Depois de receber o segundo aporte em menos de um ano, a empresa de soluções de proteção de identidade digital unico, de São Paulo, se tornou a mais nova unicórnio brasileira - empresa avaliada em mais de US$ 1 bilhão. O aporte de R$ 625 milhões em rodada Série C foi liderado pelos fundos SoftBank e General Atlantic. No final de 2020, a unico já havia recebido investimento de R$ 580 milhões dos mesmos fundos, e de R$ 40 milhões da Igah Ventures.

Marcelo Zanelatto, diretor de produtos da unico: empresa é uma unicórnio 'de pé vermelho'
Marcelo Zanelatto, diretor de produtos da unico: empresa é uma unicórnio 'de pé vermelho' | Foto: Divulgação/unico

A empresa adquiriu em 2017 a Arkivus, de Londrina. O interesse pela Arkivus teria surgido por causa de sua solução de biometria facial voltada a empresas, para prevenção de fraudes. Em 2015, o faturamento da Arkivus chegava a R$ 1 milhão e a carteira de clientes contava com 2 mil lojas do varejo.

Hoje, a solução de biometria facial é responsável por 60% do faturamento da unico e é a que apresenta maior crescimento. Por esse e outros motivos, o londrinense Marcelo Zanelatto, diretor de produtos da empresa, considera a unico é uma unicórnio "de pé vermelho".

"A grande contribuição que a teve a solução criada pela Arkivus é a construção de uma base de identificação de pessoas através de biometria facial", contou ele em entrevista à FOLHA.

Só no primeiro semestre, a unico autenticou mais de cem milhões de brasileiros e protegeu mais de 900 mil de fraudes, destacou Zanelatto. "A gente protege um brasileiro a cada 12 segundos."

Segundo o diretor, os novos aportes serão aplicados em várias frentes. Uma delas é o aumento do time. No último ano, a unico triplicou seu quadro de pessoas, chegando a quase 700 profissionais, e a expectativa é contratar mais, inclusive em Londrina. No momento, a empresa tem 100 vagas abertas. "Londrina é polo de tecnologia, tem bons profissionais. Sempre que abre vaga, buscamos muito na região. Apesar de as vagas serem abertas para o Brasil inteiro, Londrina ainda vai ter uma sede", salienta Zanelatto.

A segunda frente é a aquisição de empresas complementares às suas estratégias. Mais recentemente, a IDTech anunciou a aquisição da CredDefense, complementando as áreas de tecnologia e desenvolvimento da biometria facial. Mas as aquisições da unico começaram em 2009, com a compra da dotBR, desenvolvedora de software de gerenciamento de documentos e workflow. Depois da aquisição da Arkivus, em 2017, foi a vez da gaúcha Meerkat, de análise de imagens, em 2020, e da Vianuvem, startup de gestão de processos digitais para vendas de automóveis em maio de 2021.

A terceira frente é a expansão orgânica das soluções já existentes.

A meta audaciosa da nova unicórnio é se tornar uma big tech (grande empresa de tecnologia) ao lado de companhias como Google e Facebook, afirma o diretor. "Queremos mostrar ao mundo que uma empresa dessa pode ser do Brasil, não só do Vale do Silício. Chegar a ser uma unicórnio mostra que estamos no caminho certo."

Para conquistar esta meta, a empresa aposta na contratação de executivos experientes dos mais elevados níveis de grandes empresas, como 99, Google, Salesforce e Microsoft. Expandir os produtos líderes de mercado para o mercado internacional e desenvolver tecnologia proprietária de ponta são outros caminhos tomados pela unico, aponta Zanelatto. "Muitas empresas que fazem aquisições cometem o erro de não produzir novos produtos internamente. Queremos ser como a Google, que compra empresas que fazem sentido e ao mesmo tempo desenvolvem produtos internamente", detalha o diretor.

Fundada em 2007, a unico é sediada em São Paulo e possui escritórios em Londrina, Porto Alegre, Rio de Janeiro e em Bebedouro (SP). Hoje, cerca de 800 empresas utilizam as suas soluções, entre elas os maiores bancos, varejistas, fintechs, e-commerces, indústrias e telecoms, como Magalu, Pernambucanas, C6Bank, Banco Original e B2W.