Ainda menina ela disse que queria ir viver na África para estudar os bichos, e todos riram, era “coisa de menina”; mas sua mãe disse que ela podia ser o que – e se – quisesse. Mesmo sem ser ainda antropóloga, Jane Goodall foi à Tanzânia para conviver com chimpanzés, levando muito tempo para ser aceita por um grupo e, com suas observações, revolucionar a primatologia. Os doutores duvidaram quando ela informou que chimpanzés usam ferramentas primitivas, como paus e pedras, e tem emoções, coisa que seu cachorrinho tinha lhe ensinado. Então voltou à Tanzânia com um fotógrafo, com quem depois se casaria, e provou o que dizia. Tornou-se símbolo das ciências sem preconceitos e do feminismo sem ferocidade. Hoje aos 87 anos, comanda Roots and Shoots (Raízes e Brotos), programa para educação ambiental de jovens em mais de 60 países.

Em sua autobiografia "O Livro da Esperança", diz que os jovens são uma de suas quatro razões para ter esperança: “Mas não sejam agressivos. Em cada caso, apenas encontrem uma história que atinja o coração das pessoas, pois elas mudam a partir de dentro”.

Imagem ilustrativa da imagem A arte da esperança, segundo Jane Goodall
| Foto: Divulgação

Sua segunda razão para esperançar é simplesmente a ação: “Esperança é uma estrela num fim de túnel” e, para chegar nela, “precisamos escalar, nos arrastar e passar por todos os obstáculos do túnel. Temos de agir! Se você olhar o mundo, se sentirá desesperado, mas pense em fazer algo onde você vive. Fazendo, você vai se sentir bem e, assim, fazer mais e inspirar outros”.

Sua terceira razão para esperança é “o espírito humano indomável, como dos dois amigos chineses, um cego e outro sem braços, que juntos plantaram milhares de árvores”. E cita os exilados como exemplo positivo desse espírito, lembrando que as pessoas se exilam não apenas por rejeitar ou serem rejeitados por seus países, mas principalmente para procurar uma vida melhor e melhorar (como fizeram os tantos imigrantes que se tornaram brasileiros).

Sua quarta razão para crer na esperança é “o poder da mente humana: pois não faz sentido que uma criatura intelectual esteja destruindo sua única casa. Sabedoria é que cabeça e coração trabalhem juntos e tomemos decisões baseadas não em como algo me serve agora, na reunião com os acionistas ou na próxima campanha política, mas sim como minhas ações afetarão as gerações futuras e o planeta”.

Em entrevista a Alejandra Martins na BBC, Jane acrescenta mais um motivo para ter esperança: “A resistência da natureza. Com um pouco de ajuda, a natureza se recupera. Podemos escolher o que fazer, e todos podemos fazer algo pela esperança”.

Ela se considerava amiga do gorila do bando, o que é bem visível nas fotos em que trocam carinhos. Defendeu doutorado sem passar por curso de graduação, daí disseram que devia isso a suas belas pernas, e ela disse que, se devia tanto às pernas, só tinha de agradecer a elas...

Acreditar em Céu é bom porque a gente pode botar lá quem quiser, então acho que Jane vai ficar pertinho de Madame Curie, Eva Parks, Princesa Leopoldina, todas que não aceitaram o mundo como é, passando a construir um novo mundo.

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A opinião do colunista não reflete, necessariamente, a da Folha de Londrina

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