Reconhecida pelo tradicional virtuosismo em cena, a companhia londrinense Tangará abriu mão de números circenses convencionais para investir em elementos contemporâneos na concepção de seu mais novo espetáculo, intitulado “Conexão”. Concebida de forma coletiva a partir de reflexões sobre os laços que conectam os integrantes do grupo criado há 13 anos, a montagem que entrou em sua segunda temporada neste final de semana une circo, dança e teatro. O resultado é um trabalho marcado por acrobacias, coreografias e imagens que têm encantado o público local.

O que nos conecta? Qual foi a sucessão de fatos que nos trouxe até aqui? Essas e outras reflexões inspiraram a montagem de “Conexão”. Os ensaios tiveram início em 2019, enfrentando o desafio de criar uma montagem em plena pandemia da Covid-19, sempre seguindo as determinações sanitárias. Neste contexto, as conexões foram fundamentais para garantir a realização da montagem.

A Cia Tangará traz na bagagem a experiência de uma família que soma mais de sete décadas nos picadeiros
A Cia Tangará traz na bagagem a experiência de uma família que soma mais de sete décadas nos picadeiros | Foto: Fotografe.co/ Divulgação

“Nesse espetáculo abrimos mão do virtuosismo circense tradicional para criar um trabalho totalmente distinto do que vínhamos fazendo. Ao invés de apresentar números individuais, criamos um único ato em que os integrantes do grupo ficam em cena o tempo todo e usam o corpo com vigor e teatralidade para criar cenas muito bonitas e vigorosas que têm sido bastante elogiadas pelo público que lotaram todas as sessões que realizamos até agora”, destaca Pedro Giovani Queisada, que assina a direção da montagem com Juliana Marques Ribeiro, sua esposa.

Ele comenta que todo o processo de criação da montagem foi realizado de forma coletiva e que os ensaios tiveram que ser fragmentados por conta da pandemia de Covid-19. “Optamos por dividir o grupo de 15 integrantes em três e realizar os ensaios de forma virtual até podermos retomar os trabalhos de forma presencial em meados do ano passado. Foi um grande desafio, mas valeu a pena pela receptividade que tivemos do público”, relata sobre o espetáculo que estreou em outubro de 2020”.

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Resistência NA pandemia

Habituado a enfrentar os obstáculos típicos de quem sobrevive de arte do Brasil, Queisada ressalta que o grupo conseguiu resistir durante a pandemia graças ao apoio de patrocinadores. “Toda a trajetória do circo brasileiro é marcada pela resistência. Só conseguimos sobreviver durante a pandemia porque o espetáculo “Conexão” já havia sido aprovado pelo Profice [Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura do Paraná] e porque tivemos patrocínio da Havan”, detalha.

Ao invés de números individuais, foi criado um único ato em que os artistas usam o corpo com vigor e teatralidade
Ao invés de números individuais, foi criado um único ato em que os artistas usam o corpo com vigor e teatralidade | Foto: Fotografe.co/ Divulgação

Nos picadeiros de Londrina

Convidado para participar de grupos de circo da cidade após entrar em contato com a arte circense ainda na adolescência por meio de um projeto social, Pedro Giovani Queisada avalia Londrina como um grande celeiro para os artistas dos picadeiros. “Todo o Paraná tem um cenário circense bastante forte e Londrina é reconhecida por abrigar grandes profissionais da área. muitos deles se formaram em projetos sociais, como a Rede Cidadania que existiu há alguns anos, e pela Escola Municipal de Circo que até hoje atua na Zona Norte. Outras grandes referências da área na cidade são o Palhaço Xupetin e a companhia Clac, que existe há muitos anos”, conclui.

Vila Cultural circense

Desde 2019, a companhia Tangará conta com sua sede própria, o Barracão Tangará, situado na Rua Augusto Severo, 544, Bairro Aeroporto. “Com apoio do Profice [Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura do Paraná] criamos uma vila cultural. Esse espaço é usado para os ensaios do nosso grupo e também para a realização de diversos eventos culturais ao longo do ano, além disso, também abrirmos a agenda sempre que possível para que outras companhias de dança e teatro possam realizar seus ensaios naquele ambiente”.

REFERÊNCIA QUE ATRAVESSA GERAÇÕES

Criada há 13 anos, a companhia londrinense Tangará traz na bagagem a experiência de uma família que soma mais de sete décadas em cima dos picadeiros. “Meu sogro, Carlos Tangará, nasceu em uma família circense que é referência em todo o país. Além dele minha sogra, minha esposa e minha filha também integram o grupo, ou seja, são quatro gerações em cena. Não é à toa que o nosso trabalho é reconhecido dentro e fora do Brasil, pois absorvemos toda a experiência de quem conviveu com o circo desde que nasceu. Frequentemente somos convidados para participar dos maiores eventos circenses do mundo, como é caso do Festival Mundial de Circo que acontece em Belo Horizonte; Festival de Circo do Brasil, promovido em Recife; e Festival Mundial de Demain, que ocorre em Paris”, enfatiza.

Serviço:

Espetáculo “Conexão”, da Companhia Tangará

Quando: quinta feira (10) a domingo (13), às 20 horas

Onde - Barracão Tangará (Rua Augusto Severo, 544, Aeroporto)

Quanto – R$ 10

Ingressos à venda no Sympla

A Cia Tangará abriu mão de números circenses tradicionais para investir em elementos contemporâneos na concepção do espetáculo
A Cia Tangará abriu mão de números circenses tradicionais para investir em elementos contemporâneos na concepção do espetáculo | Foto: Fotografe.co/Divulgação

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