Cerca de 90 estudantes puderam celebrar a primeira formatura presencial da UEL (Universidade Estadual de Londrina) desde o início da pandemia de coronavírus, em março de 2020. A colação de grau especial, realizada na manhã desta terça-feira, reuniu formandos dos cursos de educação física, engenharia civil, fisioterapia, medicina, pedagogia e serviço social que necessitaram da antecipação da solenidade por razões profissionais ou de ingresso em concursos e programas de pós-graduação.

Com um número reduzido de convidados e seguindo as medidas sanitárias recomendadas, a cerimônia ocorreu no Anfiteatro Cyro Grossi, no CCB (Centro de Ciências Biológicas), no campus universitário (zona oeste).

A formatura presencial teve um número limitado de convidados por conta das medidas sanitárias
A formatura presencial teve um número limitado de convidados por conta das medidas sanitárias | Foto: Daniel Muniz

SENTIMENTO DE GRATIDÃO

Gabriel Moreno, recém-formado em medicina, celebrou a conquista do diploma e lembrou que alguns estudantes estiveram na linha de frente do combate à Covid-19. “É um sentimento de gratidão por esse momento difícil que passamos. Estando, no auge da pandemia, lá dentro do HU (Hospital Universitário) atendendo pacientes e sofrendo a dor deles”, pontuou. “Mas vencemos esse período mais grave com ajuda da vacina e agora estamos comemorando a nossa formatura com familiares”, acrescentou o jovem que pretende se especializar em medicina da família e comunidade.

DE CABO VERDE

Outra formanda em medicina que ressaltou o papel dos então estudantes no combate à pandemia foi Elody Rodrigues, 27, que veio de Cabo Verde, na costa noroeste da África, para o Brasil em 2013. “Foi um período de esgotamento físico e emocional, pois não estávamos lidando apenas com números da Covid-19 e sim pessoas e seus familiares que foram acometidas pela doença. E nós, que nos formamos agora, tivemos que lidar com isso muito precocemente”, lembrou.

Elody Rodrigues veio de Cabo Verde em 2013 e agora se formou em medicina pela UEL
Elody Rodrigues veio de Cabo Verde em 2013 e agora se formou em medicina pela UEL | Foto: Daniel Muniz

A jovem é uma participante do PEC-G (Programa de Estudantes-Convênio de Graduação), projeto administrado pelos ministérios da Educação e das Relações Exteriores e oferece a oportunidade de ingresso em IES (Instituições de Ensino Superior) brasileiras para estudantes de países em desenvolvimento. “Eu só tenho que agradecer ao SUS (Sistema Único de Saúde), à UEL e às iniciativas científicas das universidades públicas que enfrentaram a pandemia e contribuíram para minha formação profissional, ética e humana como médica”, complementou Rodrigues, que ainda está planejando seus próximos passos como formada.

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ÉTICA NA PROFISSÃO

Leticia Signori se formou em fisioterapia e ficou feliz pela oportunidade de ter uma formatura presencial. “A cerimônia online é importante e cumpre seu propósito, mas é uma emoção maior na colação de grau presencial”, explicou. “É a hora dar o melhor de mim no mercado de trabalho, ser humana, ter ética na profissão e honrar tudo que aprendemos durante os cinco anos na UEL”, projetou Signori.

Os familiares que estiveram presentes na cerimônia se emocionaram com a conclusão de um capítulo. “Tínhamos o receio de não ter o fechamento da formatura depois de seis anos de luta e sacrifício dos estudantes, mas agora o que fica é um sentimento de felicidade e dever cumprido”, disse Carlos Alberto Alves, pai de Isabella Patruceli, formanda em medicina.

DEFESA DA UNIVERSIDADE PÚBLICA

Em discurso aos formandos e convidados, o reitor da universidade, Sérgio Carvalho, parabenizou os novos profissionais, citando os desafios encarados na “maior crise de nossas vidas”, e destacou o papel da universidade nessa pandemia. “Foi uma crise da qual vocês saíram maiores. A UEL, os professores, os técnicos e os nossos estudantes não fugiram do enfrentamento dessa crise”, afirmou.

O reitor da UEL, Sérgio Carvalho, defendeu a universidade pública, inclusiva e igualitária em discurso para os formandos
O reitor da UEL, Sérgio Carvalho, defendeu a universidade pública, inclusiva e igualitária em discurso para os formandos | Foto: Daniel Muniz

“Levem toda formação adquirida para defender a universidade pública, inclusiva e igualitária. Sempre defendam a UEL, porque nem a LGU (Lei Geral das Universidades) nem qualquer outro tipo de cerceamento aos nossos propósitos irão nos rebaixar”, concluiu Carvalho. A LGU, que foi aprovada pela Assembleia Legislativa na semana passada, altera os parâmetros de distribuição de recursos às universidades estaduais e impõe limites no número de docentes com Tide (Tempo Integral e Dedicação Exclusiva).

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