| |

Marcos Rambalducci - Economia Nossa de Cada Dia 5m de leitura

Retornando ao assunto do teto de gastos do governo

ATUALIZAÇÃO
16 de agosto de 2020

Marcos Rambalducci
AUTOR

Tentar ensinar economia para adultos já é difícil o bastante, dado que é um tanto raro encontrar adultos que tenham genuíno interesse ou aptidão para o assunto. No máximo, há adultos com inclinações partidárias e ideológicas, mas não com genuíno interesse pela ciência econômica. (Leonard Read)

Não tem mágica ...

O governo, por mais estranho que possa parecer, não é uma entidade que veio de Marte com um baú repleto de recursos que só não o aplica para o bem da sociedade porque é mau e de coração peludo.

... a conta é paga por nós.

Para qualquer centavo gasto pelo governo, ele primeiro tem de retirar esse dinheiro da economia. O governo pode fazê-lo fundamentalmente de três formas: por meio de impostos, por meio da senhoriagem e por meio de endividamento.

Seja com impostos...

A elevação de tributos foi utilizada amplamente no Brasil durante as últimas décadas, onde saltamos de 24% em 1990 para 35,7% em 2020 e não há espaço para qualquer outro aumento.

... com inflação...

A senhoriagem é a receita do governo pela emissão de moeda. À despeito de vários economistas pregarem que não, essa emissão de moeda sem que haja a contrapartida proporcional no aumento da produção, é inflacionária, o que em última instância, significa tirar poder de compra das pessoas, transferindo receita para o governo.

... ou com juros altos.

O governo também pode aumentar seu endividamento tomando dinheiro do setor privado. Além de significar que o dinheiro que poderia ir para a produção agora irá para cobrir as despesas do governo, leva a um aumento dos juros. Dois movimentos prejudiciais para a economia.

O problema reside ...

O governo tirar dinheiro da economia não é um mal em si mesmo. Caso ele conseguisse aplicá-lo de forma tão ou mais eficiente que os agentes privados não só não haveria problema como seria desejável.

... na ineficiência dos gastos.

Acontece que não é assim, especialmente no Brasil. Segundo relatório do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), a ineficiência dos gastos públicos no Brasil representaria um prejuízo de até US$ 68 bilhões por ano, ou o equivalente a 3,9 por cento do PIB do país.

Há muito espaço para melhorar ...

Isso significa que há amplo espaço para a melhorar os serviços oferecidos à população sem implicar em aumento dos gastos públicos.

... e uma reforma ajuda.

A reforma Administrativa, que entrou em pauta em 2019, tem como objetivo modernizar a administração pública, tornando-a mais rápida e eficiente.

Mas enquanto isso...

Enquanto aguardamos, precisamos defender o teto de gastos pois é um mecanismo que impedirá que a sociedade seja ainda mais espoliada e escancarará essa ineficiência que não será vencida elevando-se ainda mais os gastos públicos.

... devagar com o andor.

É obvio que responsabilidade fiscal e por consequência o controle de gastos, não é condição suficiente para o desenvolvimento, mas é condição necessária para tal. Não alcançar este entendimento é, de fato, um problema.

A unanimidade é burra...

O debate é sempre bem-vindo, mas ele se faz com argumentos que refutem uma lógica e não com palavras de ordem como que gritadas em cima de palanque.

... mas o que me preocupa mesmo

... não é o brado dos maus, é a ingenuidade dos bem intencionados.

PUBLICAÇÕES RELACIONADAS