Imagem ilustrativa da imagem Toledo terá estudo da vacina da Pfizer em população acima de 12 anos
| Foto: Divulgação/Prefeitura de Toledo

Dentro de aproximadamente um mês, pesquisadores darão início a um estudo observacional de vacinação na cidade de Toledo (Oeste). O público-alvo é formado por pacientes acima de 12 anos que apresentarem sintomas respiratórios e buscarem os serviços públicos de saúde no município, independente do status vacinal.

Os pacientes serão convidados a participar e serão divididos em dois grupos: os positivados com Covid-19 e aqueles que tiveram testes negativos, mas apresentam sintomas (grupo controle). O objetivo é avaliar a efetividade do imunizante ComiRNAty, que já mostrou eficácia contra a Covid-19 em estudos anteriores, mas que agora será avaliado em um cenário de vida real. Serão analisados os impactos da vacina em prevenção de casos sintomáticos, reinfecção, internações, mortes, efeitos adversos, além de Long Covid (síndrome pós-Covid ou Covid longa)) e consequências em longo prazo atribuídas ao coronavírus.

“Essa avaliação de mundo real é importante porque traz dados sobre a efetividade e segurança, e nos permite atingir três grandes objetivos, que é a avaliação da reprodutibilidade dos resultados que foram validados nos ensaios clínicos; a oportunidade de fazer um segmento de longo prazo dos participantes, já que a maioria dos ensaios clínicos das vacinas aprovadas tem um curto segmento, e avaliação de questões que as pesquisas ainda não têm respostas”, explica o pesquisador Regis Goulart Rosa, do Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre (RS).

SINTOMAS NÃO COVID

Neste terceiro e último objetivo, o pesquisador destaca questionamentos como o impacto da vacina para Covid-19 na ocorrência de sintomas não Covid, como cansaço, fadiga, dificuldade de concentração, alterações no sono, ou seja, tudo que possa impactar na qualidade de vida, além da duração conferida pelas doses recomendadas hoje no PNI (Programa Nacional de Imunização). “O estudo nos propicia avaliar essas questões e gera uma grande possibilidade de aplicar esses dados no contexto de todo o País. Acredito que os resultados serão úteis para embasar políticas públicas”, pontua.

O estudo observacional é conduzido em conjunto pelo PNI, o Hospital Moinhos de Vento, a UFPR (Universidade Federal do Paraná), a Secretaria de Saúde de Toledo e a Pfizer. A iniciativa será a primeira e única nesses moldes a ser realizada com a colaboração da farmacêutica em países em desenvolvimento.

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PRIMEIROS RESULTADOS

De acordo com os pesquisadores, a expectativa é recrutar cerca de 4.500 participantes, sendo 1.500 com o diagnóstico de Covid e outros três mil no grupo controle. “No momento de recrutarmos, já teremos condições de responder à questão sobre a efetividade da vacina da Pfizer em reduzir casos sintomáticos de Covid na cidade de Toledo. Estimamos que isso ocorra entre seis e nove meses, após o recrutamento de todos os participantes”, diz Rosa.

Passada essa primeira análise, os pacientes que tiveram o diagnóstico positivo para a doença serão acompanhados durante um ano. Sendo assim, os resultados finais são esperados dentro de 18 meses após o início do estudo.

A diretora do campus Toledo da UFPR, Cristina de Oliveira Rodrigues, esclarece que a pesquisa não fará intervenção nos participantes e seguirá todos os protocolos sanitários estabelecidos pelo município. “A UFPR fará a análise genômica do vírus de todos os casos que tiveram resultados positivos para Covid. Isso significa que poderemos dar respostas rápidas para o estudo sobre quais variantes estão circulando pois se trata de vírus que muta com facilidade”, explica.

COBERTURA VACINAL

Até terça-feira (5), a secretaria de Saúde de Toledo havia registrado uma cobertura vacinal de 98,23% de toda população acima de 12 anos, com D1 (primeira dose). O município possui pouco mais de 142 mil habitantes. De acordo com a secretária da pasta, Gabriela Kucharski, a cobertura de segunda dose está em 56%. “Do total de doses aplicadas, cerca de 50% foram com o imunizante da Pfizer”, completou.

No município, os adolescentes de 12 a 17 anos começaram a ser vacinados no dia 26 de agosto e, até o momento, a cobertura vacinal deste público está em 91,71% com D1 (cerca de 11.438 doses aplicadas). O intervalo entre as doses da vacina Cominarty é de 12 semanas.

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| Foto: Gustavo Carneiro/Grupo Folha

Kucharski afirma que os resultados já são notórios com a imunização desse público. “Tivemos uma queda de 49% no número de novos casos na faixa etária de 10 a 19 anos, na primeira semana epidemiológica de setembro. Os últimos dados mostram que a média móvel de novos casos está em 22 registros diários, enquanto que em semanas anteriores esse volume estava em 190”, diz.

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VIGILÂNCIA RIGOROSA

A líder médica da área de vacinas da Pfizer Brasil, Julia Spinardi, comenta que o Brasil tem hoje 16% da população entre 12 e 15 anos sendo vacinada, e reforça que o laboratório tem um programa rigoroso de farmacovigilância. “Até o momento, não tivemos sinalização que apontasse para um não benefício da vacinação sobre o perfil de segurança desse produto e sobre mantermos a vacinação das diferentes populações”, afirma.

Ainda de acordo com Spinardi, a escolha da cidade para o estudo observacional se deve a critérios como região geográfica favorável, epidemiologia demonstrando estabilidade do número de casos e circulação de variantes, estrutura física para realizar a vacinação e capacidade do sistema de vigilância estabelecido na cidade.

“Além disso, o potencial de estimular a parceria científica local também foi levado em consideração, o que foi possível por meio da colaboração da UFPR, que será responsável pela realização da análise genômica das amostras positivas coletadas ao longo do projeto”, explica.

O estudo foi divulgado nesta quarta-feira (6), em entrevista coletiva organizada pela UFPR, com a participação do prefeito de Toledo, Luis Adalberto Beto Lunitti Pagnussatt.

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