Representantes de sete entidades de Londrina se reuniram na manhã desta quinta-feira (30) para pedir mais clareza e justificativas técnicas sobre a decisão relacionada ao fechamento do comércio e a interrupção de serviços nos setores da indústria e da construção civil.

Imagem ilustrativa da imagem Entidades pedem explicações técnicas para fechamento do comércio
| Foto: Viviani Costa/Grupo Folha

Nesta semana, a desembargadora Maria Aparecida Blanco de Lima, da 4ª Câmara Cível do TJPR (Tribunal de Justiça do Paraná) concedeu liminar suspendendo o decreto municipal que permitia a reabertura do comércio. A decisão também suspendeu parcialmente os efeitos dos decretos municipais 458/2020 e 459/2020, que tratam da retomada das atividades da indústria e da construção civil. A prefeitura foi notificada oficialmente nesta quarta-feira e ingressou com recursos em Curitiba e em Brasília. Na manhã desta quinta, grande parte das lojas abriu normalmente.

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Diante do impasse, os representantes das entidades cobraram detalhamentos técnicos que justifiquem a necessidade de uma nova interrupção dos serviços, o que poderia ocasionar mais demissões. “A gente já vem de um sofrimento muito grande. Várias empresas fecharam e a gente queria um pouco mais de clareza de tudo o que está acontecendo. O pedido de fechamento nos traz uma insatisfação muito grande. As autoridades afirmam que Londrina está preparada. Todos seguiram os protocolos da melhor maneira possível. Aceitamos o fechamento, aceitamos todas as solicitações técnicas que foram feitas para nós, mas queremos passar que economia e saúde devem andar juntas porque pode acontecer uma tragédia muito grande. Não é só a Covid-19 que mata. Outras situações podem acontecer e o setor está muito apreensivo”, comentou o presidente da Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina), Fernando Moraes.

O comércio de rua interrompeu as atividades durante um mês e retomou o funcionamento no último dia 20 em horário reduzido, das 10h às 16h. Desde então, centenas de pessoas passam pela região central diariamente. No agravo de instrumento apreciado no TJPR, o Ministério Público ressaltou a preocupação para o aumento no número de casos do novo coronavírus na cidade e questionou a flexibilização do isolamento social.

Moraes disse esperar agilidade na análise dos recursos protocolados pelo município para que, em conjunto com o Coesp (Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública), as autoridades possam avaliar as próximas medidas a serem adotadas na cidade. O Coesp é um comitê composto por profissionais da área da saúde que debatem as formas de conter o avanço da pandemia em Londrina.

“Sabemos desde o início que o comércio poderia fechar novamente, mas tecnicamente se tivesse ocupação dos leitos, falta de EPIs [Equipamentos de Proteção Individual] ou contaminação mais rápida”, completou Moraes.

O presidente do Sinduscon Norte/PR (Sindicato da Indústria da Construção Civil), Sandro Nóbrega, reforçou a preocupação com uma nova paralisação e garantiu que todo o setor produtivo está adotando as medidas necessárias para evitar a transmissão do novo coronavírus.

“Não tem como parar de uma hora para outra. A construção civil tem cargas sendo recebidas, trabalhos que podem se perder. Você não abandona uma ferramenta no meio do caminho e volta para casa”, argumentou. Segundo ele, além dos motivos técnicos, seria necessário um prazo para a interrupção das atividades.

“O grande apelo é o seguinte. Temos um município que precisa funcionar. Essa população vai ficar vulnerável se fechar comércio e indústria. Essa população vai ficar com suas famílias em situação de fragilidade. Pode haver morte por outros motivos: violência, dengue, fome e outras doenças. Quem vai ser o responsável por isso?”, questionou Nóbrega.

“Nosso apelo aqui é o clamor pelos nossos trabalhadores que já estão ficando desempregados. Não tem atividade produtiva que se sustente sem faturamento. A cadeia produtiva é muito extensa. Cada parada dessa custa muito para a empresa. Esse clamor que a gente faz é pela sustentabilidade da nossa população”, acrescentou o presidente do Sindimetal Norte PR (Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico), Marcus Gimenes.

Gimenes ressaltou que 70% do PIB (Produto Interno Bruto) da cidade vêm do setor de serviços e há segmentos como hotéis e eventos que não terão como reparar os prejuízos acumulados.

Embora aguardem a análise dos recursos protocolados pelo município, os representantes dos setores da indústria e da construção civil orientam que os empresários se preparem para uma nova paralisação a partir de segunda-feira. Porém, no entendimento do Sincoval (Sindicato do Comércio Varejista de Londrina), as lojas devem permanecer abertas. O presidente do sindicato, Ovhanes Gava, afirmou que, com a suspensão do decreto que previa a reabertura das lojas em horário reduzido, o comércio poderá funcionar normalmente inclusive até às 18 horas, seguindo o que consta no Código de Posturas do Município.

“Acabou o decreto. Entendemos que quem tem autonomia é o município. Baseado que o município tem essa prerrogativa nesse impasse, nós entendemos que enquanto não se define ou reconsidere, vamos levar em consideração o Código de Posturas”, defendeu. Gava preferiu aguardar os próximos dias para se manifestar sobre a abertura das lojas neste sábado (2), como prevê o Código de Posturas.

Também participaram da coletiva de imprensa representantes da Abrasel Londrina (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de Londrina), do Sescap (Sindicato das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações, Pesquisas e de Serviços Contábeis de Londrina e Região) e da Sociedade Rural do Paraná.