Tamires Gonçalves gastou alguns minutos para assinar as várias folhas do documento, mas o tempo não se compara com o período que teve de esperar para ter um lugar para chamar de seu. “É um cantinho para os meus filhos. Melhor que para mim será para eles”, comemorou a mãe do Gabriel, 13, do Pedro, 7, e do Octaviano, 1. A babá foi uma das cerca de 200 famílias contempladas com lotes urbanizados no residencial Jequitibá, na zona norte de Londrina.

A babá Tamires Gonçalves vai receber a ajuda da igreja e de parentes para levantar a casa no terreno que foi contemplada
A babá Tamires Gonçalves vai receber a ajuda da igreja e de parentes para levantar a casa no terreno que foi contemplada | Foto: Pedro Marconi - Grupo Folha

Nesta segunda-feira (27) elas assinaram o termo de posse dos terrenos, que ficam perto do jardim São Jorge, durante evento no Cepas (Centro de Esperança e Amor Social). No caso de Gonçalves, ela vive no assentamento Aparecidinha há cerca de um ano, desde que perdeu o emprego a meio à crise provocada pela pandemia da Covid-19. “Não tinha dinheiro para pagar aluguel e fui para o assentamento. Mas é difícil lá, uma casa pegou fogo no fim de semana (por conta das ligações irregulares) e a gente fica com medo. É um presente de Natal que estou ganhando”, resumiu.

As pessoas selecionadas pelo projeto da prefeitura moram na região do São Jorge, residencial Horizonte e do Aparecidinha, como a dona de casa Alane dos Santos Cruz. “Ter um terreno vai ser melhor do que morar na favela, para onde me mudei há cerca de um ano por questão financeira. Estou muito feliz e vou viver no residencial com meu marido e a enteada”, afirmou.

O residencial foi construído do zero por aproximadamente R$ 5,2 milhões, em recursos da Cohab-LD (Companhia de Habitação de Londrina). O lugar conta com redes de esgoto e água, asfalto, iluminação pública e acessibilidade. Os lotes estão sendo comercializados com valores entre R$ 25 mil e R$ 30 mil, podendo ser financiados em até 30 anos, com parcelas mensais que variam de R$ 150 a R$ 180 após o período de carência, que é de 12 meses.

CONSTRUÇÃO DA CASA

A construção do imóvel é de responsabilidade das famílias. “A Cohab vai fornecer dez tipologias habitacionais e elas serão adaptadas para cada família, que terá um atendimento exclusivo feito por técnicos da companhia. Passando para a família o termo de posse ela já pode começar a construção da unidade habitacional”, explicou o presidente da companhia, Luiz Cândido de Oliveira.

A auxiliar de produção Maíra Nascimento da Silva e o servente de pedreiro David Antônio aproveitaram a cerimônia de assinatura de posse para já pedir o ligamento de água e luz no terreno que adquiriram. “Ter um lugar para morar vai dar dignidade, em especial para nossos filhos. Será a primeira vez que teremos um terreno próprio. Queremos tentar um financiamento para construir a casa”, projetou o casal, que tem dois filhos, adolescentes de 10 e 12 anos.

Imagem ilustrativa da imagem Famílias comemoram posse de terreno em novo bairro de Londrina
| Foto: Pedro Marconi - Grupo FOLHA

PROJETO-PILOTO

O Jequitibá tem 331 lotes habitacionais no total. Os remanescentes serão ofertados pela Cohab-LD em uma nova fase de seleção, por meio de edital de chamamento. “A prioridade são as famílias em situação de vulnerabilidade social que vivem no entorno do empreendimento. É um loteamento, não regularização fundiária. Este é um projeto-piloto que estamos lançando. Esperamos que atenda aos anseios das famílias e nossos para lançarmos novas fases e projetos”, ressaltou Luiz Cândido de Oliveira.

Londrina tem 12 mil pessoas vivendo em ocupações irregulares

O projeto do residencial Jequitibá é considerado pelo município como mais uma forma de tirar as pessoas que hoje estão instaladas em áreas irregulares e beneficiá-las com moradias legais. Segundo a Cohab-LD (Companhia de Habitação de Londrina), a cidade tem 68 ocupações irregulares, totalizando cerca de 12 mil pessoas. Já a fila da companhia de quem busca a casa própria é de 54 mil pessoas, acarretando num déficit habitacional de 7.500 unidades.

“O que faltou ao logo de todo esse tempo na questão da política habitacional foram alternativas para que as famílias pudessem assumir o controle. Percebemos que se fornecêssemos um pedaço de terra regularizado a família poderia edificar nesse terreno de forma regular”, defendeu Luiz Cândido de Oliveira, presidente da Cohab.

Outra frente de trabalho adotada pela prefeitura é a regularização fundiária somada a obras de infraestrutura, como foi feito nos jardins Shekinah e San Rafael. “Assim como fizemos nesses bairros vamos fazer na Vila Marizia, União da Vitória 5, 6, 2. São áreas onde as pessoas moram em condições muito precárias, onde não tem asfalto, iluminação, água encanada, rede de esgoto”, destacou o prefeito Marcelo Belinati.

Além disso, o poder público municipal está firmando parcerias com a iniciativa privada e os governos estadual e federal, com a construção de unidades por empresas e fornecimento de subsídios e condições facilitadas de pagamento para os interessados.

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