Sabor de infância. Não encontrei outro termo ou expressão para definir a minha sensação quando, ao tomar o café da manhã em Itararé, interior de São Paulo, hospedado na casa de amigos, deparei-me com uma fornada fresquinha de biscoito de polvilho. Que delícia! Que nostalgia! O biscoito não era daqueles que a gente encontra no supermercado, industrializado, pequeno e sequinho. Ao contrário, era natural, grandão, igualzinho aos que a gente encontrava na beira da estrada, antigamente.

A receita é da Vó Maria, mãe da amiga Franciely Midori, que prepara uma fornada sempre aos domingos pela manhã, para vender no Mercadinho do Dir, seu esposo. Parece que, por lá, já é uma tradição degustar o biscoito de polvilho da Vó Maria aos domingos. Com certeza aqui em Londrina deve ter algo do gênero, mas, não faço ideia de onde encontrar. Só sei que, ao me levantar, tinha um café fresquinho com biscoito de polvilho feito na hora. E pude experimentar de todos os jeitos, do tradicional até com manteiga, doce de abóbora e pasta de chocolate com avelã.

Eu não sabia, mas, o polvilho é um derivado da mandioca e, por isso, é rico em carboidrato. Ideal como fonte de energia logo pela manhã. Até porque também contém vitaminas do complexo B, que dão um gás para o dia a dia. Obviamente estamos falando daqueles que são feitos de modo artesanal e orgânico, não dos industrializados, que acabam perdendo seu valor nutricional com os aromatizantes e conservantes. Sem contar que os naturais nos remetem imediatamente a memórias da infância. Quem nunca parou na beira da estrada para comprar panelas, pinhão e biscoito?

Não me atrevo, jamais, a ensinar a receita aqui, porque, de fato, não aprendi. Mas, pesquisando pela internet, parece que é mais ou menos simples. Entre os ingredientes, estão o polvilho azedo, água fervente, óleo, ovos e sal a gosto. A quantidade depende, claro, do tanto que será feito. No forno, a temperatura média de 180° C, o biscoito deve ficar durante uns 25 minutos. No caso da Vó Maria, que já assa pão francês diariamente, fica mais prático, porque ela já tem um forno industrial próprio para isso.

Eu não vou contar o que me contaram porque senão vai parecer fofoca, mas, disseram-me que domingo, alguns parentes vão visitar a Vó Maria de manhãzinha só para poderem degustar o biscoito de polvilho feito por ela. Ah, se Itararé fosse mais perto, eu não teria dúvidas e faria igual. Que os meus amigos comprem o jornal e leiam essa coluna: da próxima vez que forem a Itararé, levem-junto. Quem sabe eu não volto com mais ideias para escrever?