A greve do transporte coletivo em Londrina entrou nesta quarta-feira (2) no segundo dia. Desde a madrugada de terça-feira (1°) os trabalhadores da TCGL (Transportes Coletivos Grande Londrina) e Londrisul estão de braços cruzados. Eles cobram os pagamentos do PPR (Programa de Participação nos Resultados) de 2021 e uma diferença de R$ 300 do vale alimentação.

Algumas pessoas arriscaram ir nos terminais e pontos na expectativa de encontrar ônibus
Algumas pessoas arriscaram ir nos terminais e pontos na expectativa de encontrar ônibus | Foto: Pedro Marconi - Grupo Folha

Diferentemente do Carnaval, quando muitas pessoas não trabalharam, nesta quarta as lojas do comércio e demais atividades voltaram ao expediente normal. Diante do impasse envolvendo o serviço público, os passageiros se veem prejudicados sem os ônibus.

A professora Jaqueline Vieira mora na região da UEL (Universidade Estadual de Londrina) e diariamente pega dois coletivos para chegar ao Terminal do Acapulco, zona sul, onde tem uma carona até o distrito de Paiquerê, onde leciona. Nesta quarta-feira teve que gastar dinheiro com carro por aplicativo. Ela costuma pagar R$ 12 nas corridas, mas gastou R$ 22 antes das 7h. "É complicado, porque gasto um dinheiro a mais, fora do orçamento. Mas é legítima a greve", destacou.

O agricultor aposentado Marinho de Nogueira acordou cedo na esperança de encontrar o ônibus para ir até o centro, mas viu que estava tudo vazio no Terminal Acapulco. "Ia no culto, que já não pude ir na terça pela falta do ônibus. Achei que iriam ter, pelo menos, alguns carros rodando. O jeito é voltar para casa", lamentou.

Trabalhadores amanheceram nas portas das garagens das empresas
Trabalhadores amanheceram nas portas das garagens das empresas | Foto: Pedro Marconi - Grupo Folha

VIVI XAVIER

No Terminal do Vivi Xavier, na zona norte, onde passam todos os dias mais de 20 mil pessoas, as plataformas estavam desertas durante a manhã. O movimento era na calçada, onde várias pessoas aguardavam carros por aplicativo ou pensavam uma maneira de ir trabalhar. “O carro por aplicativo está dando quase R$ 50 para ir até a zona sul. Já avisei que não deverei ir trabalhar, pelo menos de manhã”, comentou o garçom Eduardo Silva.

No caso da auxiliar de serviços gerais Neuci Azevedo, um veículo da empresa iria buscá-la. "Já faz mais de uma hora que estou aguardando. Eles estão pegando vários funcionários. Moro no final do Vivi e tive que vir a pé até a avenida Saul Elkind. Normalmente pego o ônibus para subir até o terminal", relatou. "Não tiro a razão dos motoristas, porque eles precisam do dinheiro. Erradas são as empresas, que deveriam ter mais responsabilidade", criticou.

PONTOS

Nas ruas e avenidas dos bairros, poucas pessoas se arriscaram a ir até os pontos de ônibus. Quem quis “tentar a sorte” mudou de ideia rápido. “Trabalho na avenida Juscelino Kubitschek. Imaginei que algum ônibus poderia sair hoje, porém, isso não aconteceu. Decidi que vou a pé até o serviço, porque não dá para ficar gastando dinheiro”, contou o porteiro Luciano Pereira, que estava na avenida Leste-Oeste.

JUSTIÇA

Por determinação da Justiça, haverá uma audiência conciliatória nesta quarta-feira, a partir das 13h, na 1° Vara do Trabalho de Londrina. O juiz Carlos Augusto Conte convocou representantes das empresas, sindicato, CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização) e Ministério Público do Trabalho.

“Nessa audiência esperamos que o poder público apresente uma proposta e que seja, no mínimo, o que apresentaram no dia 28 de fevereiro (em reunião). Seria uma proposta aceita pelo sindicato para levar para assembleia”, afirmou José Faleiros, presidente do Sinttrol (Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Londrina).

Segundo o líder sindical da categoria, na reunião do final de fevereiro a CMTU teria ofertado adiantar um repasse de cerca de R$ 2 milhões para que o PPR e o vale alimentação fossem quitados. “As empresas não aceitaram, porque querem receber o reequilíbrio econômico-financeiro completo. O judiciário tem forte condição de intermediar uma solução. A categoria já avisou que só volta a hora que receber”, destacou.

Terminais dos bairros e central estão desertos
Terminais dos bairros e central estão desertos | Foto: Pedro Marconi - Grupo Folha

DERROTA

Na terça as concessionárias tiveram derrotas na esfera judicial, com a negativa de interditos proibitórios que tentavam colocar um ponto final na greve. A CMTU informou que notificou a TCGL e a Londrisul para o retorno do serviço de transporte público na cidade, entretanto, os ofícios não tiverem efeitos práticos. Londrina tem mais de 80 mil usuários do transporte coletivo.

A reportagem procurou as empresas nesta quarta-feira, que informaram que vão aguardar a audiência.

Atualizada às 9h54

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