O transporte coletivo em Londrina amanheceu totalmente paralisado nesta terça-feira (1º). Os trabalhadores cruzaram os braços após não receberem das empresas o PPR (Programa de Participação de Resultados) referente a 2021 e nem os R$ 300 do vale alimentação, correspondente a R$ 50 no período de julho a dezembro do ano passado. Os valores deveriam ter sido depositados até o final da segunda-feira (28), no entanto, isso não aconteceu.

Trabalhadores estão em frente às garagens das empresas
Trabalhadores estão em frente às garagens das empresas | Foto: Fotos: Pedro Marconi - Grupo Folha

Desde o final da madrugada, motoristas e demais funcionários estão concentrados nas portas das garagens e prometem seguir com a paralisação até que os pagamentos sejam feitos. Segundo o sindicato que representa a categoria, o ato foi um movimento iniciado pelos próprios trabalhadores e não pela entidade.

“Se fosse pelo sindicato teria que saber com antecedência se o poder público ia repassar ou não o dinheiro para as empresas. Tinha que fazer publicação em jornal da grande circulação chamando a assembleia, comunicar as empresas, prefeitura e população do resultado. Os trabalhadores estão muito descontentes com o que está acontecendo nos últimos dois anos. Total descanso da prefeitura e das empresas”, afirmou José Faleiros, presidente do Sinttrol (Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Londrina).

Faleiros afirmou que a paralisação continua nesta quarta-feira (2). Ele ressaltou que os trabalhadores do transporte coletivo permanecerão parados até que o imbróglio seja resolvido e o pagamento das reivindicações seja feito.

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Na segunda-feira (28), representantes do Sinttrol, TCGL (Transportes Coletivos Grande Londrina), Londrisul e CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanismo) se reuniram na sede da companhia para tentar resolver o impasse. Foram várias horas de negociação, porém, sem um desfecho positivo. As empresas que operam o sistema alegam que não têm recursos suficientes para fazer os pagamentos.

PREFEITURA

Por meio de nota, o município disse que propôs uma alternativa para atender à reivindicação do sindicato na reunião, no entanto, a sugestão não foi aceita pelas concessionárias que operam o sistema. Faleiros relatou que a sugestão do poder público foi de que as empresas pagassem o PPR e ticket alimentação a partir dos recursos recebidos com o custeio autorizado pela lei aprovada em janeiro, que está subsidiando parte da tarifa para que fique em R$ 4.

Terminal central de Londrina vazio nesta manhã de terça-feira
Terminal central de Londrina vazio nesta manhã de terça-feira | Foto: Pedro Marconi - Grupo Folha

O presidente do sindicato ainda lembrou que a TCGL e a Londrisul receberam quase R$ 22 milhões no ano passado da prefeitura, montante que representa as perdas com a diminuição no volume de passageiros em razão da pandemia em 2020. “Receberam esse valor, além dos repasses de custeio de parte da tarifa, e dizem que não têm R$ 1,9 milhão para pagar o PPR e o ticket”, reclamou.

NOTIFICAÇÃO

No texto enviado à imprensa, a prefeitura ressaltou “que os salários e o vale refeição da categoria estão em dia, inclusive, com os aumentos concedidos a partir de 1º de janeiro de 2022 (9% no salário, além do acréscimo de R$ 75 no ticket)”. Também informou que a “CMTU está notificando as empresas, tendo em vista a essencialidade do transporte público coletivo, para que a operação do serviço seja retomada, visando não afetar os trabalhadores e a população que dependem deste meio de transporte.”

O QUE DIZEM AS EMPRESAS

Questionada pela reportagem sobre a paralisação, a assessoria da TCGL enviou um documento em que dá a entender que está aguardando o reequilíbrio econômico-financeiro do ano passado. No ofício, encaminhado ao município e ao sindicato em fevereiro, a empresa pergunta o cronograma para pagamento das perdas ao longo de 2021. A FOLHA aguarda o retorno do advogado da Londrisul. (Colaboraram Simoni Saris e Vítor Ogawa)

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