A Prefeitura de Londrina abriu processos administrativos contra a empresa responsável pela reforma das UBS (Unidades Básicas de Saúde) do distrito de Lerroville, na região sul, e do conjunto Vivi Xavier, na zona norte. Segundo a secretaria municipal de Obras e Pavimentação, será dado o direito de ampla defesa, no entanto, a intenção é romper os contratos, que foram firmados no ano passado, diante do atraso no cumprimento do cronograma.

“Estamos dando aditivo de prazo nestas duas obras para fazer o fechamento das contas. A empresa não tem condição de continuar. A empresa vai apresentar esclarecimentos, tentar de alguma forma continuar, mas vemos tecnicamente, pelo parecer elaborado pela secretaria de Obras, que não dá para ela prosseguir”, elencou João Verçosa, titular da pasta. Nos dois casos a prorrogação avalizada foi de dois meses.

A revitalização das unidades se transformou em longa espera para a população. A primeira tentativa no Vivi Xavier foi em 2020, entretanto, a prefeitura desfez o contrato com a construtora no ano seguinte em razão de problemas, ficando cerca de 45% dos serviços previstos para executar. Em novembro do ano passado uma nova empreiteira foi contratada, com perspectiva de finalização em três meses. Em cinco meses a empresa fez apenas 14% dos trabalhos. Os pacientes estão sendo atendidos em um barracão alugado na avenida das Torres.

Longa espera para a população: unidade de Lerroville está fechada há mais de três anos
Longa espera para a população: unidade de Lerroville está fechada há mais de três anos | Foto: Pedro Marconi - Grupo Folha

Em Lerroville a situação é ainda pior. O posto está fechado há mais de três anos para melhorias. A empresa – que era a mesma do Vivi Xavier – teve o acordo desfeito na mesma época da UBS da zona norte e a ordem de serviço para retomada das intervenções também foi assinada em novembro de 2021, com entrega em 150 dias. No entanto, na área rural da cidade apenas 8% dos serviços foram feitos pela construtora anterior e a nova executou somente mais 7%.

INSATISFAÇÃO

Moradores relatam que faz mais de 20 dias que nenhum operário aparece no canteiro de obras no distrito. “Até a capa das telhas que trocaram já estão caindo. Está feio”, lamentou o lavrador Aelson Lopes. “Faz muito tempo que estamos esperando essa reforma, que parece nunca ter fim. Desanima, porque é uma estrutura importante para a comunidade”, destacou a aposentada Maria Aparecida Lopes.

Revitalização do posto de Lerroville era para terminar em abril, porém, somente 7% dos serviços foram executados
Revitalização do posto de Lerroville era para terminar em abril, porém, somente 7% dos serviços foram executados | Foto: Pedro Marconi - Grupo Folha

Enquanto cobram um desfecho, os moradores precisam ir até a entrada de Lerroville, num prédio onde funcionava o salão comunitário. “É um lugar improvisado, não tem todo o conforto de um posto de saúde. Para mim é até mais perto o salão, porém, os moradores estão acostumados com a UBS”, relatou a dona de casa Aparecida Camargo. Para as pessoas idosas a distância é um empecilho a mais para conseguir consultas. “É muito ruim ficar indo em outro lugar. Tem que arrumar logo aqui, que é perto da maioria das casas”, pediu o agricultor aposentado Oscar Vieira Lima.

PROCESSO LICITATÓRIO

Com a opção pelo rompimento, o município terá que licitar a revitalização dos postos de saúde pela terceira vez. “Vamos ter o dissabor de ter que contratar uma nova empresa, mas infelizmente não tem outro caminho para prefeitura. Se continua com a empresa e aumenta prazo acaba tendo que fazer reajuste de preço, correção de contrato e isso não vamos fazer”, destacou o secretário de Obras. Exauridos os atos de rescisão são, pelo menos, mais três meses de processo licitatório para contratar uma nova empreiteira.

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UBS VILA BRASIL

A empresa que tem sede em Mauá da Serra (Centro-Norte) também venceu o certame de revitalização da UBS da Vila Brasil, na área central. A unidade foi reinaugurada em abril e em meio a transtornos para a prefeitura, que teve que assumir o restante da obra diante da lentidão da empreiteira. “São obras pequenas e pequenas empresas acabam participando e se aventuram sem ter condição de assumir o compromisso que assumiram”, analisou João Verçosa.

Pelo caso da Vila Brasil a construtora enfrenta outro processo administrativo. Ela levou as três obras (Vila Brasil, Vivi Xavier e Lerroville) por R$ 750 mil. A reportagem não conseguiu contato com a N. Ferreira dos Santos.

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