Um envelope de massa recheado com carne moída, queijo ou frango. De forma bem simplista, essa pode ser uma definição popular do pastel. Historicamente, entretanto, é uma adaptação feita por imigrantes japoneses, que se instalaram em São Paulo no início da década de 1940, dos tradicionais rolinhos-primavera e guiozas, típicos da culinária oriental. E, como tudo no Brasil, por aqui sofreu alterações ao longo do tempo, transformando-se num alimento característico da cultura tupiniquim.

Do outro lado do mundo, todavia, nossos antepassados portugueses também são experts em produzir pastéis. Entretanto, o deles é bem diferente do nosso. Lá os mais famosos são os de nata, os de chaves e os de Santa Clara. No topo está o de Belém, um bairro lisboeta para onde migram turistas do mundo todo em busca da iguaria. Por aqui, o pastel é quase sinônimo de feira. Junto dele, uma vitamina de abacate com banana ou – pasmem! – um delicioso caldo de cana (aliás, até deu água na boca ao escrever essas palavras em conjunto!).

Eu não sabia que essa combinação era tão gostosa. Ou melhor, nem imaginava ser possível. Até que experimentei, com uns amigos, ao conhecer o Pastel do Careca, ali na entrada de Cambé, perto das Balanças Açores. Minha referência sempre foi o pastel com vitamina, famoso em Londrina na Rua Sergipe. Se, por um lado, os sabores mais comuns são o de carne, o de queijo e o de frango, que já é uma inovação frente aos primeiros pastéis de antigamente, por outro, a criatividade corre solta na hora de rechear a massa frita.

Pastel: delicioso com recheios variados
Pastel: delicioso com recheios variados | Foto: iStock

Pizza, bacalhau, atum, brócolis, sardinha, carne-seca, frango com cheddar, palmito, milho, ricota e shimeji estão entre as variações possíveis. Mas, como o brasileiro não tem limites quando o quesito é criatividade, é possível encontrar pastéis de feijoada, estrogonofe, polenta com rabada e, enfim, o que mais você quiser colocar ali dentro. E os doces? Romeu e Julieta (queijo com goiabada), chocolate, doce de banana, bombons dos mais diversos, morango, nutella, leite ninho, maçã caramelizada e muitos outros.

Aqui em casa, de vez em quando, a família vai para a cozinha fritar pastel. Outro dia, no recheio de carne moída que minha irmã fez acrescentei um pouco de catupiry. Noutro dia, por exemplo, fizemos alguns de chocolate: ou com bombom Sonho de Valsa ou com Bis e, até mesmo, com os quadradinhos de alguma barra de chocolate qualquer, branco ou preto. E não tem erro: os pastéis ficam deliciosos. Qual o seu preferido? Porque vou te falar uma coisa: para mim, todos são deliciosos, menos os de vento!