durante a pandemia, foi anunciado um investimento de 1,69 trilhão de wones (cerca de R$ 7,2 bilhões) em fundos de assistência para apoiar criadores de conteúdo a financiarem seus projetos.

K-POP, O INÍCIO DE TUDO

O Brasil está entre as dezenas de país que foram invadidos pelo fenômeno “Gangnam Style”, música do rapper Psy que estourou no mundo todo em 2012. O hit se tornou o primeiro vídeo musical do YouTube a atingir um bilhão de visualizações e abriu as portas vários outros astros do K-pop. A estudante universitária londrinense Grazielli Santos, 21 anos, conheceu o k-pop quando tinha 10 anos de idade e se apaixonou pela cultura coreana. "Meu primeiro contato foi em 2009, com uma amiga que veio do Japão. Na época o k-pop não era muito conhecido aqui no Brasil”, comenta.

Grazielli conta que a primeira coisa que chamou sua atenção foram as coreografias das músicas coreanas. “A coreografia das músicas me chamou muito a atenção e com isso fui atrás de mais vídeos e músicas para ver. Anos depois me apaixonei pelos K-dramas. Hoje em dia estudo coreano para aprender mais sobre a cultura em si pois acho muito rica”, diz.

Os grupos de k-pop preferidos da londrinense são BTS, Exo, IU, CL e Park Bom”. “Já entre os seriados de k-dramas, meus favoritos são “Chicago Typerwriter”, “Suspicious Partner” e “While You Were Sleeping”, acho que todos tem um empoderamento feminino. Filmes tem “O Milagre da Cela 7”, “Parasita” e “Trem para Busan”, detalha.

A paixão pela cultura sul-coreana motivou a londrinense a fazer lives voltadas a games e k-pop. Os vídeos transmitidos por ela podem ser acessados neste link. “Também temos grupos no Instagram. Lá colocamos sempre notícias sobre lançamentos de k-pop", informa sobre a página instagram.com/kpopbrasil.ofc.

CONFIRA:

Ouça um aqui um dos maiores sucessos da banda k-pop BST

Assista ao trailer do k-drama Iris II