Cirurgia robótica traz precisão e segurança no tratamento de pacientes
No Hospital Evangélico de Londrina, a parceria entre o homem e a máquina já rendeu 20 cirurgias em um mês de trabalho
PUBLICAÇÃO
domingo, 08 de setembro de 2024
No Hospital Evangélico de Londrina, a parceria entre o homem e a máquina já rendeu 20 cirurgias em um mês de trabalho
Jessica Sabbadini - Especial para a Folha
Ao pensar no bem-estar, na segurança e na recuperação de pacientes, a tecnologia tem que ser vista como aliada e parceira dos profissionais da medicina. No Hospital Evangélico de Londrina, a tecnologia e a robótica já vêm rendendo frutos, com mais de 20 cirurgias realizadas nos últimos 30 dias. E a missão vai além de ajudar os pacientes, já que a capacitação de novos cirurgiões também está nos planos do hospital.
Ricardo Brandina, urologista e coordenador do Serviço de Cirurgia Robótica do Hospital Evangélico de Londrina, explica que os procedimentos cirúrgicos utilizando plataformas robóticas já são uma realidade dentro de mais de 100 hospitais brasileiros. A tecnologia surgiu na década de 1980, nos Estados Unidos, e foi evoluindo conforme os anos, proporcionando diversos benefícios no tratamento de pacientes. “Não é mais uma tecnologia do futuro”, garante.
Apesar do nome, a plataforma robótica é muito diferente daqueles robôs vistos em filmes e séries de ficção. Antes, os procedimentos cirúrgicos eram feitos através de grandes cortes, o que tornava a recuperação lenta e dolorosa. Com a evolução da medicina, a cirurgia laparoscópica foi ganhando espaço por ser minimamente invasiva, ou seja, eram feitos pequenos cortes por onde eram inseridos uma câmera e os instrumentos médicos. Apesar dos benefícios, o procedimento não era tão preciso e, por vezes, o paciente ficava com sequelas.
O urologista explica que a cirurgia robótica é uma evolução do procedimento laparoscópico, já que são feitas pequenas incisões por onde as pinças do robô são inseridas. O resultado, segundo ele, é um procedimento muito mais seguro e preciso, permitindo que a recuperação do paciente também seja muito mais rápida.
A cirurgia robótica só é possível graças à junção da tecnologia com o profissional da medicina, responsável por comandar o robô. A plataforma robótica é divida em três partes: os braços, onde são acoplados os instrumentos; a plataforma de vídeo, por onde o médico acompanha o procedimento; e o console, semelhante a um joystick, em que o profissional controla todos os braços, que reproduzem os movimentos através das pinças. “O robô não opera sozinho. Ele precisa de um médico bem capacitado e habilitado para poder operar”, reforça.
Hoje, a área da medicina que mais utiliza a cirurgia robótica é a urologia, principalmente para o tratamento do câncer de próstata, o segundo tumor que mais afeta os homens. Mas não se limita apenas a esse campo, já que a tecnologia também pode ser aplicada em procedimentos ginecológicos, oncológicos, torácicos, de cabeça e pescoço e na cirurgia geral.
“Em qualquer especialidade que trabalhe dentro de uma cavidade, essa plataforma pode ser utilizada”, aponta. Nos casos envolvendo o câncer de próstata, por meio dos movimentos delicados da cirurgia robótica, é possível preservar estruturas para que o paciente não tenha sequelas, como a incontinência urinária, por exemplo. Quando se fala em recuperação, ele garante que em 95% dos casos o paciente consegue ir para casa um dia após a cirurgia; antes, a alta acontecia apenas no terceiro ou quarto dia.
No Hospital Evangélico, a cirurgia robótica está a todo vapor
Com mais de 100 plataformas robóticas instaladas no Brasil, Brandina explica que ainda faltam profissionais capacitados para trabalhar com essa tecnologia, já que é necessário uma parceria entre homem e máquina para que a cirurgia aconteça. Antes, o caminho era fazer a capacitação no exterior; agora, o número de cursos vem crescendo no país.
O Hospital Evangélico de Londrina, segundo ele, vai oferecer a capacitação, aliando o treinamento virtual à prática dentro do hospital, tanto em simulador quanto em cirurgias reais na companhia de profissionais já habilitados. “O Hospital Evangélico tem a missão de não só ajudar os pacientes, mas disseminar a tecnologia para outros cirurgiões”, afirma.
Há mais de 20 anos se dedicando à cirurgia robótica, Ricardo Brandina afirma que desde o início, quando existiam pouquíssimos robôs no Brasil e restritos apenas às metrópoles, tinha a convicção de que as plataformas robóticas vinham para contribuir no tratamento aos pacientes. Sabendo de todos os benefícios, o Hospital Evangélico de Londrina não ficou para trás e adquiriu o Da Vinci Xi, o modelo mais moderno disponível no mercado. Em 30 dias atuando no Evangélico, o robô participou de pelo menos 20 cirurgias.
Com um custo mais elevado, o fato de a cirurgia robótica ainda não estar incluída no rol de procedimentos da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) isenta os convênios médicos da responsabilidade de custear o procedimento completo, ficando a cargo do paciente parte dos valores. “A gente quer democratizar para que o maior número possível de pacientes tenha acesso a essa tecnologia”, afirma.
O médico ressalta que o Hospital Evangélico de Londrina oferece condições importantes para que as pessoas consigam realizar o procedimento, como o programa Cirurgia Para Todos, que tem o objetivo de facilitar e ampliar o acesso da população a procedimentos cirúrgicos de qualidade e com a segurança que um dos maiores hospitais do Paraná oferece.
O Cirurgia Para Todos visa, principalmente, atender aquelas pessoas que não possuem um plano de saúde suplementar e que muitas vezes estão aguardando na fila de espera do SUS (Sistema Único de Saúde) por uma cirurgia eletiva, sem perspectiva de agendamento.
O programa oferece uma tabela diferenciada e formas de pagamento facilitado, ampliando assim o acesso da população ao procedimento cirúrgico.
Veja o vídeo com a entrevista de Brandina
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