A nascente do lago Cabrinha, cartão-postal da zona norte de Londrina, foi revitalizada e entregue oficialmente na manhã desta quinta-feira (17). Foram usadas as chamadas SbN (Soluções Baseadas na Natureza), que constituem medidas inspiradas, apoiadas ou copiadas da natureza, a fim de atender simultaneamente objetivos ambientais, sociais e econômicos.

Trata-se de um projeto pioneiro realizado pela Prefeitura de Londrina em parceria com a organização internacional Iclei – governos locais pela sustentabilidade e Ministério do Meio Ambiente, Proteção da Natureza e Segurança Nuclear da Alemanha, que investiram € 40 mil (cerca de R$ 235 mil). O projeto consiste em um conjunto de ações que tem como objetivo proteger e aflorar as águas da nascente, diminuir o impacto das chuvas fortes no local, melhorar a qualidade da água e do solo, conservar a biodiversidade e promover a qualidade de vida da população.

“Londrina é uma cidade privilegiada com relação aos fundos de vale e nascentes, que somam mais 100. A nascente do Cabrinha estava totalmente deteriorada, devido à ação humana ao longo dos anos. Por isso, fizemos uma ampla revitalização e desassoreamento, devolvendo este espaço para a ocupação das famílias londrinenses", disse o prefeito Marcelo Belinati.

O projeto foi licitado pelo Iclei e a sua execução contou com o acompanhamento de secretaria municipais. “A nascente do Cabrinha tinha problemas antigos, de erosão e assoreamento, e por meio desta parceria foi possível trazer soluções baseadas na natureza que trabalharam com a disposição de pedras, a fim de conter e reduzir a velocidade da água das chuvas, e fazer a utilização de plantas que além de contribuir com a purificação e oxigenação da água, funcionam como barreiras. A ideia do projeto é que ele seja um vitrine para outros que a Prefeitura quer executar”, explicou o presidente do Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina), Tadeu Felismino.

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PEQUENAS PISCINAS

A recuperação da nascente do Cabrinha iniciou em outubro 2021. Foram feitos o rearranjo de rochas basálticas que haviam sido colocadas no Lago Cabrinha pela CMTU; o plantio de vegetação, formando uma barreira de contenção para reduzir a velocidade da água das chuvas; colocação de pedras de modo a formar pequenas piscinas escalonadas, sendo a primeira mais profundas que as seguintes, para evitar problemas como possíveis inundações e deslizamentos de terra, além de possibilitar o controle da poluição difusa.

“Nos deparamos com um talude com erosão, muita pedra tampando as nascentes e nada de vegetação. O ambiente estava muito seco, rígido, sem aproveitamento. Fizemos um estudo para ver o melhor meio para recuperar o local, utilizando as SbN, por isso não fizemos uso de concreto aqui, detalhou Riciane Pombo, proprietária da empresa Guajava Arquitetura da Paisagem e Urbanismo, que desenvolveu o projeto.

"Usamos pedras da região, formando barreiras e abrindo pequenas bacias onde a água pode penetrar e surgir do lençol freático. A reorganização destas pedras ajuda a diminuir a velocidade da água das chuvas e isso é importante para que esta água não chegue com muita velocidade para o lago e também a reter o lixo antes dele chegar no lago”, acrescentou Pombo.

VEGETAÇÃO NATIVA

Outro trabalho envolveu a recuperação da vegetação. “Plantamos vegetação nativa da região, que ajuda a tratar a água, como vedélia, inhame, papiro brasileiro, íris e biri. São plantas que resistem ao fundo de vale e ao mesmo tempo colaboram na retenção do talude. Por isso, pedimos para que a população na arranque as plantas, por mais bonitas que elas sejam, pois elas têm um papel muito importante na natureza”, enfatizou.

PROCESSO SELETIVO

A Região Metropolitana de Londrina faz parte da iniciativa do Interact-Bio do IcleiI América do Sul desde 2017. O objetivo da organização internacional é apoiar os governos locais para o correto aproveitamento da natureza em prol da conservação da biodiversidade e dos ecossistemas e da sustentabilidade ambiental e econômica. No Brasil, além de Londrina, participam as regiões metropolitanas de Campinas e de Belo Horizonte.

O secretário-executivo adjunto do Iclei para a América do Sul, Rodrigo Corradi, lembrou que Londrina participou de um processo seletivo com mais de 20 regiões metropolitanas no Brasil. “O objetivo do edital era selecionar regiões metropolitanas que tivessem não somente o interesse em soluções baseadas na natureza, mas que tivessem potencial para que uma atividade exemplo pudesse ser replicada."

Corradi informou que o projeto Interact-Bio, apoiado pelo governo alemão, além do Brasil atua na Índia e Tanzânia e agora será expendido para a Colômbia. Segundo ele, as experiências que foram executas nas regiões metropolitanas de Londrina, Campinas e Belo Horizonte serão replicadas na Colômbia.

OUTRAS AÇÕES NO CABRINHA

Em 2020, a Prefeitura de Londrina fez o desassoreamento do lago, renovou a pista de caminhada, inseriu iluminação em LED, parquinhos, bancos e outros equipamentos. Além disso, em 2021, inseriu o letreiro “Eu Amo Londrina”, reconhecendo o local como um grande ponto turístico de Londrina, em especial da região norte, a maior do município. (Com informações do N.Com)

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