Arapongas - O primeiro dia com flexibilização no uso de máscaras em Arapongas (Região Metropolitana de Londrina) foi de opiniões divergentes e cenas antagônicas. Na principal avenida comercial da cidade muitas pessoas optaram por já deixar o acessório guardado no bolso ou em casa, enquanto que outras preferiram seguir usando a proteção, que se tornou símbolo da pandemia da Covid-19, que já perdura por praticamente dois anos.

Imagem ilustrativa da imagem Moradores de Arapongas se dividem sobre flexibilização de máscara
| Foto: Pedro Marconi - Grupo Folha

Pensionista do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), Valdeci Neves Fermino destacou que tomou as três doses da vacina contra o coronavírus e vê na máscara uma forma a mais de segurança para a saúde dela e da família. "Eu vou continuar usando máscara, pelo menos, mais uns dois, três meses. Tenho 69 anos e não quero pegar essa doença, então, não tenho motivo para correr risco", sustentou. "Mesmo antes de desobrigar a máscara tinha muita gente que já não usava, que estava relaxada", relatou.

A opinião é compartilhada pelo motorista aposentado Gelson Mariano da Silva. Mesmo sentido falta de ar com a máscara, por conta de problemas de saúde, ele considera que o acessório ainda é indispensável, principalmente em locais fechados. "Uso óculos e embaça tudo, mas não deixo de usar a máscara. Sou a favor de manter a obrigatoriedade, até porque a pandemia não acabou e o vírus continua circulando", avaliou.

Quem pensa diferente acredita que chegou o momento de encarar um "novo normal" e conviver com a pandemia com menos restrições. "O vírus não vai desaparecer tão cedo. Se temos um número grande de vacinados, temos uma proteção e precisamos seguir a vida", disse a vendedora Denise Rocha. "Se outras cidades do Brasil estão liberando é porque está na hora. Ninguém ia tirar a máscara à toa ou por irresponsabilidade depois de tanto tempo de pandemia", afirmou o autônomo Marciano Barbosa.

Nos estabelecimentos, a reportagem observou que a maioria dos funcionários e clientes segue utilizando a máscara, mesmo que alguns de forma errada, com o acessório sem cobrir o nariz e a boca por completo. "Particularmente vou seguir usando, principalmente no horário de serviço, quando tenho contato com muita gente ao longo do dia. Mas respeito quem não usar, seja colegas de trabalho ou clientes. Se foi liberado, ninguém está irregular", apontou a gerente de um comércio de roupas.

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BAIXA LETALIDADE

A Prefeitura de Arapongas anunciou no final da tarde de quarta-feira (9) que tornaria facultativo a máscara no município em ambientes abertos e fechados a partir desta quinta (10). O poder público municipal frisou que não terá, por parte da prefeitura, “qualquer tipo de fiscalização ou medida coercitiva contra as pessoas que deixarem de usar máscaras.”

O município ainda justificou a medida pela diminuição nos números de casos nas últimas cinco semanas e a alta taxa de imunização. A cidade tem cerca de 85% da população total vacinada com uma dose, 72% com a segunda e 28% com a terceira. Aproximadamente 40% do público-alvo infantil, de cinco a 11 anos, já recebeu, pelo menos, uma dose do imunizante. Segundo Moacir Paludetto, secretário municipal de Saúde, os índices têm refletido na baixa letalidade.

“Tivemos mais de dez mil casos no município entre janeiro e fevereiro desse ano e 34 óbitos, letalidade de 0,34%, diferente de outros períodos em que chegamos a ter letalidade de mais de 2,5%. O foco agora é ampliar a cobertura vacinal, principalmente na segunda dose, focar nos cuidados e dando autonomia para que os estabelecimentos públicos e privados possam decidir pelo uso de máscara, considerando a baixa transmissão que estamos passando, principalmente da semana passada para essa, quando tivemos uma queda nos números de casos de 50%”, elencou.

Nas escolas, por enquanto, a utilização da proteção continua. “A secretaria municipal de Educação está em discussão para definir a continuidade ou não do uso de máscara. Neste momento de transição, enquanto não há publicação oficial, está mantido o uso de máscara nessa semana (nas escolas)”, explicou.

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| Foto: Roberto Custódio

LEI ESTADUAL

Por meio de nota, a Sesa (Secretaria de Estado da Saúde) alertou que ainda tem uma lei vigente no Paraná que obriga a utilização da máscara no enfrentamento à Covid. “A proposta do governo é revogar a lei e, na sequência, deixar as medidas de regulamentação por parte do Executivo. Qualquer medida ainda vai depender do andamento desta situação”, ressaltou o texto.

A proposta citada pela pasta foi encaminhada pelo Governo do Estado para a Alep (Assembleia Legislativa do Paraná) na quarta-feira. Os deputados deverão votar o projeto até a próxima quarta-feira (16). “O município tem autonomia para decidir com base em dados epidemiológicos, da mesma forma que quando os casos aumentaram tomamos todas as medidas necessárias”, defendeu Paludetto.

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