Foz do Iguaçu - Pesquisadores da Unila (Universidade Federal da Integração Latino-Americana) estão selecionando cães diagnosticados com osteoartrite para participarem de um ensaio clínico randomizado que vai avaliar o tratamento com extrato de cannabis. O objetivo do estudo é analisar se as substâncias da planta são capazes de reduzir a inflamação e a dor, além de melhorar a locomoção dos cães portadores da doença, que é bastante comum em animais com idade avançada.

A osteoartrite atinge cerca de 80% dos cães acima dos oito anos. A doença surge como resultado do envelhecimento das articulações e causa dor crônica.

EFEITOS COLATERAIS

De acordo com a médica veterinária e mestranda em Biociências na Unila, Neide Griebeler, os tratamentos disponíveis atualmente não são muito efetivos e causam diversos efeitos colaterais. “Os pacientes normalmente apresentam alterações renais, hepáticas e gástricas, e não conseguimos ter um bom manejo da dor. Então, a cannabis pode ser uma alternativa para trazer mais qualidade de vida e, talvez, até uma regeneração articular”, explicou Griebeler que atualmente trabalha como anestesista veterinária.

Também faz parte do estudo o mestrando em Biociências Ricardo Penayo Cremonese, farmacêutico veterinário que irá analisar o perfil de segurança do Canabidiol (CBD) e do Tetrahidrocanabnil (THC) - substâncias químicas canabinóides que apresentam efeito terapêutico - em cães a longo prazo.

"A cannabis pode ser uma alternativa para trazer mais qualidade de vida e, talvez, até uma regeneração articular”, afirma a médica veterinária Neide Griebeler
"A cannabis pode ser uma alternativa para trazer mais qualidade de vida e, talvez, até uma regeneração articular”, afirma a médica veterinária Neide Griebeler | Foto: Divulgação - Unila

A pesquisa é inédita no Brasil. “Existem diversos estudos em humanos que mostram que os canabinóides possuem efeitos analgésicos e anti-inflamatórios. Nossa ideia, agora, é verificar se esses efeitos podem ser verificados também nos cães”, salientou o professor Francisney Nascimento, coordenador do Laboratório de Cannabis Medicinal e Ciência Psicodélica da instituição.

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LEGISLAÇÃO

Desde 2017, o Laboratório realiza pesquisa clínica sobre atividades farmacológicas da cannabis em doenças neurológicas, reumatológicas e psiquiátricas.

Os resultados do estudo também poderão ajudar a embasar a legislação nacional que, atualmente, tem lacunas sobre o uso veterinário da substância. “No Brasil, temos um grande número de veterinários que prescrevem cannabis para cães, principalmente em casos de epilepsia, dor e agitação. Porém, não existe legislação específica para animais no que se refere à fabricação desses produtos e, muito menos, em relação à prescrição”, disse Ricardo Cremonese.

COMO PARTICIPAR

Pelo menos 24 cães são necessários para dar seguimento ao estudo. Os interessados devem entrar em contato pelo e-mail [email protected] ou pelo whatsapp (45) 99151-9740. Os cachorros podem ser de qualquer raça, pesar até 25 kg e é necessário o diagnóstico comprovado de osteoartrite.

Os tutores devem se comprometer a administrar diariamente a medicação e a levar o paciente para avaliações clínicas e exames bioquímicos mensais. A participação é totalmente gratuita.

A pesquisa - autorizada pelo Ceua (Comitê de Ética e Uso de Animais) - é realizada pelo Laboratório de Cannabis Medicinal e Ciência Psicodélica da Unila, em parceria com o Hospital Veterinário Pop Vet, de Foz do Iguaçu (Oeste), e a Associação Santa Cannabis, de Florianópolis. (Com informações da Unila)

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