Na última crônica, por engano ficaram faltando dois parágrafos finais:

“Com os filhos, ganhamos uma coleção de surpresas no tempo, descobrindo como será cada um como ser único, com sua cesta de defeitos e virtudes, gostos e manias, seu jeito de ser. Suas vocações, suas transformações, sua vida no mundo enfim, são filmes ao vivo. Mas só quem tem filhos pode saber disso, ou melhor, pode sabê-lo.

O próprio Vinicius, aliás, termina o poema renegando a amargura inicial: “Chupam gilete / bebem xampu / ateiam fogo / no quarteirão / porém que coisa / que coisa louca / que coisa linda / que os filhos são!”

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Sumiço de palavras é daquelas coisinhas que irritam, deixando a gente a se perguntar porque comigo. Como quando você aperta o botão e o elevador abre lotado.

Ou você vai cortar aquele biquinho plástico do frasco de mel, corta demais e depois a tampa não mais fecha direito.

Ou, em café da manhã de hotel, você quer mel mas só tem naquela embalagenzinha que o dono da indústria devia ser filmado tentando abrir, ô coisinha!

E os caixas eletrônicos continuam a pedir “solicite senha” em vez de “digite senha”. Faz décadas que erros grosseiros de linguagem grassam nas telas, num descarado desprezo pela nossa língua, decerto porque ninguém reclama disso...

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. | Foto: Dalva Vidotte/ Divulgação

Por falar em telas, outra coisinha irritante é o desfile de logomarcas antes dos filmes. Dá saudade do tempo de uma logomarca só, Columbia, Metro, Condor com seu passarão que a gente enxotava gritando xô, xô, e ele voava pro fundo da tela. Bom hoje é que essa exibição multinacional de marcas mostra que o cinema globalizou, mas algumas são tão super produzidas que a gente pensa que o filme já começou, ô coisa!

E a tecnologia, com os bancos digitais, se não acabou está acabando com outras coisinhas degradantes, as taxas bancárias. E pensar que, antes, sempre pagamos aos bancões para lidarmos com nosso dinheiro com que eles lucram emprestando a outros...

É coisa a lembrar que, durante décadas, pagamos nas contas telefônicas uma “sobretarifa” de 10% para um tal Fundo Nacional de Telecomunicações, para melhorar nossa telefonia, que só melhorou com o fim do monopólio estatal e suas taxas sem contrapartida e nem prestação de contas.

Mas aí já são coisinhas que, somando milhões de otários e bilhões de tostões, viraram coisas que atrasam o Brasil. Como as tantas e altas taxas para comércio e indústria, exportações e importações, esteios da economia sugados pelo Estado, ou as taxas cartorárias, como o reconhecimento de firma dispensado pelo Código Civil mas exigido pela burocracia oficial.

Outra coisinha infame é aquela placa nas repartições, avisando que destratar funcionário público é crime. Falta outra ao lado avisando que negligência no serviço público também é crime.

Talvez tudo melhore quando, nas propagandas políticas, tiver de aparecer legenda assim nas gravações em estúdio: “O candidato está falando texto escrito no teleprompter”.

E que coisa, hem, começamos falando de coisinhas e chegamos a essa coisona com tanta coiseira por consertar, o Brasil, ou seja, os brasileiros.

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A opinião do colunista não reflete, necessariamente, a opinião da Folha de Londrina.

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