Na última quarta-feira, enquanto preparava o almoço às 9h30 para começar a escrever às 11h, pensei nas mulheres que leem minhas crônicas. Pode parecer esquisito cozinhar mais cedo para escrever mais tarde. Mas enquanto preparo o almoço, penso no tema da crônica e, neste dia, pensei nas mulheres que são minhas leitoras.

Sei que dona Mariana Gonçalves Ribeiro De Cunto, 85 anos, mãe de nossa chefe de redação, a Adriana, saiu do hospital e está acamada. Algumas vezes, me disseram que ela gosta de ler meus textos e fiquei pensando se dona Mariana vai ler o jornal neste fim de semana e, também, se não puder ler por estar em tratamento, que seus filhos e netos poderão ler a crônica para ela. Então, deixo aqui uma mensagem e uma homenagem: "Alô, alô, dona Mariana, sou profundamente grata pela senhora ser minha leitora há tantos anos. Isso é um dos maiores estímulos a quem escreve."

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Não sei exatamente quando comecei a escrever crônicas. Acredito que foi em 2007 que iniciei a coluna, que, no começo, se chamava Ponto Final e depois foi personalizada com meu próprio nome. Nestes 15 anos, escrevi coisas ternas e irritantes, recebi elogios e críticas, arrumei confusão, uma porção de amigos, inimigos e alguns leitores.

Entre as boas lembranças, tem as mensagens de professoras que levaram crônicas a salas de aula para debater com seus alunos. Lembro-me de professoras de Londrina e Cambé, Ivaiporã e Jataizinho, das quais recebi e-mails pedindo a permissão para utilizar os textos de forma didática. "Claro que sim. Fiquem à vontade." Um texto só tem valor quando é lido e discutido. Quando isso se dá com crianças e jovens tem um valor imensurável. É assim que formamos novos leitores e quem escreve não pode pensar só no presente, tem que sonhar com o futuro e com um país totalmente alfabetizado.

Recentemente, num encontro de escritoras londrinenses que participaram de um evento nacional fazendo uma fotografia histórica, fiquei orgulhosa ao encontrar tantas mulheres que escrevem em nossa cidade. Para fazer a foto, elas encheram a escadaria da Biblioteca Municipal num domingo frio e que orgulho senti por estar com elas. Orgulho e gratidão.

Neste dia, encontrei a Camila Mossi, exímia cronista, autora do livro "Agora Sapiens", editora Penalux (2018) e tantos outros escritos. Lembro-me de quando a Camila postou em seu blog uma de minhas crônicas, na qual eu humanizava uma árvore do bairro que foi cortada pela prefeitura e, conforme foi desfolhada, parecia ter braços pedindo socorro como se fosse gente.

Sou grata a quem se lembra de meus textos, sobretudo daqueles em que humanizo as coisas que parecem banais, mas fazem toda a diferença no cotidiano. Como me sensibilizar com o corte de uma árvore ao olhar pela janela ou quando cozinho carne com batatinhas.

Muito obrigada por lerem a crônica.

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A opinião da colunista não reflete, necessariamente, a da Folha de Londrina.

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