A Acesso Digital, empresa de tecnologia de reconhecimento facial com sede em São Paulo, recebeu aporte de R$ 580 milhões de dois dos maiores fundos de investimento de tecnologia do mundo - a SoftBank Latin America Fund, que já realizou investimento em empresas como Loggi e Banco Inter, e a General Atlantic, que já investiu em unicórnios como XP, GymPass e QuintoAndar.

Imagem ilustrativa da imagem Acesso Digital recebe aporte e vai contratar em Londrina
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A maior parte do valor será investido na área de biometria facial da empresa, com a contratação de engenheiros para a área de desenvolvimento, que fica na unidade de Londrina - a ex-Arkivus, adquirida pela Acesso em 2017. O aporte também terá o objetivo de acelerar o processo de aquisição de empresas com soluções na área de biometria facial.

Segundo Diego Martins, fundador e CEO da Acesso Digital, este é o segundo aporte já recebido pela companhia e o segundo maior investimento realizado no Brasil este ano. Em janeiro, a Acesso recebeu investimento de R$ 40 milhões com a Igah Ventures. Este também é o primeiro aporte já feito pela SoftBank em uma empresa do Sul do País.

O interesse na Acesso Digital se justifica pelo grande potencial de crescimento da tecnologia de biometria facial, especialmente depois da pandemia, afirma Martins. "A pandemia acabou mostrando que existe uma necessidade de identificar as pessoas de forma segura."

A Softbank é um dos maiores investidores desse tipo de tecnologia na China, e como o Brasil possui a segunda maior base biométrica do mundo, o aporte em uma empresa de reconhecimento facial no País foi uma consequência natural, acrescenta Martins. "Foi por conta da experiência com empresas na China que deram certo nessa área que eles nos procuram."

A Acesso vai contratar cerca de 200 profissionais com conhecimento na área de IA (Inteligência Artificial). Parte das vagas já está disponível no site da Acesso (https://carreiras.acessodigital.com.br/).

Com a abertura de vagas para desenvolvimento de software, a Acesso espera ser a empresa com maior número de contratações na cidade nos próximos meses. A contratação de profissionais na área de desenvolvimento deverá suprir as necessidades da companhia no desenvolvimento de soluções utilizando a sua base de biometria facial. O objetivo é fazer com que a biometria saia do mundo digital e avance sobre o mundo físico, auxiliando pessoas a realizarem pagamentos, check-in no aeroporto e em hotéis sem preencher formulários, e a entrarem no quarto do hotel sem utilizar cartão, por exemplo. "O objetivo é fazer com que a pessoa consiga fazer tudo pela face, levando a tecnologia para o mundo físico", resume Marcelo Zanelatto, diretor de tecnologia da Acesso Digital.

O desafio será encontrar mão de obra especializada e que aceitem o desafio, diz Martins. "O desafio será achar desenvolvedores que acreditem que a partir de Londrina, consiga construir uma tecnologia para concorrer com os chineses e os americanos. Não adianta ter vagas e não conseguir encontrar pessoas aptas para o desafio."

Segundo o CEO, a "régua de contratação" se compara com a de empresas como Google e Facebook. "As pessoas que avaliam o time de engenharia trabalham com a Google e estão trabalhando com a gente. Mais que abrir vagas, fechar as vagas será o desafio."

Outro desafio citado por Martins será a competição com empresas globais que estão mantendo funcionários em home office em suas cidades de origem com salários pagos em dólar. "A competição na pandemia aumentou ainda mais."

Para se aproximar de potenciais colaboradores, a Acesso Digital tem parceria com o Hub de IA do Senai, em Londrina, e tem se aproximado de universidades. Em Curitiba, a empresa tem parceria com a UFPR (Universidade Federal do Paraná) com bolsas de auxílio a profissionais que queiram fazer mestrado ou doutorado em áreas de interesse da empresa a fim de estimular que eles permaneçam no Brasil.

CRESCIMENTO

Até 2021, a meta da companhia é ter todos os brasileiros cadastrados na sua base biométrica e dobrar a receita. "No final do ano passado chegamos aos R$ 75 milhões e queremos chegar a R$150 milhões esse ano e conseguir fazer isso de novo ano que vem. Dobrar o tamanho do time e a receita no ano que vem", diz o CEO.

A solução de biometria facial, que se tornou o principal produto da Acesso Digital e é o foco do aporte recebido, foi desenvolvida pela ex-Arkivus, de Londrina. "Quando abri a empresa, em 2008, nunca imaginei que estaria numa posição dessas, com uma tecnologia que atrairia investimento dos maiores fundos de tecnologia do mundo", comenta Marcelo Zanelatto.