As empresas que projetavam se instalar na Cidade Industrial de Londrina em 2022 terão que esperar e não deverá ser pouco tempo. A prefeitura rompeu de forma unilateral o contrato com a empresa responsável pela obra, que estava sendo levantada no final da avenida Saul Elkind, na zona norte. Na decisão, oficializada no final da semana passada, o município ainda multou a construtora, que tem sede em Curitiba, em quase R$ 800 mil.

Imagem ilustrativa da imagem Prefeitura rompe contrato com responsável pela Cidade Industrial de Londrina
| Foto: Micaela Orikasa - Grupo Folha - 03-08-2021

Nos últimos meses foram instaurados dois processos administrativos de penalidade e um outro de fiscalização de contrato. Entre os argumentos sustentados pelo município para colocar um ponto final no vínculo com a empresa estão o atraso na execução do cronograma da obra, equipamentos insuficientes e danificados e subcontratação de serviços sem anuência prévia.

Segundo o secretário municipal de Obras e Pavimentação, João Verçosa, foram feitas várias solicitações à empreiteira, entretanto, sem sucesso. “A constatação não é de agora. Pedimos para a empresa imprimir um ritmo compatível com o porte da obra e ela nunca tomou providências. Usou muitos equipamentos usados, que quebravam toda a hora. Era um maquinário muito velho. Tinha pouca gente trabalhando e em determinado momento vimos que as pessoas eram terceirizadas. Até o engenheiro responsável estava registrado por outra empresa”, elencou.

A ordem de serviço autorizando a construção de toda a infraestrutura foi assinada em novembro do ano passado, com previsão de entrega em 18 meses, ou seja, maio de 2022. Na última medição feita por técnicos da prefeitura, no final de novembro, os trabalhos estavam somente 4,85% executados. Em maio o governador Ratinho Junior visitou o canteiro de obras. Na época, uma cerimônia foi realizada no lugar para destacar os serviços e anunciar recursos e benfeitorias para o município.

A Cidade Industrial conta com recursos do governo estadual. O valor total do contrato é de quase R$ 24 milhões e a empresa recebeu apenas R$ 1,1 milhão, montante referente ao que executou. “A construtora tinha experiência, acervo técnico, máquinas boas, mas não cumpriu com o esperado. Não era isso que a administração queria”, apontou Verçosa.

A prefeitura tem a possibilidade de convidar as outras empreiteiras que participaram da licitação para assumir o restante, entretanto, vê a possibilidade como remota. A construtora teria que aceitar pelo mesmo valor e condições da anterior, em um edital lançado há quase dois anos e num contexto em que houve correção inflacionária na construção civil.

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NOVA LICITAÇÃO

Por isso, o município já se programa para lançar um novo certame. “Somos obrigados a recalcular o processo, porque se utilizamos um preço de quase dois anos atrás não terão interessados. Vamos correr para fazer a licitação acontecer e vamos tomar cuidado na análise de propostas para que não tenhamos mais problemas com a participação de empresas sem capacidade técnica devida”, garantiu o secretário de Obras.

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| Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

O empreendimento fica numa área de 47 alqueires e com capacidade para 90 lotes, que terão de dois a seis mil metros quadrados cada. O projeto inclui espaços verdes e fundos de vale preservados. Serão mais de 82.500 metros quadrados apenas em pavimentação. De acordo com dados divulgados pelo Codel (Instituto de Desenvolvimento de Londrina), mais de 120 indústrias manifestaram interesse de se instalar na Cidade Industrial.

OUTRO LADO

A reportagem não conseguiu contato com representantes da Construtora e Incorporadora Squadro. No processo de penalidade, em que a FOLHA teve acesso, a empresa alegou em sua defesa que os projetos da obra foram entregues de maneira fracionada e faltando informações. A empreiteira ainda disse que a “suposta subcontratação” foi, na verdade, uma empresa “pertencente aos mesmos sócios, administradores e responsáveis técnicos da contratada.”

A Squadro pode recorrer da deliberação da prefeitura, tendo cinco dias úteis para se manifestar a partir do recebimento do parecer administrativo.

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